Nova postagem no blog próximo sábado

sábado, 24 de agosto de 2013

Quando entrar Setembro...

   "O perdão não é um evento, é um processo. Em outras palavras, poderíamos dizer que perdoar não é um ato que se realiza de um minuto para o outro, mas uma atitude que gradualmente impregna o ser e ocorre no tempo certo, próprio de cada um." Suely Schubert - Transtornos Mentais.

   Abordarmos o tema perdão é tão difícil quanto a prática do mesmo, mas a frase citada de Suely Schubert no traz a reflexão sobre a diferença entre perdoarmos e desculparmos.

   Muitas são as vezes em que agimos mal com o nosso próximo, principalmente dentro do nosso lar e solicitamos desculpas sinceras, reconhecendo o nosso erro e a recíproca é verdadeira, tantas vezes o outro reconhecendo o erro nos solicita sinceras desculpas.

   Desculpamos, procuramos deixar pra lá o acontecido, porém no primeira discussão surgida entre as partes vem logo a tona o fato passado que nos magoou e nos feriu e o atiramos ao rosto do nosso afeto naquele momento de raiva, de destempero.

   Desculpamos, mas não perdoamos. Somos peritos na arte de desculpar de deixar pra lá o ocorrido e tocar em frente, mas não resolvemos aquela situação em nosso íntimo. Muitas vezes desculpamos o outro para que o clima entre nós volte à 'normalidade', porque já estamos cansados de ficar de cara feia, mas não dialogamos a respeito do ocorrido. Por algum motivo, seja para não criar mais atrito ou por qualquer outra razão, deixamos de expor ao outro quais os nossos sentimentos frente aquele ato que nos machucou.

   E então desculpamos, mas não perdoamos, porque aquela dor, aquela ferida ainda está aberta em nosso peito, ainda sangra e por vezes nos pegamos a cutucá-la remoendo o acontecido, quando o outro até mesmo já o esqueceu. Mas nós não esquecemos.

   Aquela palavra mal empregada em momento inadequado, aquela atitude imprópria, aquele grito num momento de raiva ainda ecoa em nossa mente, não perdoamos. 

   Não perdoamos exatamente porque como nos diz Schubert, o perdão não é um evento é um processo. Ele não ocorre simplesmente porque queremos perdoar, porque queremos passar uma borracha no assunto e tocar em frente. Ele é um processo, e como qualquer processo requer tempo, requer que nos demos um tempo para digerir a situação, para compreender as razões do outro. E neste momento quão importante seria o diálogo, o poder expor ao outro o nosso sentimento, com tranquilidade, procurando nos fazer compreendido, mas muitas vezes o outro não está aberto a isso. E então o processo se torna mais lento.

   Mas é um processo necessário, ao qual precisamos estar dispostos e abertos porque as mágoas causam profundos abalos em nós quando acumuladas por longo período de tempo. São as causadoras de inúmeras doenças graves e que por vezes nos tiram a vida antes do tempo. 

   Não cultivemos dores, não reguemos nossas mágoas, não alimentemos nossos ressentimentos, procuremos trabalhar essas dores dentro de nós através da compreensão de que todos somos imperfeitos, todos temos nosso tempo, todos cometemos sérios erros. Estamos a caminho da evolução, mas ainda muito distantes do objetivo final...

   O outro tem o sem tempo, eu tenho o meu e você tem o seu... procuremos compreender isso e o processo tornar-se-á mais fácil e menos doloroso. Fácil? Ninguém disse que seria... Mas se como Chico e tantos outros espíritos iluminados que passaram por nosso Planeta, já soubéssemos exercitar o amor, não necessitaríamos pedir perdão ou perdoar, porque aquele que verdadeiramente ama jamais se sente agredido ou magoado.

   "Quando entrar setembro e a boa nova andar nos campos, quero ver brotar o perdão onde a gente plantou..." 

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Quando meu Corpo Dança...

"Eu danço aquele dia. Danço aquilo que fiz. Danço aquilo que pensei. Danço aquilo que senti.
Danço aquela conquista, quando me achei a mulher mais feliz do mundo. No mover dos meus braços está aquela felicidade. Estão em meu rosto todos os sorrisos...
Danço aquela lembrança, aquele passado nunca esquecido. Nas minhas pernas está esse caminhar longínquo enquanto danço...
Danço aquele alguém. Danço o amor. Está em meus olhos enquanto me movo...
Danço aquele beijo. Meu corpo desenha aquela noite... o sentir da pele, do outro corpo... o nós dois nos momentos em que fomos um...
Danço aquela discussão que tivemos. E aquela que não. A raiva que senti está em meu rosto, enquanto meu corpo faz aquele movimento... sai pelos meus poros junto ao suor...
Danço aquela dor. Meu corpo diz... Diz sobre meus medos e minhas angústias enquanto danço...
Danço aquilo que gostaria de falar e não falei. Digo com o meu corpo enquanto danço. Quando travei meus dentes com força para prender as palavras que queriam sair... não saíram naquele momento, mas saem naquele giro...
Danço aquela mágoa, deixando passar o momento. Era sofrimento. Torna-se perdão naquele salto...
Danço aquele choro. Meu corpo desenha as lágrimas e diminui o tamanho daquela dor enquanto danço...
Danço os meus segredos. Os mais íntimos e indizíveis. Meu corpo escreve essas palavras não ditas enquanto danço. Até os meus dedos movimentam essas sensações...
Danço os meus sonhos, minhas fantasias... estão em cada passo. Meu corpo paira sobre nuvens... são os meus sonhos esquecidos... perdidos... estão ali enquanto danço...
Danço a minha vida. Os movimentos, ao mesmo tempo que refletem, revivem... vivem... resolvem... tocam... terminam... começam...
Mostram e me tornam aquilo que sou...
Danço tudo de mim.
Danço a mim mesma...
E, ao fim, ofegante... respiro a minha história."

Tati Guidio