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terça-feira, 10 de abril de 2012

O Estranho no Ninho

   Domingo a tarde divagando e conversando comigo mesma refletia sobre aqueles que possuem dificuldades de sentir-se a vontade em sua própria família.

   Pessoas que sentem-se como estranhos no ninho, observando os acontecimentos, problemas e adversidades como quem está do lado de fora, sem conseguir sentir-se parte daquele ambiente por mais que tenha nascido e crescido entre aquelas pessoas. Sentem-se constrangidos com hábitos, costumes, atitudes com as quais não concordam ou não conseguem habituar-se.

   Alguns possuem sérias dificuldades de lidar com isso e fecham-se num ostracismo que beira o egoísmo ou a depressão, levando-os a atos impensados e inconsequentes. Outros, aprendem a lidar com isso desenvolvendo sua independência e procurando lidar com os sentimentos contraditórios.

   Divagava sobre as dificuldades dessas criaturas e muitas vezes da solidão e saudade que sentem e que não conseguem definir de que, de onde ou de quem... É como encontrar-se sozinho, em país estranho, sem falar a língua local...

   A tardinha ao fazer o Evangelho no lar fui presenteada com a resposta dos amigos espirituais através da mensagem aberta no Cap. IV item 18, do qual transcrevo um pequeno trecho:

   "... Diz-se, falando de uma pessoa cujo caráter, gostos e inclinações não tem nenhuma semelhança com os de seus parentes, que ela não é da família. Dizendo isso, se enuncia maior verdade do que se crê. Deus permite, nas famílias, essas encarnações de Espíritos antipáticos ou estranhos, com o duplo objetivo de servir de prova para alguns, e de meio de adiantamento para outros. Os maus se melhoram pouco a pouco ao contato dos bons e pelos cuidados que deles recebem; seu caráter se abranda, seus costumes se depuram e suas antipatias se apagam; é assim que se estabelece a fusão entre as diferentes categorias de Espíritos, como ocorre na Terra, entre as raças e povos." 

domingo, 8 de abril de 2012

Pedi e Obtereis (ESE Cap XXVII)


O Mestre nos ensinou que a prece é ponte de ligação com Deus e com a espiritualidade amiga que nos guia e auxilia em nossa jornada. E nos ensinou ainda como orar, como utilizarmos esta ponte de ligação.

No item 4 deste capítulo os Benfeitores enumeram 4 características principais da prece, as quais vamos analisar uma a uma.

A primeira delas diz o seguinte: “Quando orardes não vos coloquei em evidência, mas orai secretamente”.

Na antiguidade, quando ainda primitivos, nós acreditávamos que para buscar Deus necessitávamos de sacrifícios, oferendas, cultuávamos a aparência, após algum tempo de amadurecimento espiritual nosso, Jesus veio nos ensinar a buscarmos Deus em espírito e em verdade, na essência, dentro de cada um de nós.

Ele nos ensinou que quando quiséssemos falar ao Pai, nos recolhêssemos a lugar reservado, o nosso quarto, por exemplo e abríssemos nosso coração. Mas em nosso nível evolutivo pouco avançado, ainda valorizamos as aparências e esquecemos de cuidar do nosso interior, da verdadeira fé, somos como os sepulcros caiados, demonstrando religiosidade por fora, mas sem nenhuma fé verdadeira, interior.

No Livro Nossos Filhos são Espíritos, Hermínio Miranda nos diz: “O recurso da prece está sempre à nossa disposição, em qualquer lugar, momento ou situação. Não precisa nem mesmo ser verbalizada em voz alta, basta ser pensada.”

A segunda característica nos diz: “Não afeteis de muito orar, porque não é pela multiplicidade das palavras que sereis atendido, mas pela sua sinceridade.”

Todos nós aprendemos em nossa infância a recitar alguma prece que repetíamos todas as noite em alguns casos. Também gostamos de preces bonitas, com palavras comoventes, mas não é essa a verdadeira prece, a ponte de ligação que Jesus nos ensinou.

Quando nos atemos a palavras decoradas, bonitas, muitas vezes vamos repetindo sem mesmo nos darmos conta do que estamos falando, apenas repetimos aquelas palavras maquinalmente uma centena de vezes sem sentirmos realmente aquilo que estamos falando.

A prece é uma conversa com Deus ou com algum espírito amigo de nossa confiança e quando conversamos com um Pai ou com alguém em quem confiamos, a conversa deve ser franca, respeitosa, na qual abrimos nosso coração e as palavras devem vir do coração. Por mais simples que sejam, serão sinceras, serão verdadeiras e Deus ou os espírito amigo nos entenderá, porque ele conhece as nossas necessidades e pode sentir a sinceridade de nosso coração.

A terceira característica nos diz assim: “antes de orar, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoa-lhe, porque a prece não será agradável a Deus, se não parte de um coração purificado de todo sentimento contrário à caridade.”

A prece sendo uma ligação com Deus, esta ligação não será possível se o nosso telefone, o coração estiver ocupado de mágoas, ressentimentos, ódios, rancores. Estaremos sempre dando sinal de ocupado.

É preciso retirar de nosso coração todos esses sentimentos que só nos fazem mal, que nos afastam da sintonia com os espíritos amigos, que nos fazem vibrar em faixas de sintonia inferiores.

Jesus sempre nos recordava a necessidade do perdão, não apenas como um bem para o nosso próximo, aquele que nos ofendeu, mas como um bem maior a nós mesmos, o perdão liberta-nos enquanto o rancor, a raiva o ódio nos prendem aquele que nos magoou e nos sintonizam com aqueles que não querem o bem.

Talvez não seja possível a reconciliação com o ofensor, pois este pode não estar disposto a isso, mas nos cabe, mesmo assim perdoar-lhe, pois somente assim sintonizaremos com os amigos espirituais. É preciso enxergar no ofensor alguém que adoeceu espiritualmente e que precisa de ajuda. Se não podemos ajudá-los diretamente, ajudemos incluindo-os em nossas preces para encontrem o caminho do perdão, da paz e do bem.

A quarta característica nos solicita a “orar com humildade, e não com orgulho, examinar os vossos defeitos e não as vossas qualidades, e se vos comparardes ao outros, procurai o que há de mal em vós.”

Temos o hábito em nossas orações de pedir, antes de agradecer, e quando pedimos, muitas vezes queremos barganhar com a espiritualidade, fazendo promessas as mais absurdas.

Nossas preces não serão atendidas porque prometemos isso ou aquilo a Deus ou aos espíritos amigos. Ela será atendida pelo nosso merecimento, pela nossa vontade de nos melhorarmos, e pela busca dessa melhoria em nós.

Deus conhece nossas qualidades e defeitos, não é necessário que na prece fiquemos nos exaltando, senhor me dê isso porque sou bom, porque sou caridoso, por que ajudo isso aquilo. O que precisamos é reconhecer não apenas nossas qualidades, mas principalmente os nossos defeitos, o que ainda temos a melhorar em nós e buscarmos essa melhoria procurando lutar contra nossas limitações. Sejamos humildes e peçamos em nossas preces aquilo de que realmente necessitamos, força e coragem para vencer a nós mesmos.

E respeitemos as limitações alheias, não apontemos em nossas preces ou em qualquer momento de nossas vidas, os defeitos do nosso próximo. Respeitemos o tempo de cada um e as diferenças entre nós, não joguemos em ombros alheios o que nos cabe fazer.

No livro Espiritismo Nova Era, Richard Simonnetti nos diz: “Não há oração mais prontamente atendida do que aquela em que, cultivando a reflexão e reconhecendo nossas limitações, pedimos ao Senhor, com todas as forças de nossa alma, ajude-nos a superá-las.”

“O plantonista do atendimento fraterno, no centro espírita, conversava com o assistido:
- Então, meu amigo, como tem passado? Melhorou o ânimo, superou as tensões?
O interpelado esboçou um sorriso:
- Bem, com os passes semanais e a leitura do evangelho, sinto-me mais animado. Mas os problemas permanecem do mesmo tamanho. Minha esposa, neurótica como sempre, atazana minha vida; os filhos, indisciplinados, conturbam o lar; os subordinados, na atividade profissional, são uns incompetentes, obrigando-me a redobrada vigilância. Tudo isso me aborrece muito... Precisaria receber pelo menos três passes diários para compensar os desgastes...
- Fardo pesado?...
- Nem me fale! Como dizia o filósofo, “o inferno são os outros!”
- Tem orado?
- Sim, conforme sua recomendação, todas as noites após a leitura do evangelho.
- E como faz?
- Dirijo-me a Jesus...
- Sim, mas o que pede?
- Que dê um jeito na minha vida, tornando minha mulher menos impertinente, meus filhos mais obedientes, minha saúde menos oscilante, meus subordinados mais aplicados...
- Bem, sugiro uma mudança. Peça as bênçãos divinas para sua família, seus negócios, sua vida, sem detalhamentos. E centralize a oração num ponto fundamental: peça a Deus que lhe dê o dom da compreensão.
- Só isso?
- Sim.
- Será bem curta.
- Não é a extensão que faz a oração funcionar. Deus sabe de nossas necessidades, deixe o coração falar.
Após algumas semanas o assistido retornou, expressão alegre, feliz...
- Então, como está?
- Ótimo! A oração que me ensinou é joia! A esposa está numa fase boa, os filhos mais obedientes, os funcionários da empresa mais aplicados, a saúde melhor. Parece mágica! Mudou tudo!
O plantonista sorriu:
- Não há nenhuma mágica, meu amigo. O que mudou foi a sua visão, a partir do momento em que deixou de pedir a Deus que desse jeito naqueles que o cercam e pediu um jeito de enxergá-los melhor.”