Na questão 115 de O Livro dos Espíritos,
Kardec pergunta aos benfeitores espirituais: “Uns Espíritos foram criados bons
e outros maus? Deus criou todos
os Espíritos simples e ignorantes, ou seja, sem conhecimento. Deu a cada um
deles uma missão, com o fim de os esclarecer e progressivamente conduzir a
perfeição, pelo conhecimento da verdade e para os aproximar Dele. A felicidade
eterna e sem perturbações, eles a encontrarão nessa perfeição. Os Espíritos
adquirem o conhecimento passando pelas provas que Deus lhes impõe. Uns aceitam
essas provas com submissão e chegam mais prontamente ao seu destino; outros não
conseguem sofrê-las sem lamentação, e assim permanecem, por sua culpa,
distanciados da perfeição e da felicidade prometida.
Nos ensinam nessa
questão os benfeitores que todos fomos criados por Deus simples e ignorantes e
que temos por missão a busca da perfeição e, portanto, da felicidade.
Para que possamos
alcançar esse objetivo a Misericórdia Divina nos concede infinitas
oportunidades através da reencarnação. Através das vidas sucessivas, vivenciamos
inúmeras situações e experiências que nos trarão conhecimento.
Quando no plano
espiritual podemos observar as experiências vividas, os ganhos morais que
tivemos e também os erros cometidos, as arestas que ainda precisam ser aparadas
em nosso espírito, as características negativas que ainda possuímos e que
precisamos descarregar de nossa bagagem espiritual para que possamos evoluir.
Logo, solicitamos nova
oportunidade, nova encarnação e uma série de dificuldades para que possamos
vencer e evoluir, é a chamada programação reencarnatória. Porém para realizar
essa programação contamos com o auxilio de nossos benfeitores espirituais,
espíritos amigos que nos auxiliam nessa programação, para que o fardo não fique
mais pesado que a força dos nossos ombros.
Reencarnamos, e
novamente na Terra, esquecidos das promessas realizadas, muitas vezes voltamos
a cair nos mesmos erros. Voltamos a cultivar o egoísmo e o orgulho que ainda
são chagas vivas em nosso espírito.
Mas, mesmo nesses
momentos, os amigos espirituais não nos abandonam, procuram de todas as formas
nos apontar o caminho correto, o caminho do bem. Porém, apegados ao material
não nos sintonizamos com eles e nos tornamos surdos aos seus aviso e intuições.
Não podem eles, de maneira alguma, interferir em nosso livre-arbítrio, eles nos
intuem, influenciam, mas a responsabilidade por ouvir ou não seus conselhos, a
responsabilidade pelas escolhas que fazemos é unicamente nossa.
Nos
diz Emmanuel no Livro da esperança, neste capítulo em estudo que: “Os espíritos
superiores nos amparam e esclarecem, no entanto, é disposição da lei que cada
consciência responda pelo próprio destino.”
Somos espíritos
imperfeitos em busca da perfeição e, portanto, sujeitos ainda aos erros. Muitos
são e serão os caminhos errados que tomamos e que ainda tomaremos, procurando
acertar.
No caminho evolutivo
se faz necessário olharmos sobre os nossos passos sem culpa, sem nos julgarmos
excessivamente, alimentar o sentimento de culpa nos faz estagnar e não auxilia
o nosso progresso.
Se erramos, certamente
foi tentando acertar, as decisões erradas que tomamos foram os caminhos que
naquele momento julgávamos corretos. O nosso conhecimento, a nossa experiência
naquele momento nos indicavam aquele caminho. Não nos olhemos como criminosos
por termos tomado em alguns momentos o caminho do mal.
Olhemo-nos como
criaturas em busca da perfeição, olhemos os nossos erros como aprendizado,
aproveitemos as experiências que com eles obtivemos. Graças a eles hoje sabemos
que estávamos errados e podemos vislumbrar um caminho melhor. Olhemos para
frente e aproveitemos a experiência para acertar na próxima oportunidade.
No
Livro renovando Atitudes nos diz o espírito Hammed que: “Os caminhos
inadequados que tomamos ao longo da vida são parte essencial de nossa educação.
A cada tropeço é preciso aprender, levantar novamente e retornar a marcha.”
Em outros momentos de
nossa evolução costumamos nos colocar na posição de vítima, julgamo-nos vítimas
de um destino cruel. Destino esse escolhido por nós mesmos e o necessário à
nossa evolução.
Culpamos aqueles que
nos cercam, as situações e circunstâncias por todo o nosso sofrimento. Um
exemplo disso poderia ser um indivíduo que em determinado momento sofre um
enfarto, julgando-se vítima ele coloca a culpa de sua doença no trabalho
estressante, nos filhos revoltados e desobedientes que tornam o lar um caos, na
esposa incompreensiva que reclama sua atenção para detalhes do lar que ele
acredita que não lhe cabem.
Mas, na verdade,
aquele infarto foi alimentado por ele mesmo, pois impaciente e centralizador no
trabalho, não dividia a tarefa, julgando os demais incompetentes e somente ele
capaz de resolver todos os problemas. Além disso há alguns anos não tirava
férias ávido por maiores ganhos materiais. Devido às intermináveis horas extras
não teve tempo para o diálogo com os filhos e o carinho a esposa, tornando-se
estes revoltados e desobedientes devido a sua ausência constante no lar, pois
podia ser o provedor material da família, mas deixou de ser o pai, o ombro
amigo, o companheiro, o cúmplice, o educador.
Ainda
em renovando Atitudes Hammed nos diz: “O que chamamos de sofrimento é
simplesmente o resultado de nossa falta de habilidade para desenvolver as
coisas corretamente, pois na vida não existem prêmio nem castigos, somente as
consequências dos nossos atos.”
Somos os únicos
responsáveis por nossos atos e pelo resultado deles. Se somos vítimas, somos
vítimas de nós mesmos e de mais ninguém. Colhemos o que plantamos, as
consequências de nossos atos.
Evoluir é o nosso
destino, o progresso, a perfeição nossa meta. Sem nos culparmos ou nos
sentirmos vítimas, sigamos em frente, construamos o nosso destino, plantemos as
boas sementes a partir de agora.
Para isso é necessário
que nos conheçamos, que sejamos sinceros conosco mesmos, analisando nossos atos
e identificando aquelas características que em nós precisam ser mudadas.
Não procuremos
modificar o mundo ao nosso redor, precisamos modificar, transformar o nosso
mundo íntimo e veremos que o mundo ao nosso redor se modificará conosco, pois o
modo como o enxergaremos será diferente.
Não precisamos de
atitudes de grande vulto, deus conhece nossas limitações, pequenas
modificações, podem parecer insignificantes, mas certamente farão a diferença:
sermos mais pacientes e tolerantes com as dificuldades alheias, dedicarmos mais
tempo ao nosso lar, nossos filhos, exercitar com eles o diálogo amigo, realizar
pequenas doações aqueles que sofrem: doações que não necessitam ser materiais,
mas uma palavra amiga, uma visita, um telefonema, um simples sorriso, uma
conversa amiga ou simplesmente o silencio que não revida a ofensa recebida, mas
que se compadece do agressor.
Se possível dediquemos
um pouco do nosso tempo no trabalho do bem que pode ser realizado a qualquer
momento e em qualquer lugar e veremos como a modificação que se fará em nosso interior.
No
Livro Um Admirável Mundo Bom Forni nos ensina que na senda de nosso progresso
devemos seguir os exemplos que nos dá a natureza que nos cerca e nos deixa a
seguinte mensagem que gostaríamos que ficasse como reflexão: “Nasça, cresça,
cubra-se de flores, produza bons frutos e os estenda aos sofredores mais
próximos.”