Nova postagem no blog próximo sábado

sábado, 13 de julho de 2013

Dinheiro e Serviço

            Exposição baseada no Livros da Esperança, psicografia de Chico Xavier, pelo espírito Emmanuel capítulo 'Dinheiro e Serviço'
           O nosso tema de hoje trata também sobre esse assunto e mais especificamente sobre a forma como empregamos essas riquezas e o grau de nosso apego aos bens matérias.

No ESE cap. XVI item 14 denominado Desprendimento dos Bens Terrenos nos fala o espírito lacordaire: “Vosso amor aos bens terrestres é um dos mais fortes entraves ao vosso adiantamento moral e espiritual; por esse apego à posse, suprimis as vossas faculdades afetivas em as transportando todas sobre as coisas materiais.”
           
            Como já temos dito é absolutamente justo que cada um trabalhe e receba o suficiente para prover sua família com o conforto necessário. É justo que aquele que trabalhe ganhe honestamente seu salário possa usufruir dele. É justo que tenhamos uma casa confortável, um carro, e bens que nos facilitem a vida e da nossa família. O que não se justifica é passarmos ao lado de quem sofre e nada fazermos para minorar suas necessidades.

            Muitas vezes em nome do conforto da família, das necessidades que precisam ser atendidas e algumas bem supérfluas, muitos de nós mergulhamos no trabalho, através de jornadas duplas e até triplas, buscando atender cada vez mais nossas ambições e deixamos de lado valores que realmente importam: o diálogo e a convivência com a família e com os filhos, o auxilio a um amigo necessitado, o investimento em valores espirituais, que serão os únicos que levaremos conosco, através de uma leitura edificante, de um trabalho voluntário, da prática do bem ao próximo. Nos voltamos apenas para o lado material.

            Nos justificamos dizendo que tudo isso fazemos para deixar os filhos amparados materialmente no futuro. Mas será que são estes os verdadeiros valores que precisamos deixar para os nossos filhos?

            No mesmo item 14 do cap. XVI do ESE Lacordaire nos diz: “Pais e mães, estais em grande erro se credes com isso aumentar a afeição de vossos filhos por vós; em lhes ensinando a ser egoístas para com os outros, os ensinais a sê-lo para convosco mesmo.”

            Afundados no trabalho buscamos suprir as necessidades afetivas dos nossos filhos com brinquedos, presentes. Será que estamos ensinando o que é realmente correto? Na verdade estamos ensinando o egoísmo, a indiferença. Se passássemos um pouco mais de tempo com eles, se conversássemos com nosso filho ensinando a importância de dividir com os irmãos e com o próximo, se demonstrássemos através da nossa afetividade e diálogo com a família como devemos nos portar, se ensinássemos através do exemplo a ajudar aqueles que necessitam, estaríamos plantando em seus corações boas sementes para o futuro.

            Hoje criamos seres, relegados ao computador e ao videogame, que são suas babás e os entretém para que não precisemos dedicar-lhes tanto tempo, seres solitários, individualistas e indiferentes. Lembremos que são estes os seres que irão cuidar de nós daqui a poucos anos quando a idade nos vergar, mas se só ensinamos a eles indiferença, egoísmo e individualismo, como esperamos ser tratados no futuro?

            Outro trecho do mesmo item 14 do Cap. XVI nos diz assim: “O desapego aos bens materiais consiste em apreciar a fortuna pelo seu justo valor, em saber servir-se dela para os outros e não só para si, a não sacrificar por ela os interesses da vida futura, a perdê-la sem murmurar se apraz a Deus vo-la retirar.”

            Esse trecho nos mostra que despego não é desvalorizar o que construímos com o suor de nosso trabalho, mas utilizar aquilo que possuímos para auxiliar aqueles que necessitam. É transformar o nosso carro em ambulância para um familiar, um amigo ou vizinho doente. É tornar a nossa mesa farta um pouco menos farta doando um quilo de alimento a quem necessita. É deixar de ganhar aquela comissão um mês por anos para tirar férias com a família, dar atenção ao cônjuge e aos filhos. É chegar mais cedo do trabalho pra buscar meu filho na escola e no caminho pra casa ensinar-lhe o quanto é importante respeitar os mais velhos, ser educado com todos, não participar do bulling aos coleguinhas, respeitar e amar o nosso próximo. É dedicar algumas horas do meu dia à saúde do corpo físico e do espírito, através de uma leitura, da participação em um grupo de estudo no centro espírita ou da reunião pública.

            No livro Depois da Morte Leon Denis nos diz que o dinheiro não é um mal por si só, mas ele torna-se bom ou mal conforme a utilidade que lhe damos, que é preciso que sejamos senhores do dinheiro e não escravos dele.

            No mesmo livro nos coloca León Denis: “A riqueza deve assistir aqueles que lutam contra as necessidades, que imploram trabalho e socorro. Consagrar esses recursos à satisfação exclusiva da vaidade e dos sentidos é perder uma existência, é criar para si mesmo penosos obstáculos.”

            O melhor emprego que podemos dar ao nosso dinheiro é transformá-lo em serviço de amparo ao próximo, na medida das nossas necessidades.

            Ainda no item 14 cap.16 do ESE encontramos a seguinte informação: “Tudo vem de Deus e retorna a Deus, nem mesmo o vosso pobre corpo: a morte dele vos despoja, como de todos os bens materiais; sois depositários e não proprietários.”

            Nada de material levamos conosco quando retornamos ao mundo espiritual, os únicos valores que conosco carregamos são os valores espirituais. A moeda corrente no plano espiritual é a caridade, o bem que fizemos ao nosso próximo. Quanto dessa moeda temos guardado? Os bens da Terra na Terra ficarão e os herdeiros (os egoístas e individualistas por nós ensinados) digladiar-se-ão pela herança.

            Nos diz Emmanuel no Livro da Esperança que: Dinheiro na estrutura social é comparável ao sangue no mundo orgânico: circulando garante a vida e, parado, acelera a morte.


            Portanto utilizemos o dinheiro a serviço do nosso bem estar e no do próximo, de nada adiantará acumularmos os valores que não levaremos conosco. Se for para acumular que sejam valores como: amor, caridade, solidariedade, fé, esperança e compaixão.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

La Esmeralda

     Ontem fui assistir apresentações de dança da escola de ballet que passei a frequentar há pouco tempo, quebrando a barreira do meu auto preconceito de que isso seria impossível de se começar aos 30 anos.
     Não sei explicar o que se passou comigo durante aqueles sessenta minutos em frente aquele palco...     
    Tudo era sentimento, um sentimento forte, profundo que emanava de algum recôndito de minh'alma. Nunca me senti tão próxima, tão mergulhada em mim mesma, tão exposta aos meus próprios sentimentos que descontroladamente transbordavam.
     Uma saudade inexplicável de algo que não sei definir o que é, um misto de angústia e alegria extrema. Uma alegria por estar ali (novamente?) e um angústia pela incerteza de poder vivenciar aquilo. (outra vez?)
     Quando a bailarina em seu vestido vermelho rodopiando em perfeita sintonia com o instrumento com que dançava adentrou o palco, alguma coisa gritou dentro de mim e as lágrimas rolaram por meus olhos já marejados.
     Existem sentimentos que não podemos definir, apenas sentimos, são únicos, intransferíveis, inexplicáveis...
     Só sei que algo vem despertando em mim lentamente nos últimos tempos, alguém que eu conhecia e que havia esquecido, alguém que eu gosto de ser, alguém que tem me proporcionado sentimentos bons, alguém que me permite sentir: autoconfiança, alegria, e uma paz imensa comigo mesma.
     Tento não pensar que deveria ter começado antes e nem imaginar como seria se isso tivesse acontecido antes, porque sei que tudo tem sua hora certa e o momento é este, é o hoje e o daqui pra frente.
     Afinal a vida segue sempre... em novas roupagens, novas paragens e o que aprendemos agora seguirá conosco e o que não realizarmos agora nos encontrará no futuro para que possamos concretizar em algum momento, em algum lugar...

"Nenhuma circunstância exterior substitui a experiência interna. E é só à luz dos acontecimentos internos que entendo a mim mesmo. São eles que constituem a singularidade de minha vida." Carl Gustav Jung


domingo, 7 de julho de 2013

Livrai-nos do Mal

   "A obsessão de hoje foi o amor de ontem. O amor que sofreu os golpes da traição, da má orientação, da dominação e do apego. Só existe obsessão onde existem laços." José Mário - Quem Perdoa Liberta

   A obsessão é sempre um assunto tabu e ao mesmo tempo recorrente na doutrina e no centro espírita. Todo aquele que procura o centro espírita, carregado de problemas, os fardos de cada um de nós, normalmente procura uma solução mágica: ele espera que ao ser atendido seja informado que seus problemas se devem a um determinado obsessor, e ele espera mais, espera que o centro espírita o livre desse ser que o está atrapalhando.

   Na maioria das vezes somos nós mesmos quem causamos nossos próprios problemas, somos os obsessores de nós mesmos. Mas, por vezes, somos encontrados na jornada pelos nossos desafetos do passado, que magoados, feridos, buscam vingança, revide.

   Vejamos que este ser, este espírito que nos busca por vingança, como já o dissemos, está magoado, ferido, e para que assim se encontre, em algum momento do passado nós fomos o algoz que gerou essa dor, essa mágoa.

   Aquele que sofre hoje, não sofre em vão, sofre as consequências de seus atos. Lembramos agora pequeno trecho do Livro o Pequeno Príncipe, um trecho bem famoso que fala assim: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas". Nos tornamos eternamente responsáveis por todos os sentimentos que cativamos no outro, sejam quais sentimentos forem...

   Não queremos aqui dizer que o obsessor tem razão em buscar a vingança, ele também está em erro, esqueceu-se do perdão e enreda-se em trama que lhe trará dores ainda maiores. Bem colocado pelo autor: 'só existe obsessão onde existem laços', laços que muitas vezes foram de amor, ou de um sentimento que hoje chamamos amor, mas que pouco se assemelha ao amor que nos ensinou Jesus.

   Vivemos o amor que aprisiona, o amor baseado no apego, o amor que se fere e se magoa, quando o amor deveria libertar, compreender e aceitar o outro. E por não sabermos ainda vivenciar este sentimento, muitas vezes nos vemos em meio a rancores, desilusões e mágoas que quando não são lavadas com o bálsamo do perdão transformam laços em nós apertados.

   E daí surgem as obsessões: são laços que em determinado momento, por ambas as partes, foram transformados em nós. A solução, portanto, não é o afastamento do algoz, que nada mais é que a vítima do passado, mas a transformação íntima, o estudo, a compreensão de nós mesmos, o perdão e o auto-perdão. Isso sim transformará a ambos, desfazendo os nós e deixando a esperança de transformar-se em laços de verdadeira afeição.

   Por isso, quando fizermos a oração que nos ensinou o Mestre e dizermos: 'Senhor livrai-nos do mal', peçamos de coração que o Senhor nos livre do mal que ainda existe dentro de nós mesmos!