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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Plantando Dá


   Todos nós queremos ser felizes, ninguém se ergue da cama pela manhã na intenção de ser infeliz, muito pelo contrário, buscamos o bem-estar, a alegria de viver.


   Na antiguidade o filósofo Sócrates afirmava que somos escravos do hábito, ficamos presos aos comportamentos que praticamos repetidamente


   E nós criamos alguns hábitos que impedem a felicidade que buscamos. Nos habituamos a lamentar os mínimos problemas e desafios que a vida nos apresenta, e essa repetição negativa passa a ser nosso comportamento padrão, a nossa marca pessoal e sem perceber nos tornamos pessoas mau humoradas, difíceis de tratar e de conviver.


   Argumentamos que reclamamos para desabafar os problemas, mas se observarmos nosso estado emocional, verificamos que nada mudou, não nos sentimos melhor com isso, e o pior contaminamos o ambiente e as pessoas ao nosso redor com as nossas energias pesadas.


   Divulgar o mal, as nossas queixas é como voltar a revivê-las e voltar a sofrer, como se tirássemos as cascas de uma ferida que dizemos querer ver sarar.


   No Livro Nosso Lar o Benfeitor Clarêncio que atendia André Luiz assim se expressa quando o socorrido começa a lamentar a sua situação de sofrimentos morais, as saudades da esposa, dos filhos e do lar que haviam ficado na Terra. Primeiro ele indaga a André se ele desejava de fato a cura espiritual. A um gesto afirmativo, assim se pronuncia Clarêncio: ‘Aprenda, então, a não falar excessivamente de si mesmo, nem comente a própria dor. Lamentação denota enfermidade de curso laborioso e tratamento difícil. É indispensável criar pensamentos novos e disciplinar os lábios.’


   Cada espírito encarnado encontra-se no melhor local e na melhor situação para enfrentar seus problemas, fomos nós mesmos que com a ajuda dos amigos espirituais escolhemos as provas e expiações que deveríamos passar aqui na Terra para que possamos evoluir.


   Não podemos nos esquecer da infinita misericórdia de Deus que nos proporciona vivenciarmos os períodos de acertos de contas no momento certo, quando estamos realmente preparados, em plenas condições de passarmos pelo que precisamos passar, garantindo, assim, que tenhamos forças para sermos vitoriosos.


   Se entendêssemos o ensinamento de Jesus no ESE cap. V item 18 “Deus não coloca fardos pesados em ombros fracos; o fardo é proporcional às forças”, com certeza evitaríamos muitos dissabores que são provocados pela nossa inconformação e por jogarmos a culpa de nossas dores nos outros, que nada tem com isso.


   Nossos problemas não serão resolvidos com a nossa indignação, com raiva, com reclamações, pelo contrário, isso só faz com que tomem dimensões maiores, aumentando nossas dores.


   Muitas vezes, reagimos aos problemas dizendo que não aguentamos mais a vida, porém, o que não aguentamos mais não é a vida, mas nossa postura diante dela.


   Outro ponto importante é o que diz a questão 459 do LE: “os espíritos influem em nossos pensamentos e atos muito mais do que imaginamos, a tal ponto que, de ordinário, são eles que nos dirigem.”


   Sabendo disso, e também da lei de sintonia em que os iguais atraem-se, ficarmos cultivando pensamentos tristes e queixas, atrairá para perto de nós aqueles que também estão tristes e queixosos, o que aumentará nosso estado de angústia.


   Romper esse hábito depois de instalado em nós é difícil e leva tempo, o melhor é não permitirmos que ele se instale, mas uma vez verificado esse hábito, comecemos a mudança lentamente, analisando se o que vamos dizer é realmente útil, se reclamar vai resolver o problema, senão, melhor calarmos a reclamação e utilizar a terapia anti-queixa.


   A melhor terapia anti-queixa é a resignação e o trabalho.


   É resignado quem não lamenta a sua sorte, não se revolta contra Deus, pois reconhece justiça nas suas aflições, porque entende que se não existem causas atuais para elas, certamente existem causas anteriores. Procura resolver os problemas, sim, mas com serenidade, com fé e confiança de que Deus nunca nos desampara, de que os amigos espirituais estão sempre conosco, nos mostrando o caminho, basta que nos sintonizemos com eles.


   O Dr. Inácio Ferreira médico psiquiatra quando encarnado, após desencarnar continuou sua tarefa no plano espiritual e ao atender pacientes tanto num como noutro plano receitava aos mais queixosos uma terapia eficientíssima que denominava terapia da vassoura, colocava o paciente para trabalhar em prol do próximo. E como ele identificava a eficiência dessa técnica? Visitando os pacientes ao passar certo tempo, perguntava como andava, se os problemas continuavam e a resposta que mais ouvia era a de que os problemas haviam desaparecidos ou tornado-se mínimos frente aos problemas daqueles aos quais os antigos queixosos estavam agora auxiliando. Mãos operosos, mente ocupada!


   O trabalho no bem auxiliando aqueles que necessitam, mesmo que através de pequenos gestos como uma conversa amiga, um conselho, nos leva a perceber que as nossas dores não são nem as únicas, nem as maiores do mundo, que talvez o próximo carregue dores muito mais atrozes sem lamúrias e queixas.
Aliviar a cruz do próximo suaviza o peso da nossa, o bem que fazemos é um bem muito maior a nós mesmos, nos torna menos egoístas e, conseqüentemente, mais felizes. 


   No Livro Nascer e Renascer Emmanuel nos diz: “Bem-aventurados os aflitos – disse Jesus. Os aflitos bem-aventurados, porém, não são simplesmente aqueles que choram e sofrem, deitando críticas e queixumes, e sim aqueles que recebem as tribulações e dores transitórias da vida, por benditas e honrosas oportunidades de servir com o Cristo, agindo com bondade operosa e paciência incansável na vitória do bem.”


   Podemos dividir nossas dores com o ombro amigo do Mestre através da prece, ele certamente não carregará a nossa cruz por nós, mas nos dará serenidade para entendê-la, aliviando o peso mesmo que seja por alguns momentos.


   Agindo dessa maneira, entenderemos que os problemas têm uma causa e uma finalidade, a evolução, e cultivaremos no campo da nossa existência as sementes da alegria de viver, valorizando as pessoas ao nosso redor e cada momento como um momento especial, colheremos otimismo, gratidão, esperança, basta semear, porque plantando dá...


   Para finalizarmos trouxemos uma pequena estorinha:


“Há muito tempo havia um rei que não acreditava na bondade de Deus. Havia, porém, um súdito que em toda situação dizia:
- Meu rei, não desanime, porque tudo que Deus faz é perfeito. Ele não erra.
Um dia foram caçar e uma fera atacou o rei. O súdito conseguiu salvá-lo, mas não pôde evitar que ele perdesse um dedo da mão.
Queixoso, furioso e sem mostrar gratidão por ter sido salvo, o rei disse:
- Deus é bom? Se ele fosse bom eu não teria sido atacado e perdido um dedo.
O servo apenas respondeu:
- Meu rei, apesar de tudo só posso lhe dizer que Deus é bom e que mesmo perdendo o dedo, foi para o seu bem. O que Deus faz é perfeito, ele nunca erra!
Indignado com a resposta, o rei mandou prender o súdito.
Tempos depois saiu o rei para outra caçada e foi capturado por selvagens que faziam sacrifícios humanos.
Já no altar, pronto para o sacrifício, os selvagens percebem que lhe faltava um dedo. Então, soltam-no pois ele não era perfeito e não poderia ser oferecido aos deuses.
Ao voltar para o palácio, o rei mandou soltar o súdito e o recebeu carinhosamente.
- Meu caro, Deus foi realmente bom comigo. Escapei de ser sacrificado justamente por não ter um dedo. Mas tenho uma dúvida: Se Deus é realmente bom, por que permitiu que você, que tanto O defende, fosse preso?
- Meu rei, se eu não estivesse preso, iria com o senhor para a caçada e como não me falta dedo algum teria sido sacrificado. Tudo o que Deus faz é perfeito. Ele nunca erra. Muitas vezes nos queixamos da vida e das coisas ruins que nos acontecem. Esquecemos que tudo tem um propósito.”

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