Do livro "Espiritismo, uma nova era" de Richard Simotti:
O plantonista do atendimento fraterno, no Centro Espírita, conversava com o assistido.
- Então, meu amigo, como tem passado? Melhorou o ânimo, superou as tensões?
O interpelado esboçou um sorriso.
- Bem, com os passes magnéticos semanais e a leitura diária do Evangelho, sinto-me mais animado. Mas os problemas permanencem do mesmo tamanho. Minha esposa, neurótica como sempre, atazana minha vida; os filhos, indisciplinados, conturbam o lar; os subordinados, na atividade profissional, são uns incompetentes, obrigando-me a redobrada vigilãncia. Tudo isso me aborrece muito... Precisaria receber pelo menos três passes diários para compensar os desgastes...
- Fardo pesado?...
- Nem me fale! Como dizia o filósofo, "o inferno são os outros!..."
- Tem orado?
- Sim, conforme sua recomendação, todas as noites, após a leitura do evangelho.
- E como faz?
- Dirijo-me a Jesus...
- Sim, mas o que pede?
- Que dê um jeito na minha vida, tornando minha mulher menos impertinente, meus filhos mais obedientes, minha saúde menos oscilantes, meus subordinados mais aplicados...
- Bem, sugiro uma mudança. Peça as bençãos divinas para a sua família, seus negócios, sua vida, sem detalhamentos. E centralize a oração num ponto fundamental: peça a Deus que lhe dê o dom da compreensão.
- Só isso?
- Sim.
- Será bem curta...
- Não é a extensão que faz a oração funcionar. Deus sabe de nossas necessidades. Deixe falar o coração...
Após algumas semanas o assistido retornou, expressão alegre, feliz...
- Então, como está?
- Ótimo! A oração que me ensinou é jóia! A esposa está numa fase boa, os filhos mais obedientes, os funcionários da empresa mais aplicados, a saúde melhor. Parece mágica! Mudou tudo!
O plantonista sorriu:
- Não há nenhuma magia, meu amigo. O que mudou foi a sua visão. a partir do momento em que deixou de pedir a Deus que desse um jeito naqueles que o cercam e pediu um jeito de enxergá-los melhor. Cultivando a compreensão aprendemos a respeitar a maneira de ser das pessoas, sem a pretensão de moldá-las às nossas conveniências.
- Curioso é que elas melhoram...
- Apenas respondem aos nossos estímulos, quando nos propomos a identificar seus valores positivos e relevar suas falhas. É como cuidar de plantas. Se nutrirmos espinhos teremos o espinheiro. Se irrigamos flores, formaremos um jardim. A compreensão o fez melhor e o mundo melhorou com você.