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sábado, 18 de agosto de 2012

Mãos na Charrua

   "As  almas débeis, ante o serviço, deitam-se para se queixarem aos que passam; os fortes, porém, recebem o serviço como patrimônio sagrado, na movimentação na qual se deparam, a caminho da perfeição." André Luiz - Nosso Lar

   Quantas vezes as oportunidades de trabalho, de amor ao próximo nos batem à porta e nos encontra a lamentarmo-nos da vida, a nos fazermos vítimas das circunstâncias. 

   É nesse momento que o Mestre, tomado de compaixão por esses espíritos recalcitrantes no erro que somos,    nos bate a porta e nos chama para a sua seara. É nesse momento que ele nos diz que seu fardo é leve e seu jugo é suave, que tomemos a nossa cruz e o sigamos, porque a colheita de bençãos nos espera.

   Mas, nesse momentos, tomados ainda pela preguiça milenar que nos acompanha, pelo prazer pelo ócio em que nos comprazemos listamos uma série de problemáticas e empecilhos ao Mestre amorável, como se ele não conhece as nossa mazelas.

   Uma hora é a família a atender, outro momento a dificuldade financeira que nos impede de dedicar alguns minutos de nosso tempo aos que sofrem mais. Outro momento é o familiar adoentado o que nos impede. Por vezes é o prazer social a que nos julgamos no direito de fruir, pois algum prazer temos que ter na vida: o passeio, a novela, o boteco... efêmeros prazeres que em nada se comparam ao prazer de um sorriso de gratidão no rosto daquele a quem estendemos a mão.

   Quem quer arruma um tempo, quem não quer arruma uma desculpa! E assim seguimos dizendo ao Mestre, todas as vezes em que ele incansavelmente torna a bater em nossas portas: "Hoje não, hoje eu não posso, volte amanhã!"

   E o tempo passa... a encarnação passa... e mais um oportunidades esvai-se...

   Em contraponto, na seara espírita, ou qualquer outra seara em que arregacemos as mangas, encontraremos companheiros abnegados, tomados por dores atrozes, tomados de uma boa vontade e uma abnegação que a princípio pode nos parecer sobre-humana. 

   Onde pensaríamos em parar e nos queixar, esses abnegados seres seguem adiante, tomam a charrua e de mãos calejadas seguem no trabalho incansáveis. Lavam com o suor do trabalho as lágrimas da dor. Sorriem quando teriam todos os motivos para chorar.

   Mas estes sabem reconhecer o valor do trabalho, conseguem ver no consolo à dor do outro o alento para as suas. Eles possuem as mesmas obrigações que qualquer um de nós, mas dentro das atribulações, encontram tempo, disposição e amor suficiente para atender a rogativa do Mestre.

   Muitos os chamados, poucos os escolhidos, muitos os chamados, poucos os que escolhem o trabalho, o amor ao próximo, o caminho mais curto e menos espinhoso, a porta estreita....

   Fé e confiança a todos que seguimos de charrua nas mãos, tomamos nossa cruz e seguimos... pois o caminho e o trabalho é longo, mas a colheita será de bençãos.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Evolução e Aprimoramento


Na questão 115 de O Livro dos Espíritos, Kardec pergunta aos benfeitores espirituais: “Uns Espíritos foram criados bons e outros maus? Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, ou seja, sem conhecimento. Deu a cada um deles uma missão, com o fim de os esclarecer e progressivamente conduzir a perfeição, pelo conhecimento da verdade e para os aproximar Dele. A felicidade eterna e sem perturbações, eles a encontrarão nessa perfeição. Os Espíritos adquirem o conhecimento passando pelas provas que Deus lhes impõe. Uns aceitam essas provas com submissão e chegam mais prontamente ao seu destino; outros não conseguem sofrê-las sem lamentação, e assim permanecem, por sua culpa, distanciados da perfeição e da felicidade prometida.

            Nos ensinam nessa questão os benfeitores que todos fomos criados por Deus simples e ignorantes e que temos por missão a busca da perfeição e, portanto, da felicidade.

            Para que possamos alcançar esse objetivo a Misericórdia Divina nos concede infinitas oportunidades através da reencarnação. Através das vidas sucessivas, vivenciamos inúmeras situações e experiências que nos trarão conhecimento.

            Quando no plano espiritual podemos observar as experiências vividas, os ganhos morais que tivemos e também os erros cometidos, as arestas que ainda precisam ser aparadas em nosso espírito, as características negativas que ainda possuímos e que precisamos descarregar de nossa bagagem espiritual para que possamos evoluir.

            Logo, solicitamos nova oportunidade, nova encarnação e uma série de dificuldades para que possamos vencer e evoluir, é a chamada programação reencarnatória. Porém para realizar essa programação contamos com o auxilio de nossos benfeitores espirituais, espíritos amigos que nos auxiliam nessa programação, para que o fardo não fique mais pesado que a força dos nossos ombros.

            Reencarnamos, e novamente na Terra, esquecidos das promessas realizadas, muitas vezes voltamos a cair nos mesmos erros. Voltamos a cultivar o egoísmo e o orgulho que ainda são chagas vivas em nosso espírito.

            Mas, mesmo nesses momentos, os amigos espirituais não nos abandonam, procuram de todas as formas nos apontar o caminho correto, o caminho do bem. Porém, apegados ao material não nos sintonizamos com eles e nos tornamos surdos aos seus aviso e intuições. Não podem eles, de maneira alguma, interferir em nosso livre-arbítrio, eles nos intuem, influenciam, mas a responsabilidade por ouvir ou não seus conselhos, a responsabilidade pelas escolhas que fazemos é unicamente nossa.

            Nos diz Emmanuel no Livro da esperança, neste capítulo em estudo que: “Os espíritos superiores nos amparam e esclarecem, no entanto, é disposição da lei que cada consciência responda pelo próprio destino.”

            Somos espíritos imperfeitos em busca da perfeição e, portanto, sujeitos ainda aos erros. Muitos são e serão os caminhos errados que tomamos e que ainda tomaremos, procurando acertar.

            No caminho evolutivo se faz necessário olharmos sobre os nossos passos sem culpa, sem nos julgarmos excessivamente, alimentar o sentimento de culpa nos faz estagnar e não auxilia o nosso progresso.

            Se erramos, certamente foi tentando acertar, as decisões erradas que tomamos foram os caminhos que naquele momento julgávamos corretos. O nosso conhecimento, a nossa experiência naquele momento nos indicavam aquele caminho. Não nos olhemos como criminosos por termos tomado em alguns momentos o caminho do mal.

            Olhemo-nos como criaturas em busca da perfeição, olhemos os nossos erros como aprendizado, aproveitemos as experiências que com eles obtivemos. Graças a eles hoje sabemos que estávamos errados e podemos vislumbrar um caminho melhor. Olhemos para frente e aproveitemos a experiência para acertar na próxima oportunidade.

            No Livro renovando Atitudes nos diz o espírito Hammed que: “Os caminhos inadequados que tomamos ao longo da vida são parte essencial de nossa educação. A cada tropeço é preciso aprender, levantar novamente e retornar a marcha.”

            Em outros momentos de nossa evolução costumamos nos colocar na posição de vítima, julgamo-nos vítimas de um destino cruel. Destino esse escolhido por nós mesmos e o necessário à nossa evolução.

            Culpamos aqueles que nos cercam, as situações e circunstâncias por todo o nosso sofrimento. Um exemplo disso poderia ser um indivíduo que em determinado momento sofre um enfarto, julgando-se vítima ele coloca a culpa de sua doença no trabalho estressante, nos filhos revoltados e desobedientes que tornam o lar um caos, na esposa incompreensiva que reclama sua atenção para detalhes do lar que ele acredita que não lhe cabem.

            Mas, na verdade, aquele infarto foi alimentado por ele mesmo, pois impaciente e centralizador no trabalho, não dividia a tarefa, julgando os demais incompetentes e somente ele capaz de resolver todos os problemas. Além disso há alguns anos não tirava férias ávido por maiores ganhos materiais. Devido às intermináveis horas extras não teve tempo para o diálogo com os filhos e o carinho a esposa, tornando-se estes revoltados e desobedientes devido a sua ausência constante no lar, pois podia ser o provedor material da família, mas deixou de ser o pai, o ombro amigo, o companheiro, o cúmplice, o educador.

            Ainda em renovando Atitudes Hammed nos diz: “O que chamamos de sofrimento é simplesmente o resultado de nossa falta de habilidade para desenvolver as coisas corretamente, pois na vida não existem prêmio nem castigos, somente as consequências dos nossos atos.”

            Somos os únicos responsáveis por nossos atos e pelo resultado deles. Se somos vítimas, somos vítimas de nós mesmos e de mais ninguém. Colhemos o que plantamos, as consequências de nossos atos.

            Evoluir é o nosso destino, o progresso, a perfeição nossa meta. Sem nos culparmos ou nos sentirmos vítimas, sigamos em frente, construamos o nosso destino, plantemos as boas sementes a partir de agora.

            Para isso é necessário que nos conheçamos, que sejamos sinceros conosco mesmos, analisando nossos atos e identificando aquelas características que em nós precisam ser mudadas.

            Não procuremos modificar o mundo ao nosso redor, precisamos modificar, transformar o nosso mundo íntimo e veremos que o mundo ao nosso redor se modificará conosco, pois o modo como o enxergaremos será diferente.

            Não precisamos de atitudes de grande vulto, deus conhece nossas limitações, pequenas modificações, podem parecer insignificantes, mas certamente farão a diferença: sermos mais pacientes e tolerantes com as dificuldades alheias, dedicarmos mais tempo ao nosso lar, nossos filhos, exercitar com eles o diálogo amigo, realizar pequenas doações aqueles que sofrem: doações que não necessitam ser materiais, mas uma palavra amiga, uma visita, um telefonema, um simples sorriso, uma conversa amiga ou simplesmente o silencio que não revida a ofensa recebida, mas que se compadece do agressor.

            Se possível dediquemos um pouco do nosso tempo no trabalho do bem que pode ser realizado a qualquer momento e em qualquer lugar e veremos como a modificação que se fará em nosso interior.

            No Livro Um Admirável Mundo Bom Forni nos ensina que na senda de nosso progresso devemos seguir os exemplos que nos dá a natureza que nos cerca e nos deixa a seguinte mensagem que gostaríamos que ficasse como reflexão: “Nasça, cresça, cubra-se de flores, produza bons frutos e os estenda aos sofredores mais próximos.”