Neste
capítulo do Evangelho segundo o espiritismo, Jesus nos prescreve a maior de
todas as leis, a lei do amor:
Nos diz no item
1: “Amareis o Senhor vosso Deus de todo o
vossos coração, de toda a vossa alma e de todo o vosso espírito, é o maior e o
primeiro mandamento. E eis o segundo, que é semelhante àquele: Amareis o vosso
próximo como a vós mesmos.”
E
Jesus também nos ensinou como fazer isso, no item 2:
“Fazei
aos homens tudo o que quereis que eles vos façam.”
Ao
longo de nossa evolução como espíritos que fomos criados simples e ignorantes, tínhamos
inicialmente apenas instintos, ao avançarmos na evolução passamos às sensações
e hoje engatinhamos a caminho do amor ensinado pelo Mestre.
Ele,
Jesus, foi a personificação do amor na Terra, veio como homem, igual a todos
nós de carne e osso nos ensinar o que seríamos capazes através do amor. Ele foi
o exemplo daquilo que ensinou.
Não
fazia distinção entre aqueles que o procuravam, atendia a todos que pediam a
sua ajuda, sem julgar a ninguém. Aconselhava, ensinava, guiava sempre
respeitando o nível evolutivo e a capacidade de compreensão de cada um. Não
julgou a mulher adúltera, nem o cego e não indagou as razões das chagas do
leproso, apenas ajudou e seguiu aconselhando que não pecassem mais.
Mas nós ainda não aprendemos esse
amor, ainda estamos muito mais próximos das sensações do que dos verdadeiros
sentimentos. Ao contrário de Jesus, nós julgamos antes de amar.
Conta
a mitologia Grega que havia um homem chamado Procusto. Procusto tinha uma cama
de ferro com as suas medidas exatas. Então, ele costumava capturar pessoas,
amarrá-las na cama de ferro e verificar suas medidas, se a pessoa se encaixasse
perfeitamente, era libertada, se fosse menor que as medidas da cama era
esticada e se fosse maior, podemos concluir o que ele fazia com elas...
Mas por que essa história em meio ao
assunto amar ao próximo? Porque nós ainda agimos como Procusto. Nós medimos as
pessoas ao nosso redor conforme as nossas próprias crenças, valores e princípios
e se elas não se encaixam, nos julgamos incapazes de amá-las dessa forma e
queremos modificá-las.
Nós procuramos fazer com que o outro
seja da forma como julgamos que seria o melhor para eles e para nós. Mas como
poderemos saber qual o melhor caminho para o outro? Cada um tem suas
necessidades evolutivas e não podemos julgar as escolhas alheias.
Fazemos isso dentro da nossa casa,
quando queremos que o esposo, a esposa se encaixe nos nossos sonhos e se isso
não acontece nos desiludimos. Ao invés de procurar compreender, aprender a ver
as virtudes daquele que divide conosco o lar, nós nos fechamos, acreditando que
fomos enganados, iludidos.
Fazemos isso com os nossos filhos,
quando ao invés de guiar, aconselhar, que é o nosso papel como pais, nós
impomos, e queremos nos intrometer nos menores detalhes de suas vidas: a
carreira escolhida que deve ser aquela que julgamos mais apropriada, a nora ou
genro que não nos agrada... E dessa forma afastamos de nós aqueles que amamos.
Nós não sabemos amar, nosso amor,
aquele que afirmamos sentir por nossos entes queridos, ainda é um sentimento
egoísta, de posse, de apego.
Richard Simonneti no Livro Amor
Sempre Amor nos diz que: “Antes de amar o próximo é preciso aprender
a respeitá-lo em seus direitos e necessidades”.
Precisamos aprender a respeitar,
somente respeitando o outro e entendendo suas dificuldades, aprendendo a valorizar
suas virtudes, aprenderemos a desenvolver o amor verdadeiro.
Mas devemos exercitar o amor não
apenas na nossa casa, com a nossa família. Jesus nos ensinou que todos somos
irmãos, todos ovelhas de um único pastor e portanto devemos nos amar uns aos
outros.
Se temos dificuldades de amar
aqueles que conosco dividem a convivência diária, o lar, mais difícil se torna
entre aqueles que nos são estranhos, que não mantém conosco laços consanguíneos.
No ambiente de trabalho compreender as
dificuldades dos colegas, que não pensam da mesma forma que nós, é difícil pois
nosso primeiro impulso é o de julgar suas atitudes.
Quando alguém bate a nossa porta e
nos pede dinheiro, ou o flanelinha que se oferece para cuidar nosso carro,
nosso primeiro impulso é o do julgamento: “Deve querer dinheiro para droga,
para bebida”.
Quando alguém adoece e nós
conhecedores da lei de causa e efeito logo nos pomos a julgar, provavelmente é
porque traz faltas terríveis de vidas passadas, certamente abusava da comida,
do cigarro, ou da droga. Julgamos e não nos dispomos a ajudar. E essa ajuda
pode muitas vezes vir através de uma visita, um telefonema, uma palavra amiga,
uma prece. Nada disso nos custa um centavo, mas o fazemos?
Quando alguém nos bate a porta, necessitando
da nossa ajuda devemos sempre nos perguntar o que faria Jesus, ele faria um
pré-julgamento? Viraria às costas ao necessitado dizendo ‘hoje não tenho nada
não’? Julgaria as causas da doença daquele que se encontra debilitado?
Certamente não.
Madre Tereza de Calcutá nos disse
certa feita: “Se você julga as pessoas não tem tempo para amá-las”.
Hammed no livro As dores da Alma nos
diz que: “A capacidade de amar está presente na alma humana, mas, para que
floresça, exige maturação da consciência, isto é, aprimoramento dos
sentimentos”.
Deus nos criou para o amor, para que
aprendamos a amarmos uns aos outros, nos deus os caminhos para que façamos
isso: o respeito, a solidariedade, a fraternidade, a compreensão, a caridade...
Deu-nos também muitos exemplos vivos
do amor: Francisco Cândido Xavier, Madre Tereza de Calcutá, Gandhi, Jesus... Seguir
seus passos, depende de cada um de nós, da nossa evolução, do nosso
livre-arbítrio, a escolha é nossa,
O
caminho a percorrer para o amor verdadeiro pode ser longo ou curto, mas
inevitável que um dia cheguemos até ele, o tempo vai depender de cada um de
nós. A semente está dentro de nós, basta que tenhamos a paciência e o cuidado
para fazê-la germinar.