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sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Convite à Humildade


O que é humildade? “Virtude caracterizada pela consciência das próprias limitações, modéstia, simplicidade.”

O ensinamento da humildade encontra-se no ESE cap. VII “Bem aventurados os pobres de espírito. Pobre de espírito não é ser ignorante e pobre de caráter, como é comum se dizer: “Coitado, é um pobre de espírito”, mas refere-se ao verdadeiramente humilde.

Ser pobre de espírito é considerar-se sempre um devedor. Tudo para quem é pobre em espírito é uma graça, uma dádiva. Nada lhe é demais. Nas coisas, nas amizades, no emprego, na beleza da natureza, no ser atendido em último lugar, na ajuda de um estranho, em tudo ele vê uma graça de Deus.

Já para o orgulhoso, o rico em espírito, tudo lhe é devido. As coisas, as amizades, os primeiros lugares, as honras, as prioridades. Se não podem ser atendidos como esperam que sejam, irritam-se, indignam-se, ofendem-se.

Jesus nos disse no cap. VII Bem aventurados os pobres de espírito que os humildes serão os maiores no reino dos céus. Devemos entender porém que o reino dos céus não é um lugar especifico, mas um estado de espírito, se grande no reino dos céus não significa uma posição de destaque em relação aos outros, um parâmetro para nos avaliarmos melhores ou maiores que o nosso próximo. Ser grande no reino dos céus é uma vitória íntima que significa a derrota de inimigos como: o orgulho, a vaidade, a inveja, o desdém e todos os sentimentos que nos fazem avaliar os outros com base em nós mesmos.

Em Lucas cap. XIV, 1 e 7 a 11 conta que Jesus entrou em dia de sábado na casa de um dos principais fariseus para aí fazer a sua refeição. Os que lá estavam o observaram – Então, notando que os convidados escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes uma parábola dizendo: “Quando fores convidados para as bodas não tomeis o primeiro lugar, para que não suceda que vos havendo entre os convidados uma pessoa mais considerada do que vós, aquele que vos haja convidado venha a dizer-vos daí o vosso lugar a este, e vos vejais constrangidos a ocupar, cheios de vergonha, o último lugar. Quando fordes convidados, ide colocar-vos no último lugar, a fim de que, quando aquele que vos convidou chegar vos diga: meu amigo, venha mais para cima. Isso então será para vós um motivo de glória, diante de todos os que estiverem convosco à mesa; todo aquele que se eleva será rebaixado e todo aquele que se abaixa será elevado.

A Doutrina Espírita, através da reencarnação mostra que tudo o que plantarmos nós colheremos, se nos elevarmos através do orgulho, se nos colocarmos acima dos outros, seremos rebaixados talvez nesta ainda ou numa próxima encarnação.
Se ao contrário nos posicionarmos de forma humilde perante a vida reduziremos nossos sofrimentos atuais e futuros.

Emmanuel no livro Ceifa de Luz psicografado por Chico Xavier nos diz que: “Em qualquer plano ou condições de existência, estamos subordinados à lei de renovação. À vista disso, sempre que nos vejamos inclinados à envaidecer-nos por alguma coisa, recordemos que nos achamos inelutavelmente ligados à Vida de Deus que, a beneficio de nossa própria vida, ainda hoje tudo pode rearticular, refundir, refazer ou modificar.”

Ou seja, devemos estar atentos aos nossos atos, gestos, pois estamos preparando hoje o nosso futuro, que só depende de nós, das nossas ações e das nossas reações, pois a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória.
Algo ao qual devemos estar muito atentos é o orgulho e vaidade. Paixões que ainda são muito inerentes à nós pois no grau de evolução em que nos encontramos ainda não conseguimos vencê-las.

A vaidade e o orgulho se alimentam, principalmente, de elogios agradecimentos e comemorações. Quem de nós não gosta de receber elogios? De nos sentirmos valorizados? Dizemos até que isso nos massageia o ego. Mas devemos evitar ao máximo demonstrar a nossa vaidade, evitar transparecer o prazer que nos causa os elogios e as outras pessoas aos poucos deixaram de nos louvar as qualidades. Dessa forma estaremos reduzindo em nós o nosso ego, o nosso orgulho, a nossa vaidade.

Lógico que não devemos ser de maneira alguma deseducados, mas perante os elogios procuremos manter o rosto sereno, evitando responder com agradecimentos efusivos ou, contestações que, no fundo, só realçam o que foi dito demonstrando uma falsa humildade. Se formos elogiados, saibamos sorrir discretamente, fazer um gesto sutil que demonstre educação, simpatia, mas que não revele concordância com o que foi dito.

E quando pudermos auxiliar alguém e aceitemos o agradecimento sincero, que as nossas palavras e a expressão do nosso rosto não nos traiam demonstrando a nossa vaidade, que saibamos retrucar apenas: “Somos nós que agradecemos pela oportunidade de ser úteis.” Martelemos esse entendimento até que se fixe em nossa mente, pois ele reflete a mais pura verdade. Cada pessoa que necessita da nossa ajuda está, na realidade, nos ajudando, pois é auxiliando a quem necessita que resgatamos nossas dívidas.

O nosso convite é que sejamos humildes, mas lembrando que ser humilde não significa aceitar e compactuar com erros, pois Jesus é o nosso maior exemplo de humildade, mas ele também sabia ser enérgico quando era necessário.

Ser humilde é reconhecer as nossas próprias limitações buscando vencê-las. São Paulo na segunda carta aos coríntios, capítulo 12, versículo 10 diz: “Porque quando sou fraco, então é que sou forte.”A verdadeira força está em reconhecer as próprias fraquezas e combatê-las.

Ser humilde não é baixar a cabeça, estar sempre olhando para o chão, é manter a cabeça erguida, mas sem jamais olhar os outros de cima para baixo. É olhar nos olhos de todos com serenidade, sejam eles os poderosos ou os rejeitados do mundo e na medida do possível ajudá-los no caminho da evolução. É sentar ao lado de um irmão que precise de apoio na forma de um ouvido amigo, de um conselho ou apenas de um silencio em prece enviando vibrações de amor.

Que possamos no nosso dia-a-dia buscar modificar as nossas atitudes, e certamente venceremos o orgulho e a vaidade que ainda existe em cada um de nós, certamente isso não será amanhã, de uma hora para outra, mas com um pouco de boa vontade e muito esforço, certamente, um dia, não muito longe chegaremos lá.

Convite à Gratidão



Gratidão é o ato de reconhecimento de uma pessoa por alguém que lhe prestou um benefício, um auxílio.

É uma emoção que envolve um sentimento de dívida emotiva em direção de outra pessoa acompanhado por um desejo de agradecê-lo e retribuí-lo.

A Gratidão é um dos sentimentos que nós mais sabemos exigir dos outros, mas na maioria das vezes esquecemos de utilizá-lo. Quantas vezes nos queixamos que fulano é um ingrato, eu fiz tal coisa pra ele e não foi capaz de me dizer nem obrigado. Quantas vezes nos magoamos nos julgando vítimas da ingratidão.

Mas será que nós somos gratos? Será que sabemos ser gratos? Ou será que andamos atribulados demais que na maior parte das vezes nos esquecemos de dizer pelo menos um obrigado para aqueles que nos prestam pequenos favores ao longo do dia? Ah é que nós andamos rápido demais, não temos tempo para esses pequenos agradecimentos, não temos tempo, andamos atribulados demais, trabalhando demais, correndo demais, ocupados demais com nós mesmos para olhar para o outro e agradecer ou retribuir um gesto.

Quantas vezes nos mostramos gratos a Deus e aos nossos pais por estarmos aqui? Por mais uma oportunidade de encarnação para evoluirmos?

Quantas vezes nos lembramos de olhar para trás e sermos gratos aos nossos professores que com carinho e paciência nos ensinaram as primeiras letras, ou ensinam aos nossos filhos?

E aos nossos amigos de infância que nos auxiliaram nas nossas primeiras experiências, nos nossos primeiros passos fora do lar. Quantos deles tiveram papéis importantes em nossa vida e já não ficaram perdidos no nosso passado?

E aquelas críticas e reprimendas que recebemos de nossos pais e professores, aquele professor que nos dava uns puxões de orelha quando precisávamos e que muitas vezes pensávamos: “poxa! Esse cara pegou no meu pé!” e agora quando olhamos para trás percebemos o quanto isso nos ajudou fazendo retomar o caminho certo quando nos afastávamos dele.

Imagine o que seríamos hoje se não nos colocassem limites, pode ser que na época tenhamos nos melindrado, porém, mais amadurecidos nos damos conta que devemos ser gratos também pelas críticas, pois ajudaram a moldar os nossos valores.

Devemos ser gratos por cada ser humano que passa pela nossa vida, pois nos lega suas lições, seus conhecimentos, nos trazem experiência.

Devemos ser gratos aqueles que nos causaram dor. Os momentos de dor nos ensinam, nos auxiliam a resgatar nossos erros passados e a exercitar o perdão.

Quem não é grato por um favor é porque se julga merecedor de tal favor, entendendo que aquele que o prestou nada mais fez que a sua obrigação.

E quantas vezes não agimos dessa forma quando um pintor faz um serviço perfeito em nossa casa? Quando deitamos na cama tranqüilos, à noite, sabendo que há um vigia noturno zelando por nós? Ou quando saímos na rua e pisamos uma calçada limpa somos gratos a quem varreu? Bom aí dizemos que pagamos por esses serviços, mas mesmo assim deveríamos nos mostrar gratos à dedicação com que estas pessoas nos prestam esses serviços tão necessários ao nosso bem-estar.

E na Casa espírita? Sabemos ser gratos quando vamos a Casa Espírita a procura de auxilio e o recebemos? Retribuímos fazendo o bem ao nosso próximo, buscamos trabalhar auxiliando e nos comprometendo com o trabalho da casa, trabalho este que tanto nos beneficiou, ou simplesmente esquecemos do auxilio que recebemos quando os problemas se extinguem?

Ao longo do nosso dia quando nos sentimos bem e inspirados em nossos pensamentos e ações ou quando nos sentimos confortados em nossas crises emocionais, lembramos de agradecer aos nossos benfeitores espirituais pela paciência com que eles há séculos ou milênios nos guiam e orientam, sempre acreditando em nós mesmo quando nós mesmos não acreditamos mais?

Quando contemplamos a natureza somos gratos a Deus ou estamos sem tempo até para isso?

Quando acordamos todas as manhãs somo gratos a Deus por mais uma oportunidade de corrigir nossos erros e progredirmos?

Em Lucas Cap. XVII 11-19 “De caminho a Jerusalém, passava Jesus pela divisa entre a Samaria e a Galiléia. Ao entrar ele numa aldeia, saíram-lhe ao encontro 10 leprosos, que ficaram de longe, e levantaram a voz, dizendo: Jesus, Mestre, tem compaixão de nós! Jesus logo que os viu disse-lhes: Ide mostrar-vos aos Sacerdotes. E no caminho ficaram limpos. Um deles, vendo-se curado, voltou dando glória a Deus em voz alta, e prostrou-se com o rosto em terra aos pés de Jesus, agradecendo-lhe, e este era samaritano. Perguntou Jesus: Não ficaram limpos os dez? Onde estão os outros nove? E disse ao homem: levanta-te e vai a tua fé te curou.”

Será que depois dessa reflexão temos o direito de exigir gratidão dos outros?

Kardec perguntou aos espíritos em ESSE Cap XII item 19: “que se deve pensar dos que, recebendo a ingratidão em paga de benefícios que fizeram, deixam de praticar o bem para não topar com ingratos?
- Nesses há mais egoísmo do que caridade, visto que fazer o bem apenas para Receber demonstrações de reconhecimento é não o fazer com desinteresse, e o bem feito desinteressadamente é o único agradável à Deus.
Deveis sempre ajudar os fracos, embora sabendo de antemão que os a quem fizerdes o bem não vo-lo agradecerão. Ficai certos de que, se aquele a quem prestais o serviços esquece, Deus o levará mais em conta do que se com a sua gratidão o beneficiado vo-lo houvesse pago.”

Jesus que nos conhece perfeitamente dedica tratamento diferenciado a cada um conforme o entendimento que cada um tem. Permaneçamos na semeadura, ma ssem exigência de fertilização, de gratidão, porque ela vai depender da terra que encontrar. Um dia todas serão férteis.

Segundo Joana de Angelis:
A pétala de rosa espalhando perfume ignora a emoção e a alegria que propicia.
Doa a tua expressão de reconhecimento junto aos que te foram frios e o teu amor aquece-los-á.

Doação de Órgãos


“Meu filho tem apenas 4 anos de idade e já faz hemodiálise durante 4 horas 3 vezes por semana. O pavor que ele tem pela máquina é tão grande que ele precisa ser amarrado durante a seção de hemodiálise, pois ele chega a arrancar as agulhas dos seus bracinhos. Para acabar o sofrimento do meu filho é preciso fazer um transplante de rim.”

Quando passamos por momentos de grande dor como a perda de entes queridos, parece que dor alguma no mundo pode ser maior que a nossa, é quase impossível pensar na dor do próximo.

Mas como espíritas sabemos que a vida não termina no túmulo, nosso ente querido continua vivo apenas mudou de dimensão e o corpo físico não lhe serve mais, mas pode servir para auxiliar ao próximo. Nós que pregamos tanto a caridade, por que nos negaríamos a um último ato de caridade? E quem sabe até o mais sublime deles que é o dar de si mesmo ao próximo?

Próximo este que sabemos pode ser mais próximo do que imaginamos, pois numa vida passada pode nos ter sido um filho, um irmão, um amigo muito querido.

Mas quando começamos a pensar no assunto é natural que surjam algumas dúvidas o tipo: haveriam conseqüências ruins para o espírito do doador? Poderíamos lesionar nosso perispirito ao doar nossos órgãos? Será que se doarmos nossas córneas chegaremos cegos no mundo espiritual?

Em primeiro lugar é preciso considerarmos que o corpo físico morto não transmite mais sensações ao perispirito, pois o cérebro que é o responsável por essa função já não está mais funcionando.

O nosso desligamento depende muito do nosso estilo de vida, dos nossos valores morais, do quanto estamos ligados à matéria. Se somos desmaterializados a separação do corpo físico é rápida, suave e nada sentiremos, mas se somos muito ligados à matéria pode ocorrer de sentirmos alguns reflexos sim.

Por isso existe a necessidade de estarmos preparados e conscientes ao tomarmos a decisão de doarmos os nossos órgãos, principalmente pensarmos que é um ato de amor ao próximo e de desapego à matéria.

Mas, afinal, a doação de órgãos causará problemas ao espírito do doador? Um pensamento como este seria, certamente, duvidar da bondade divina. A nobreza do ato mesmo quando realizado contra a vontade do doador ou quando este é muito materializado gera uma mobilização dos benfeitores espirituais que procurarão atender esse espírito amenizando e tratando as possíveis repercussões no perispírito através de adormecimento para recuperação e esclarecimento.

Além disso, o sentimento de gratidão e as preces das famílias e daqueles que receberam os órgãos são uma benção ao espírito do doador.

E o que nos dizem os livros da codificação sobre a doação de órgãos? Esse é um assunto muito novo e por isso não é tratado de forma ostensiva nos livros da codificação. Mas há alguns pontos que poderiam estar de alguma forma preparando a humanidade para o assunto desde aquela época:

No livro dos espíritos nas questões:
156 – Diz: “Há casos em que há sangue nas veias, mas não há vida”. Podendo já estar prevendo a descoberta da morte cerebral.
257 – Ensaio teórico sobre a sensação dos espíritos resumidamente diz que: “o perispirito só ouve e sente o que quer e ele pode se recompor, se refazer”.

No Livro dos médiuns Capitulo I item 3: o corpo não passa de um acessório do espírito, de um invólucro, uma veste, que ele deixa, quando usada. Por ocasião da morte despoja-se dele.

Com isso podemos concluir que a doutrina espírita nos mostra que o perispírito é independente do corpo físico após a morte, ele não sente o que ocorre ao corpo, porque é ele quem molda o corpo e não o contrário. O perispírito é completo, inteiro, mesmo que o corpo físico seja desmembrado.

E as conseqüências positivas para o espírito do doador? São muitas, para mostrar isso e para encerrar nossa exposição trouxemos um pequeno trecho de uma psicografia de Chico Xavier, trata-se de uma carta de um suicida dirigida a sua mãe que autorizou a doação de todos os seus órgãos:

“Mãe! Sei que entrei num pesadelo em que via meu próprio sangue rolar do peito como se aquele filete rubro não tivesse recursos de terminar.
O suicida é um detento sem grades.
Graças a Deus melhorei da hemorragia incessante que me enlouquecia. Depois de algumas semanas de aflição, um médico apareceu com a boa nova.
Ele me disse que as preces de uma pessoa que se beneficiara com a córnea que doei se haviam transformado para mim num pequeno tampão que colocado sobre o meu peito no lugar onde o projétil atingiu, fez cessar o fluxo do sangue imediatamente. Eu, mãe, que nunca fiz o bem aos outros, que me omiti sempre na hora de servir, compreendi que o bem, mesmo feito involuntariamente é capaz de revigorar-nos as forçar da existência”.