Exposição realizada no Recanto de Luz no dia 03/04/2010.
Francisco Cândido Xavier nasceu no dia 02 de abril de 1910 em Pedro Leopoldo, Minas Gerais. Se ainda estivesse encarnado completaria esse mês 100 anos dessa existência.
Chico teve uma infância dura, quase miserável, cheia de dificuldades e trabalho. Com apenas 5 anos de idade perdeu a mãe. O pai distribuiu os filhos entre amigos e parentes. Chico foi morar com dona Rita, sua madrinha, pessoa geniosa que surrava o menino todos os dias.
Sempre que a madrinha saía, ele corria para o fundo do quintal para chorar. Ali, teve a primeira experiência mediúnica: ao ouvir um barulho vindo das bananeiras, olhou naquela direção e viu a mãe que pediu-lhe apenas para ter paciência.
Eufórico, Chico foi contar à madrinha que, certa de que ele mentia, aplicou-lhe uma surra e pediu ao padre que ajudasse a corrigir o mentiroso. Chico foi obrigado a rezar mil ave-Marias e, nas procissões, carregar sobre a cabeça uma pedra enorme.
Ele ficou com a madrinha somente por dois anos. Seu pai casou-se novamente e a madrasta, uma boa mulher, recolheu os filhos do primeiro casamento e acabou de criá-los.
Sofreu todo tipo de agressão e preconceitos nas mãos da família, padres e vizinhos que viam nas suas manifestações mediúnicas apenas ‘coisa do diabo’. Para entender o que acontecia consigo mesmo, passou a estudar os livros do espiritismo.
Seu primeiro contato com um centro espírita foi através de um casal amigo da família que auxiliou quando sua irmã com 17 anos vítima de uma obsessão foi internada. O casal levou a família de Chico ao centro espírita e sua irmã recuperou-se. A partir daí, reduziu-se a pressão da família sobre a mediunidade de Chico.
Em 1931 teve o primeiro contato com seu guia espiritual Emmanuel.
Em 1932, com apenas o primário completo publicou seu primeiro livro: “Parnaso de Além-Túmulo” com 56 poemas de 14 autores diferentes, todos desencarnados.
Em 1937 publica “Crônicas de Além-Túmulo”, atribuído a Humberto de Campos, escritor morto três anos antes. A família do escritor levou Chico à justiça exigindo pagamento dos direitos autorais e pedindo a especialistas que estudassem os textos. Porém a própria mãe do autor declarou: “O estilo é o mesmo do meu filho. Não tenho dúvidas.” Em 1944 foi dado veredicto favorável a Chico que pôde prosseguir seus trabalho, mas preferiu não usar mais o nome do autor.
Chico nunca se defendeu de nenhuma acusação, ele dizia que seu defensor era Jesus. “Fico triste quando alguém me ofende, mas, com certeza, eu ficaria mais triste se fosse eu o ofensor...”
Em 1943, surge outra entidade que, junto a Emmanuel acompanhou Chico, sendo responsável por 15 livros 11 deles pertencentes à série “Nosso Lar”, que relata a vida no mundo espiritual. Essa entidade jamais revelou seu nome, sendo conhecido apenas como André Luiz.
A partir daí, Chico passa a ter uma atuação mais pessoal na assistência social, criando centros de ajuda às vítimas do pênfigo e de amparo a idosos e crianças abandonadas e a ex-presidiários. Antes, já doava toda a renda de seus livros à entidades espíritas e de caridade.
Chico nunca pediu, nem esperou, nem reclamou nada das autoridades, através de todos os que tinham compaixão auxiliava os doentes, os carentes, os desequilibrados e sofredores.
Em janeiro de 1959 mudou-se para Uberaba à procura de um clima mais saudável e condizente com seus vários problemas de saúde.
Na década de 70 houve a exibição de dois pinga-fogo, programas de entrevista com Chico, realizados pela TV Tupi, foi quando o povo pôde sentir a grandiosidade de sua alma.
Sua sinceridade deu credibilidade ao espiritismo, sendo um dos responsáveis pela solidificação da doutrina espírita no Brasil e no mundo com mais de 400 obras psicografadas e milhares de cartas que traziam consolo e conforto a inúmeras famílias.
Como médium, Chico tinha praticamente todos os tipos de mediunidade. Era médium 24 horas por dia, vivia entre os dois mundos.
Como ser humano, Chico era um homem simples, sempre em busca de conhecimento e paz. Afirmando sempre que ... o caminho passava pela humildade, o silêncio e a compreensão.
Sempre jovial, contava e gostava de ouvir causos. Era alegre. No dever era sério, silencioso, nunca faltou um dia ao trabalho. Era um espírito sábio que trazia muitos conhecimentos de vidas passadas.
Seus problemas de saúde não eram provações envolvendo resgate do passado, mas uma escolha pessoal. Os espíritos superiores, quando vêm à Terra, sempre pedem a companhia da dor, da dificuldade para não se desviarem de sua missão.
A grandeza de Chico não estava em seus dons mediúnicos, mas sim no que fazia deles. O seu mandato mediúnico, com disciplina e humildade, esclareceu, consolou, e orientou a vida das pessoas. Ele exerceu a verdadeira mediunidade com Jesus. Viveu tudo o que escreveu, caridade sem limites, o silêncio sobre o bem realizado, viveu o evangelho de Jesus. Foi fiel a Jesus e à doutrina
Exemplo da bondade personificada era chamado de Chico Amor Xavier. Porque sabia amar o amor que Jesus ensinou, o amor universal. Amor que emanava dele e envolvia a todos ao seu redor. “Amar sem esperar ser amado e sem aguardar recompensa alguma. Amar sempre.”
Certa vez foi procurado pelo jornalista Marcel Souto Maior que pretendia ‘desmascará-lo’, quando em sua presença, o jornalista não conseguiu emitir uma única palavra frente à grandeza do amor que emanava de Chico, apenas chorou. E mesmo não sendo espírita escreveu após isso a mais bela biografia de Chico Xavier que acaba de virar filme.
De outra vez, uma senhora retornou a Chico com uma mensagem escrita por ele reclamando que havia um erro em sua assinatura. Ele havia assinado Cisco Xavier. Chico esclareceu que não havia qualquer engano: “Eu represento aquilo que um pé de grama representa numa cancha de futebol. Um pé de grama desaparece, outro aparece. Eu me sinto como um cisco.” Um cisco diante da imensidão.
É impressionante a humildade desse espírito tão grandioso que se apequenou num corpo de carne para nos ensinar o amor, a caridade, a resignação, a fé. E nós que nos achamos tão grandes, na verdade, somos tão pequenos, infinitamente menores que um cisco. Infinitamente menores que um Chico amor Xavier, mas infinitamente gratos a Deus, a Jesus, a espiritualidade maior pela oportunidade de termos, um dia, recebido os ensinamentos de Chico, de seu exemplo de amor e vivência do evangelho, e peçamos a Deus, eternos pedintes que somos, que possamos um dia ser capazes de seguir seus passos.