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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Tire Férias de Você

Baseado no livro Técnicas de Viver pelo espírito Kelvin Van Dine e psicografia de Waldo Vieira.

Todos nós necessitamos, em determinados períodos das nossas vidas, tirarmos férias, seja do trabalho, da escola, da faculdade. Fazemos aquela pausa em que nos dedicamos ao nosso descanso, a refazer as nossas energias e retornamos renovados às nossas atividades.

Kelvin nos faz um pedido diferente... Que tiremos férias de nós mesmos. Mas como assim? Como tirar férias de nós mesmos? E por quê?



No início do texto Kelvin nos faz a seguinte colocação: “Em tudo, nossa tendência instintiva é ver a nós mesmos. Somente nós. Sempre nós.”



Estamos no nosso dia-a-dia, sempre assoberbados com o nosso trabalho, o sustento de nossa família, nossos afazeres, nossas preocupações, nossas dores, nosso eu nos toma praticamente todo o nosso tempo, as vinte e quatro horas de nosso dia.



As conquistas materiais são necessárias, precisamos delas para vivermos nesse mundo, para aproveitarmos esta encarnação. Precisamos trabalhar, construir nossa família, mantê-la, precisamos viver com conforto e proporcioná-lo a nossa família, não há erro nisso. O erro está em focarmos nossas vidas apenas nisso e esquecermos que existe o próximo ao nosso redor.



No LE questão 913 Kardec pergunta aos espíritos: “Entre os vícios, qual se pode considerar o pior? É o egoísmo. Dele deriva todo o mal. Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos existe o egoísmo.”



Mais adiante na questão 917 ele pergunta: “Qual o meio de destruir o egoísmo? De todas as imperfeições humanas, a mais difícil de extinguir é o egoísmo, porque se liga à influência da matéria da qual o homem, ainda muito próximo de sua origem, não se pode libertar. O egoísmo enfraquecerá com a predominância da vida moral sobre a material.



Precisamos entender que somos seres espirituais vivendo uma experiência material. Por isso Jesus nos aconselhava a “vivermos no mundo sem sermos do mundo”.



Mais Adiante no texto Kelvin nos diz “Façamos a convergência e a parada de nosso carro nas estações de outras criaturas.
Tire férias de você de quando em quando. Pense nos outros. Olhe, fale, pergunte, sonde crises e dificuldades adentrando o calvário do próximo com o objetivo de auxiliar.”



Costumamos nos utilizar de muitas justificativas sem lógica para não praticarmos a caridade, para não auxiliarmos o próximo, tais como: “não possuo recursos, não tenho tempo, minha saúde está precária” e por aí vai...



No ESE cap. XIII item 10 nos dizem os espíritos amigos: “A caridade se faz de muitas maneiras, podeis fazer a caridade em pensamentos, em palavras e em ações.”

Em pensamento: fazendo uma prece por aqueles que sofrem mais do que nós.

Em palavras: orientando aqueles que nos pedem um bom conselho. Palavras de incentivo, de esperança, ajudam-nos a ter forças para continuar.

Em ações: fazendo chegar o alimento, o agasalho e ao carinho àqueles que necessitam.


Quando praticamos a caridade material, damos do que temos. Quando praticamos a caridade moral, damos do que somos.



No LE questão 886 kardec pergunta: “Qual é o verdadeiro sentido da palavra caridade como entendia Jesus?Benevolência com todos, indulgência com as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.



Passamos a vida a olhar os nossos próprios passos sem percebermos que, ao nosso lado, em silêncio, alguém aguarda uma mão amiga para ajudá-lo na existência e por diversas vezes, esse alguém está conosco, dentro das nossas casas, e não percebemos que necessitam de ajuda.



O nosso familiar consangüíneo também é o nosso próximo. E mais, se estamos juntos na presente encarnação não é por obra do acaso, existe para isso uma finalidade. Deus sempre coloca os necessitados em nossos caminhos, perto de cada um de nós, para que possamos ajudá-los, e dessa forma nos ajudarmos também.



Como já dissemos, o nosso dia-a-dia corrido, a preocupação com o trabalho e com os nossos próprios problemas, nos impede de observar com um pouco mais de atenção até mesmo aqueles que conosco dividem o lar.



Mergulhados em nossas próprias preocupações não percebemos o filho que passa por problemas e que por isso não vai bem na escola necessitando do nosso diálogo, do aconselhamento seguro papel fundamental que temos como pais, não notamos o abatimento e a mágoa que causamos na esposa ou no esposo pela nossa indiferença, cansado demais do trabalho para uma conversa amiga, um gesto de carinho e por aí vai...



Vamos criando situações que mais tarde gerarão conflitos e nos perguntaremos, porque o filho tão revoltado se nada lhe falta? Talvez nada faltou-lhe materialmente, mas faltou o dialogo, a orientação. Por que o fim do relacionamento, se fomos fieis ao cumprimento de nossas obrigações com o lar? Mas faltou o carinho, a conversa fraterna, o entendimento...



Aqueles que conosco dividem o lar são, talvez, os mais necessitados da nossa caridade, como entendia Jesus, porque são espíritos com os quais certamente trazemos compromissos anteriores e que conosco compartilham a existência para que aprendamos juntos a nos amarmos e nos respeitarmos.



Outra questão importante que Kelvin nos coloca “Organize o contentamento alheio sem cogitar de aparecer.”



No livro Os Prazeres da Alma o espírito Hammed nos diz: “Muitos de nós nos doamos porque esperamos receber em troca atenção e respeito de outras pessoas. Isso não é ajuda real nem mesmo está unido ao amor; mais se assemelha a uma forma de barganha, seguida de eternas cobranças.”



Quando fazemos o bem a alguém devemos fazê-lo não para ficar bem aos olhos dos outros, ou para nos desincumbir de uma obrigação; deveríamos fazer o bem porque nos faz bem.



Isso nos lembra uma pequena história que conta que um homem morava num bairro do qual todos os dias saía pela manhã com uma sacola cheio de moedas e voltava ao final do dia com a mesma sacola cheia de moedas. Não era querido pela comunidade, e todos o enxergavam como avaro, mesquinho e egoísta, exibindo dinheiro por onde passava e sem distribuir nada a ninguém. Até que esse homem morreu, e no seu enterro foram centenas de pessoas, muitos mendigos para surpresa geral. Ao indagarem o motivo de tanto deferimento, os mendigos explicaram que ele sempre levava moedas para lhes ajudar. Saia de casa mais cedo, distribuía aos necessitados e na volta do trabalho passava no banco e retirava mais moedas para o dia seguinte. A vizinhança o julgava e ninguém sabia disso, mas para ele não era importante que alguém soubesse, pois ele e Deus sabiam.



Caridade é aprender a ser benevolente em todas as situações, é ajudar sem perguntar e nem impor condições, é perdoar e não guardar mágoas, amando a Deus acima dos interesses materiais, vivendo humilde e ternamente relações enriquecedoras a partir do nosso próprio lar.



Kelvin finaliza nos aconselhando “Excursione nas províncias em que se entrechocam as esperanças e as provas dos outros e experimente. Você voltará ao distrito das próprias lutas de ânimo mais saudável e de espírito sempre melhor.”



Temos memória curta, nos esquecemos da alegria que nos invade quando ajudamos o outro, motivados por bons sentimentos e até a vibração de amor que toma conta de nós quando fazemos uma prece pelos outros. Quando emitimos vibrações de amor pelo outro estamos nos imantando de fluídos emanados por nós mesmos e somos os primeiros beneficiados por eles.



Além disso, nunca sabemos se estamos ajudando alguém querido de uma outra vida e que agora em outra roupagem física não reconhecemos. Nessa interrogação que fica muitas vezes em nossas mentes, vamos construindo novos laços de amor e amizade entre nós.



Assim respondemos às perguntas que nos fizemos lá no início: Como tirarmos férias de nós mesmos? Olhando para o lado, para as necessidades do nosso próximo, auxiliando, estendendo a mão àqueles que necessitam mais do que nós e muitas vezes estão ao nosso lado e não enxergamos por estarmos tão focados em nós mesmos, na nossa vida diária e nas nossas próprias dores, que talvez nem chegue aos pés da dor daqueles que nos cercam.



Por quê? Porque através do próximo é que evoluímos, auxiliando o próximo desinteressadamente estamos auxiliando a nós mesmos, à nossa evolução e revigorados pelas energias da prática do bem voltaremos aos nossos problemas, lidaremos com as nossas dores, mais fortalecidos enxergando-as muito menores do que pareciam ser.