"Pais que buscam preservar seus filhos de tropeços e sofrimentos, acreditando serem eles incapazes de tolerar e superar os reveses da vida, negam sua autossuficiência. Esses são, na verdade, obstrutores da dinâmica familiar, devastadores da individualidade dos filhos. Ao exercerem uma educação opressiva, controladora ou possessiva, acabam por interromper as etapas de desenvolvimento da criança. Essa distorção do que seja uma verdadeira educação vem manifestando graves problemas causadores de danos na psique, mutilando personalidades, caso sejam mantidos por longo prazo." Hammed - Estamos Prontos
Todos queremos o melhor para nossos entes queridos, principalmente quando se trata de nossos filhos. O filho que foi planejado, querido, desejado, antes mesmo do nascimentos mamães e papais já sonham com o sorriso, os pequenos e graciosos gestos. Nossos bebês são nosso xodó, nosso mimo. E assim deve ser, pois a criança em sua primeira infância necessita de grande proteção e atenção dos pais.
Mas os filhos crescem, e muitas vezes não nos damos conta disso... eles crescem rápido demais e nos é difícil cortar o cordão umbilical. É uma reação normal. Mas precisamos deixar que eles crescem, educá-los sim, ensinar-lhes o certo e o errado, mostrar-lhes que na vida existe o bem e o mal.
Porém, muitas vezes, no afã de proteger nossos seres mais amados passamos a criá-los numa redoma de vidro, superprotegendo, tudo entregando em suas mãos... não os deixamos crescer, impedimos sua aprendizagem, aprendizagem de vida.
Procuramos impedir que eles sofram escondendo o desencarne de bichinhos de estimação, muitas vezes substituindo o animalzinho, escondemos o desencarne de familiares com as velhas desculpas de viagens intermináveis...
Evitamos o máximo que eles sofram decepções e dessa forma criamos seres frágeis, que terão sérias dificuldades futuras de lidar com perdas, algumas vezes até mimados demais, acreditando que como sempre tiveram tudo nas mãos podem fazer o que bem entenderem. E então vemos jovens que agem como se estivessem acima de qualquer lei moral e social.
Protejamos sim nossos amados, é nosso dever, mas não escondamos deles a dor, a perda, deixemos que eles próprios aprendam a lidar com ela, sabendo que estamos ali ao seu lado com nossa palavra amiga, com nosso ombro para que possam chorar suas dores.
E digamos não, sempre e quando se fizer necessário para que desenvolvamos em nossos filhos o senso de limite, de convivência com o outro, de partilha, de respeito. Vivemos uma era em que os pais tem por objetivo dar aos filhos tudo aquilo que não tiveram de material, mas muitas vezes esquecem de transmitir o que tiveram: valores.
Valores morais são a maior herança que deixamos aos nossos filhos, exemplos de carinho e de educação e não o de sermos meros caixas eletrônicos ou o gênio da lâmpada prontos a realizar qualquer de seus desejos em troca de tê-los presos ao computador ou à televisão e não precisarmos dispender de nosso precioso tempo na sua educação. Estamos delegando a educação de nossos filhos ao computador, à televisão, ao amigo, ao traficante... pensemos sobre isso...
Não confundamos proteção com superproteção e nem carinho e amor com permissionismo. Porque quem ama diz não quando necessário e quem ama ensina que a dor também será mestra e que é preciso aprender a conviver com ela, a reagir a ela e superá-la.