Texto baseado no livro Técnica de Viver de Kelvin Van Dine e que foi a minha exposição de ontem no Recanto, em pleno carnaval falando de morte, o público me olhava espantado, quase que eu não saí viva de lá hehehehe....
Mas acho que o tema até que veio a calhar como uma reflexão a todos nós sobre nossos atos nesse período conturbado do ano...
Sabemos
que antes de reencarnar fizemos inúmeras programações para a nossa evolução,
porém quando encarnados de nada nos lembramos, tudo nos é incerto. A única
certeza que temos na vida é que um dia, mais cedo ou mais tarde, por um motivo
ou outro, de uma forma ou outra, por mais que relutemos, todos nós vamos
morrer.
O medo da morte é o medo do desconhecido, da incerteza do
que ocorre pós morte. Não nos lembramos de nossas estadas no plano espiritual e
tudo o que é incerto nos assusta. Quando nos mudamos de cidade, por exemplo,
nos sentimos angustiados, temerosos, não sabemos ao certo o que vamos
encontrar. Quando mudamos de emprego novamente os temores de como serão os
colegas novos, as tarefas novas, se saberemos desempenhá-las satisfatoriamente.
E quando lá chegamos, seja na nova cidade ou no emprego novo, vamos conhecendo
as pessoas, o ambiente, algumas vezes até encontramos velhos conhecidos e logo
nos ambientamos, o mesmo certamente ocorre no plano espiritual.
Além
disso, vivemos ainda a cultura do pecado original, onde desde sempre nos são
apontadas pelas religiões predominantes duas alternativas únicas para o pós
morte: o inferno, para o qual praticamente todos estamos condenados, pois não
existe quem de nós não tenha seus "pecados" ou um céu contemplativo e
chato, de monotonia e carolices, com anjinhos tocando harpa e todos tomados
pela preguiça e pelo ócio. Nenhum dos dois locais nos parece atrativo.
O Espiritismo foi o consolador prometido por Jesus para nos
auxiliar nesse momento, seu conhecimento nos acalma e nos traz a certeza de que
a vida continua e que a morte é apenas uma transformação, uma passagem de um a
outro planos da vida.
Kelvin no diz
que: “O espiritismo expulsa o temos do coração. Desanuvia o futuro. Mantém a
confiança na marcha da vida que escolhemos.”
Joanna de Angelis no Livro O
despertar do Espírito nos diz o seguinte: "O medo da morte pode ter origem
na infância. Quando mal informada, a criança experimenta pavor ante o
desaparecimento dos seres queridos e, por consequência da sua própria
desintegração. Não absorvido esse temor, mais tarde se transforma em
desequilíbrio que gera perturbação e transtorna o comportamento do
indivíduo."
Por instinto de proteção, para poupá-las da dor, para
postergar sofrimentos que acreditamos desnecessários para nossas crianças nos
acostumamos a omitir a morte através de desculpas como viagens intermináveis ou
a velha estória de que os entes queridos viraram estrelinhas no céu. Não
percebemos que vamos criando no interior de nossos pequenos o medo da
desintegração, pois sem uma explicação descente o que fica é a impressão de que
aqueles que morreram simplesmente desapareceram e que isso é ruim e pode
acontecer com todos inclusive com eles.
Precisamos, como espíritas, que já possuímos o conhecimento
da vida espiritual, irmos lentamente inserindo esses conceitos na educação de
nossos pequenos, com certeza nos surpreenderemos com a sua capacidade de
compreensão quando percebem que não estão sendo enganados. As crianças sempre
reagem melhor quando se diz a verdade.
A evangelização infantil através do centro espírita que
oferece esse trabalho é de extrema importância, pois auxiliam os pais nesses
momentos tão difíceis. A literatura espirita infantil já é vasta e pode ser um
bom meio de auxílio através de contos infantis mais próprios ao entendimento
dos pequenos. Dessa forma nos tornamos adultos mais seguros em relação à morte.
Outro ponto que precisamos ressaltar é quando da perda de
nossos entes queridos, que na verdade nunca perdemos, eles permanecem vivos do
outro lado da vida, no plano espiritual, preparando-se para novas etapas de
evolução e muitas vezes nos esperando quando chegar a hora de empreendermos
também nós a nossa viagem de volta à nossa verdadeira Pátria que é a
Espiritual, as separações são apenas momentâneas.
Kelvin nos
convida que raciocinemos em termos de eternidade, somos espíritos eternos. E
Hammed no Livro Renovando Atitudes nos diz que “Somos nômades do Universo,
viajantes das vidas sucessivas na busca do aperfeiçoamento.
No ESE Cap. XXIII
item 8 nos dizem os benfeitores espirituais que: “A vida espiritual é, com
efeito a verdadeira vida, é a vida normal do espírito, sendo-lhe transitória e
passageira a existência terrestre, espécie de morte, se comparada ao esplendor
e á atividade da outra.
Cabe-nos aqui abrir um parênteses, a vida espiritual é
nossa verdadeira vida, mas a vida na Terra nos é oportunidade impar de
crescimento, de evolução que Deus em sua infinita misericórdia nos concede,
portanto não nos cabe, em nenhuma hipótese, buscar a morte, ela nos chegará
quando for o momento adequado. A situação espiritual dos suicidas é bastante
difícil, buscando fugir dos problemas eles os encontram ainda mais agravados do
outro lado, nada é como imaginavam que seria. Devemos valorizar a vida na Terra
como uma benção.
Mas voltando a nossa viagem ao mundo espiritual, quando
estamos para fazer uma viagem nos preparamos, nos organizamos, arrumamos a
bagagem e tomamos diversas outras providências como colher informações sobre o
local, procurar conhecidos nesse local, se é fora do país procuramos a moeda
local.
E para o mundo espiritual o que levamos na bagagem?
No livro Abaixo à
Depressão, Richard Simonetti nos diz que: “Levaremos as aquisições que, segundo
Jesus as traças não roem nem os ladrões roubam, caracterizadas pelos valores
culturais, intelectuais, morais, espirituais...
Portanto, em nossa bagagem não haverá espaço para os bens
materiais, de nada adianta nosso apego a eles, não os levaremos conosco.
Precisamos preparar nossa bagagem moral, nos despojarmos de nossos vícios,
nossos defeitos e levar conosco as virtudes que pudermos desenvolver: a
paciências, o perdão, a alegria, a compreensão, o amos, a caridade, o bem que
fizermos em toda a parte.
Para toda viagem fazemos um roteiro, para que tudo 'corra bem' e no Livro Abaixo à Depressão, Richard Sominnetti nos traz um pequeno roteiro para a nossa principal viagem, a de retorno ao mundo espiritual, para que tudo 'corra bem':
“Há algumas providências que podemos tomar,
evitando desagradáveis surpresas no Além:
1ª Preparar a
bagagem permitida: virtudes e conhecimento;
2ª Colher
informações sobre o local: estudar a doutrina espírita;
3ª Provisionar as
moedas do além: praticando ainda aqui boas ações;
4ª Cuidar da
saúde da alma: superar vícios e paixões;
5º Conquistar
amigos do outro lado: socorrendo os seus familiares aqui deste lado.
Assim, não haverá o que temer. A
partida será tranquila, sem traumas, com amparo espiritual, acolhimento festivo,
sentimento de inefável felicidade, sustentado pela consciência do dever
cumprido.”
Somos espíritos imortais, é o que nós coloca Kelvin nesse texto e eternamente responsáveis por nossos atos, independente da época do ano, do momento ou do local em que foram realizados, mesmo que seja carnaval, nossos atos permanecerão conosco em nossa consciência e em nossa bagagem espiritual, pensemos bem nos nossos atos...