Exposição baseada no Livros da Esperança, psicografia de Chico Xavier, pelo espírito Emmanuel capítulo 'Dinheiro e Serviço'
O nosso tema de hoje trata também sobre esse assunto e mais especificamente sobre
a forma como empregamos essas riquezas e o grau de nosso apego aos bens
matérias.
No
ESE cap. XVI item 14 denominado Desprendimento dos Bens Terrenos nos fala o
espírito lacordaire: “Vosso amor aos bens terrestres é um dos mais fortes
entraves ao vosso adiantamento moral e espiritual; por esse apego à posse,
suprimis as vossas faculdades afetivas em as transportando todas sobre as
coisas materiais.”
Como já temos dito é absolutamente
justo que cada um trabalhe e receba o suficiente para prover sua família com o
conforto necessário. É justo que aquele que trabalhe ganhe honestamente seu
salário possa usufruir dele. É justo que tenhamos uma casa confortável, um
carro, e bens que nos facilitem a vida e da nossa família. O que não se
justifica é passarmos ao lado de quem sofre e nada fazermos para minorar suas
necessidades.
Muitas vezes em nome do conforto da
família, das necessidades que precisam ser atendidas e algumas bem supérfluas,
muitos de nós mergulhamos no trabalho, através de jornadas duplas e até
triplas, buscando atender cada vez mais nossas ambições e deixamos de lado
valores que realmente importam: o diálogo e a convivência com a família e com
os filhos, o auxilio a um amigo necessitado, o investimento em valores
espirituais, que serão os únicos que levaremos conosco, através de uma leitura
edificante, de um trabalho voluntário, da prática do bem ao próximo. Nos
voltamos apenas para o lado material.
Nos justificamos dizendo que tudo
isso fazemos para deixar os filhos amparados materialmente no futuro. Mas será
que são estes os verdadeiros valores que precisamos deixar para os nossos
filhos?
No mesmo item 14 do cap. XVI do ESE
Lacordaire nos diz: “Pais e mães, estais em grande erro se credes com isso
aumentar a afeição de vossos filhos por vós; em lhes ensinando a ser egoístas
para com os outros, os ensinais a sê-lo para convosco mesmo.”
Afundados no trabalho buscamos
suprir as necessidades afetivas dos nossos filhos com brinquedos, presentes.
Será que estamos ensinando o que é realmente correto? Na verdade estamos ensinando
o egoísmo, a indiferença. Se passássemos um pouco mais de tempo com eles, se
conversássemos com nosso filho ensinando a importância de dividir com os irmãos
e com o próximo, se demonstrássemos através da nossa afetividade e diálogo com
a família como devemos nos portar, se ensinássemos através do exemplo a ajudar
aqueles que necessitam, estaríamos plantando em seus corações boas sementes
para o futuro.
Hoje criamos seres, relegados ao
computador e ao videogame, que são suas babás e os entretém para que não
precisemos dedicar-lhes tanto tempo, seres solitários, individualistas e
indiferentes. Lembremos que são estes os seres que irão cuidar de nós daqui a
poucos anos quando a idade nos vergar, mas se só ensinamos a eles indiferença,
egoísmo e individualismo, como esperamos ser tratados no futuro?
Outro
trecho do mesmo item 14 do Cap. XVI nos diz assim: “O desapego aos bens
materiais consiste em apreciar a fortuna pelo seu justo valor, em saber
servir-se dela para os outros e não só para si, a não sacrificar por ela os
interesses da vida futura, a perdê-la sem murmurar se apraz a Deus vo-la
retirar.”
Esse trecho nos mostra que despego
não é desvalorizar o que construímos com o suor de nosso trabalho, mas utilizar
aquilo que possuímos para auxiliar aqueles que necessitam. É transformar o
nosso carro em ambulância para um familiar, um amigo ou vizinho doente. É
tornar a nossa mesa farta um pouco menos farta doando um quilo de alimento a
quem necessita. É deixar de ganhar aquela comissão um mês por anos para tirar
férias com a família, dar atenção ao cônjuge e aos filhos. É chegar mais cedo
do trabalho pra buscar meu filho na escola e no caminho pra casa ensinar-lhe o
quanto é importante respeitar os mais velhos, ser educado com todos, não
participar do bulling aos coleguinhas, respeitar e amar o nosso próximo. É
dedicar algumas horas do meu dia à saúde do corpo físico e do espírito, através
de uma leitura, da participação em um grupo de estudo no centro espírita ou da
reunião pública.
No livro Depois da Morte Leon Denis
nos diz que o dinheiro não é um mal por si só, mas ele torna-se bom ou mal
conforme a utilidade que lhe damos, que é preciso que sejamos senhores do
dinheiro e não escravos dele.
No
mesmo livro nos coloca León Denis: “A riqueza deve assistir aqueles que lutam
contra as necessidades, que imploram trabalho e socorro. Consagrar esses
recursos à satisfação exclusiva da vaidade e dos sentidos é perder uma
existência, é criar para si mesmo penosos obstáculos.”
O melhor emprego que podemos dar ao
nosso dinheiro é transformá-lo em serviço de amparo ao próximo, na medida das
nossas necessidades.
Ainda
no item 14 cap.16 do ESE encontramos a seguinte informação: “Tudo vem de Deus e
retorna a Deus, nem mesmo o vosso pobre corpo: a morte dele vos despoja, como
de todos os bens materiais; sois depositários e não proprietários.”
Nada de material levamos conosco
quando retornamos ao mundo espiritual, os únicos valores que conosco carregamos
são os valores espirituais. A moeda corrente no plano espiritual é a caridade,
o bem que fizemos ao nosso próximo. Quanto dessa moeda temos guardado? Os bens
da Terra na Terra ficarão e os herdeiros (os egoístas e individualistas por nós
ensinados) digladiar-se-ão pela herança.
Nos
diz Emmanuel no Livro da Esperança que: Dinheiro na estrutura social é
comparável ao sangue no mundo orgânico: circulando garante a vida e, parado,
acelera a morte.
Portanto utilizemos o dinheiro a
serviço do nosso bem estar e no do próximo, de nada adiantará acumularmos os
valores que não levaremos conosco. Se for para acumular que sejam valores como:
amor, caridade, solidariedade, fé,
esperança e compaixão.