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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Nossa Sombra

   "A batalha travada com a sombra, portanto, é contínua e faz-se presente em todos os instantes da existência. Quando se ama, se respeita e se atende aos compromissos, a sombra perde, mas quando se reage, mantendo-se ressentimento, ódio, ciúmes, sentimentos de amargura e de cólera assim como outros do mesmo gênero, a sombra triunfa..." Joanna de Angelis - Psicologia da Gratidão

   Cada um de nós traz no âmago do ser, em lugar que procuramos esconder até de nós mesmos, seu lado obscuro. Ele nos acompanha desde sempre, desde nossas estadas nos mundos primitivos, derivado do nossos instintos, do instinto de preservação, que nos aproxima da animalidade.

   No estágio evolutivo em que nos encontramos ainda estamos muito mais próximos da animalidade do que da angelitude, os instintos ainda predominam sobre nossos sentimentos, que são ainda pequenos resquícios dos verdadeiros sentimentos. Estamos ainda ensaiando-os, longe de vivenciá-los em sua plenitude.

   O mal do mundo em que habitamos, e que tanto nos assusta, existe dentro de cada um de nós, está apenas mais evidente em alguns que não conseguem lidar com ele, menos evidente em outros que já conseguem combatê-lo.

   Nossa luta diária é contra nós mesmos, contra nossa sombra, contra os maus sentimentos, maus hábitos, más tendências que trazemos em nós. Somos hábeis em apontar o mau alheio e experts em procurar esconder o que existe dentro de nós. Falamos tanto na reforma íntima, ela nada mais é do que o combate ao nosso lado sombrio.

   Quando praticamos o bem, o amor, a caridade, o perdão, e tantas outras virtudes estamos vencendo uma das batalhas contra nossa sombra. Mas quando nos deixamos dominar por maus pensamentos, maus sentimentos, pelo ódio, o rancor, a mágoa, o desejo de vingança e tantas outras paixões que ainda trazemos  conosco e que permitimos despertar constantemente de seus esconderijos, então a sombra está vencendo uma batalha.

   Quem vencerá esta guerra? Isso não depende de Deus, nem de Jesus, nem dos nossos Benfeitores Espirituais que fizeram e fazem sua parte, através dos ensinamentos deixados, das inspirações, dos conselhos. Depende de cada um de nós, do que fazemos de nós e das infintas oportunidades que o Pai Misericordioso nos concede e continuará a nos conceder. A decisão é nossa, apenas nossa....

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

A outra face

   "A mensagem do Mestre Nazareno nos leva a admitir que se alguém nos agredir de fora para dentro, vale a pena mostrar os valores morais que já nos exornam o âmago do ser, o que já somos de dentro para fora, o lado melhor, o da tolerância, o da compreensão, o do perdão; a outra face, enfim." Raul Teixeira - Desafio da Vida Familiar

   Sempre me intrigou o ensinamento do Mestre referente ao dar a outra face, compreender a necessidade do perdão para que possamos nos libertar da ligação com o agressor sempre me foi aceitável, mas aceitar que é necessário permitir que o agressor continue a nos agredir sem ao menos nos defendermos me era inexplicável.

   Mas o Mestre, extremamente sábio trazia outro sentido nessas palavras. Não que devêssemos nos permitir que continuassem a nos agredir, nos magoar, nos humilhar em prol do dar a outra face.

   O dar a outra face refere-se sim ao perdão, mas o perdão que liberta-se do outro se este continuar na faixa de agressão em que se encontra. O dar a outra face é não revidar o mal, não agredir, não responder na mesma moeda, mas mostrar ao outro o bem que já existe em nós.

   Bem que nos permite perdoar, mas que nos liberta do mal que não merecemos, que nos permite continuar fazendo o bem mesmo tendo recebido o mal, mas que não nos torna submissos de quem ainda vagueia pelas estradas das paixões inferiores.

   Mostrar a outra face é perdoar, mas não significa manter-se sob o jugo do algoz, é perdoar e seguir seu caminho, mesmo que o outro não siga conosco, que fique ainda na faixa vibratória em que se encontra, mas seguirmos fazendo o bem para que sejamos o exemplo da outra face, do como proceder.

   A outra face do mal é o bem. Perdoar e fazer o bem, mas com energia suficiente para combater o mal, e não ser conivente com ele, não ser cúmplice do mal. Jesus era a bondade encarnada, o perdão encarnado, mas era também enérgico, firme em suas palavras, perdoava, mas advertia. Bendizia, ensinava, guiava, mas permitia que cada um seguisse seu próprio caminho.

   Sigamos o nosso caminho mostrando a outra face a face do exemplo do trabalho no bem, a face da caridade e do amor ao próximo e também do amor a si mesmo.


   "O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons." Martin Luther King


   "Levado o ensino às suas últimas conseqüências, importaria ele em condenar toda repressão, mesmo legal, e deixar livre o campo aos maus, isentando-os de todo e qualquer motivo de temor. Se se lhes não pusesse um freio as agressões, bem depressa todos os bons seriam suas vítimas. O próprio instinto de conservação, que é uma lei da Natureza, obsta a que alguém estenda o pescoço ao assassino. Enunciando, pois, aquela máxima, não pretendeu Jesus interdizer toda defesa, mas condenar a vingança. Dizendo que apresentemos a outra face àquele que nos haja batido numa, disse, sob outra forma, que não se deve pagar o mal com o mal..." ESE Cap. XII item 8

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Ante o Erro

Recebi este belíssimo texto por e-mail do momento espírita, que nos traz sempre mensagens de elevado cunho moral. Compartilho na íntegra:

"O discurso mundano fornece desculpas para quase tudo.
Basta olhar em volta para identificar alguém que se permite bastante coisa.
A depender do modelo que se adota, é fácil esquecer os parâmetros morais.
Há quem justifique o abandono de sagrados deveres com a busca da felicidade.
Acredita que os prazeres constituem oportunidade rara e necessitam ser imediatamente fruídos.
Nessa linha, para viver uma alardeada grande paixão, não hesita em menoscabar o tesouro que representa sua construção familiar.
Outro, no empenho de enriquecer, cede à tentação da desonestidade.
E assim a criatura humana se complica.
De sonho em sonho, de desatino em desatino, ela desce a ladeira moral.
O problema é o que vem depois da fantasia realizada.
Quando as emoções tumultuosas arrefecem, quando a paixão se apaga.
Em geral, o que parece cintilante na imaginação possui outro aspecto na vivência diária
É então que muitas vezes o arrependimento surge com seu gosto amargo.
O que se sacrificou retoma seu natural valor e sua ausência angustia: a família desfeita, as amizades rompidas, a sociedade esgarçada, o bom nome perdido.
Mais grave ainda é a culpa pelo agir equivocado.
Antes de se lançar em atitudes radicais e egoístas, convém pensar nos anos que se lhes seguirão.
Dentro de algum tempo, como se verá esse comportamento?
Outra reflexão interessante é como seria classificada conduta semelhante em um desafeto.
Malgrado todos os sonhos que agitam a alma humana, algumas realidades não podem ser ignoradas.
Uma delas é que não há felicidade sem paz de consciência.
É impossível construir a própria ventura enquanto se semeia a tragédia nos caminhos alheios.
Ninguém fere sem se ferir, em igual medida.
Talvez se logre calar a consciência um tempo.
No tumulto da paixão, quiçá tudo o mais pareça de pouca importância.
Contudo, é inevitável um encontro com a própria realidade íntima.
Cedo ou tarde, ele se produz, para júbilo ou desgraça da criatura.
Para quem se agita muito, costuma demorar um pouco mais.
Mas a vida trata de produzi-lo.
Ela dispõe de altos meios para desencadear salutares reflexões.
Talvez propicie a vivência de uma traição semelhante à praticada.
Ou surja na figura de uma enfermidade que tire todo o sabor das conquistas indignas.
De todo modo, no ocaso da vida, quando as ilusões perdem a força, a consciência se agiganta no imo do ser.
Para evitar amargos arrependimentos, convém pensar hoje nas consequências do que se faz."

 Redação do Momento Espírita.Em 03.02.2012.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Laços

   "Os laços que unem o par que se encontra nas aléias da existência, em nome do interesse afetivo que se instala, vão permitindo que um passe a pensar no outro, a preocupar-se com o outro e agilizar providências para auxiliar o outro, chegando mesmo a envolver-se em lutas e sacrifícios por causa do outro." Desafios da Vida Familiar

   O amor e somente ele tem a capacidade de nos tornar menos egoístas. No momento em que decidimos dividir o lar com alguém, decidimos compartilhar não apenas o lar, mas a nós mesmos. Passamos a nos doar ao outro, pois ele desperta em nós os melhores sentimentos, o que há de melhor em nós.

   Passamos a nos preocuparmos com o outro, com seu bem-estar, com suas dores, suas alegrias, não somos mais apenas nós. Continuamos sendo uno, pessoa, indivíduo, mas agora somos também compartilhados, somos parte de algo maior.

   Não tenho filhos, ainda, mas creio que este sentimento deve ser ainda maior quando recebemos no lar esses espíritos que fisicamente, pois espiritualmente são independentes, são parte de nós.

   A sensação de partilhar torna, como diz meu amigo do blog do velhinho, a nossa vida mais leve. 

   Meu marido Cristian torna minha vida mais leve, seu sorriso enche de luz o meu dia, suas palavras aliviam minhas ansiedades, seu abraço acalma minhas incertezas, seus sonhos e planos preenchem meu horizonte...

   Ter alguém com quem dividir, partilhar nossa jornada, uma mão a segurar a nossa, um abraço forte nos momentos de angústia, um sorriso a partilhar as alegrias, é o que necessitamos para cumprir de forma mais segura nossa senda de progresso... o Criador e sua infinita sabedoria!

   "Deus quis que os seres se unissem, não somente pelos laços carnais, mas também pelos da alma, a fim de que a mútua afeição dos esposos se estenda aos filhos, e para que sejam dois, em vez de um, a amá-los, tratá-los e fazê-los progredir." ESE cap. 22 item 3

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Estou em Tratamento!

   "Todos nós aqui estamos para progredir e crescer e, desta forma, podemos afirmar que nos encontramos, enquanto na condição transitória da encarnação, em pleno tratamento.
Cultivar este pensamento pode nos auxiliar muito, mesmo em nossa relação íntima, afinal, quando você estiver para explodir e precisar de um motivo para resistir, diga a você mesmo: Estou em tratamento!" Roosevelt - Terapia Anti-Queixa

   No último sábado em nossa casa espírita, Recanto de Luz, nosso amigo Luiz Paulo fez uma belíssima exposição sobre como tratarmos a quem se aproxima, nesta ele contou-nos uma estorinha de um apresentador que ao entrevistar uma mulher que vestia-se de preto sem apetrechos, aparência triste, cabisbaixa perguntou-lhe se ela era espírita e a resposta foi afirmativa.

   É esta a visão que a maioria das pessoas que não conhece a doutrina tem dos espíritas, que devem ser extremamente sérios, extremamente sóbrios no modo de vestir-se, e aparentar tristeza como forma de resignação e aceitação submissa dos problemas e dores da vida.

   Confesso que, por não apresentar essas características, não que eu seja uma pessoa extramente extrovertida, não dou, mas sou determinada, enérgica, firme em minhas opiniões, pelas quais luto com unhas e dente. Falta-me, muitas vezes, condescendência e até serenidade... Já ouvi de diversas pessoas (inclusive dentro de meu lar) a frase: 'Nem pareces espíritas'. 

   Mas  voltando a exposição do amigo ele nos falava do engano dessa distorcida visão sobre os espíritas. Eles não são tristes, não são submissos aos problemas (apenas lidam com eles com mais compreensão e aceitação). São pessoas alegres, risonhas, gostam da vida, da alegria, como qualquer pessoa normal.

   Apenas ser espírita nos dá um maior conhecimento da vida espiritual, conhecimento este que vem acompanhado também de maior responsabilidade, pois o conhecimento sem a prática é vão.

   Mas mesmo sendo espíritas e tendo conhecimento, todos nós, sem exceção, estamos na Terra para evoluirmos, porque ainda temos inúmeras imperfeições a serem vencidas, todos nós. E todos temos nossos momentos em que perdemos o controle, em que erramos, em que 'pisamos na bola', pois nossas imperfeições ainda estão ali, dentro de nós, mais escondidas ou mais aparentes, não importa, estão ali.

   Por isso pensei que esta frase de Roosevelt casava bem com o assunto, na verdade, espíritas ou não, estamos todos em tratamento. E quando estamos em tratamento, algumas vezes, temos recaídas, melhoramos e voltamos a ter recaídas, é assim com todos. 

   Mas o pensamento de que estamos em tratamento deve nos servir como freio em nossos momentos de descontrole, se estamos em tratamento precisamos nos tratar, precisamos dos remédios da fé, da paciência, do otimismo, da humildade, da caridade, do amor....

   "Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral, e pelos esforços que faz para domar suas más inclinações". (ESE., XVII, 4)

   Para a frase 'Nem pareces espírita', bem, minha resposta é 'Sou espírita, sim, mas estou em tratamento!"

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Ponte de Ligação

   "A oração não muda as cosias mas nos muda diante das coisas. Nós é que ficamos diferentes diante dos problemas." Roussevelt - Terapia Anti-Queixa

   O hábito da oração deveria ser uma constante em nossas vidas, porém somente nos lembramos dela nos momentos difíceis, a fim de pedir ajuda aos amigos espirituais.

   A prece é nossa linha direta com a espiritualidade, nos conecta aos amigos espirituais que nos auxiliam em nossa senda de progresso. Deve ser remédio a ser ingerido diariamente, mas sem hora marcada.

   Devemos utilizá-la como uma conversa franca e aberta com o criador, sem ritos, sem mitos, apenas uma conversa respeitosa com o Pai, como se conversássemos com o nosso pai da terra. Ele, tal como o outro, nos conhece, nos compreende, conhece nossas fraquezas e dificuldades, mas também nossos pontos fortes. Quando nos dispomos a essa conversa Ele, por meio dos amigos espirituais, nos inspirará qual o melhor caminho, a decisão mais acertada.


  "Há quem conteste a eficácia da prece, com fundamento no princípio de que, conhecendo Deus as nossas necessidades, inútil se torna expor-lhas. E acrescentam os que assim pensam que, achando-se tudo no Universo encadeado por leis eternas, não podem as nossas súplicas mudar os decretos de Deus.
Sem dúvida alguma, há leis naturais e imutáveis que não podem ser ab-rogadas ao capricho de cada um; mas, daí a crer-se que todas as circunstâncias da vida estão submetidas à fatalidade, vai grande distância. Se assim fosse, nada mais seria o homem do que instrumento passivo, sem livre-arbítrio e sem iniciativa. Nessa hipótese, só lhe caberia curvar a cabeça ao jugo dos acontecimentos, sem cogitar de evitá-los; não devera ter procurado desviar o raio. Deus não lhe outorgou a razão e a inteligência, para que ele as deixasse sem serventia; a vontade, para não querer; a atividade, para ficar inativo. Sendo livre o homem de agir num sentido ou noutro, seus atos lhe acarretam, e aos demais, conseqüências subordinadas ao que ele faz ou não. Há, pois, devidos à sua iniciativa, sucessos que forçosamente escapam à fatalidade e que não quebram a harmonia das leis universais, do mesmo modo que o avanço ou o atraso do ponteiro de um relógio não anula a lei do movimento sobre a qual se funda o mecanismo. Possível é, portanto, que Deus aceda a certos pedidos, sem perturbar a imutabilidade das leis que regem o conjunto, subordinada sempre essa anuência à sua vontade."(ESE cap. XXVII item 6)


   Precisamos manter nossa sintonia, nosso elo de ligação com aqueles que nos querem bem, que nos protegem, a prece é o melhor meio de acalmar nossos corações. Os problemas, se nos forem necessários, podem não desaparecer nem se modificar, mas a nossa postura frente a eles se modificará certamente, pois nos sentiremos fortalecidos, amparados, confiantes e os veremos bem menores do que pareciam, e a solução aparecerá.

   A prece acompanhada do culto do evangelho no lar nos fortalece e protege a nós e aos nossos entes queridos que conosco compartilham o lar.

   "No mínimo, a prece nos pacifica para que encontremos, por nós mesmos, a saída para a dificuldade que estejamos enfrentando..." (Chico Xavier)