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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Sobre Saudade...

   "É a ausência dos fluídos de outra pessoa em nós que nos impõe um sentimento que chamamos saudade. Sentimos a presença ou a ausência dos fluídos característicos tanto de pessoas quanto de lugares. Saudade, então, representa um processo de desnutrição psíquica que pode fazer adoecer, psicológica e fisicamente, ou mesmo matar biologicamente. Morre-se de saudade como se morre de inanição no mundo." Raul Teixeira - Desafios da Vida Familiar

   Esta noite sonhei que havia ido com meu pai visitar meu tio desencanado há quase 18 anos.

   Meu tio era meu amigo de infância, pela nossa diferença de idade, posso dizer que ele era o irmão mais velho que eu não tive.

   Lembro de nossas tardes brincando eu, ele e meu irmão. Eu era a única pessoa pra quem ele emprestava suas raquetes de tênis, as quais cuidava com desvelo. Talvez por isso hoje eu goste e tenha tanta paciência para assistir partidas de tênis, me recordam as brincadeiras de infância. Pena não ter realmente aprendido a jogar.

   Do sonho lembro pouca coisa. Lembro de estar sentada a seu lado em um sofá conversando alegremente. O rosto dele era o mesmo da última vez que o vi. Lembro apenas de uma frase que eu lhe disse elogiando como minha avó estava bonita. Minha avó, mãe dele, desencarnou há poucos meses. Não lembro de vê-la no sonho. Mas creio que estão juntos agora, cuidando um dos outro.

   Lembro de voltar de lá com meu pai e de ônibus. Mas o ônibus não era nada semelhante aos daqui, era bem mais bonito e confortável.

   Na verdade ainda não entendo o que meu pai fazia no sonho, pois os  familiares em questão eram da parte de minha mãe. Talvez pela confiança que tenho nele iria a qualquer lugar sem perguntar.

   Ah, a Patativa aí ao lado é uma homenagem ao querido amigo que me chamava por esse nome. Em minha infantil ignorância confesso que não gostava do apelido, talvez porque me remetesse à pata.

   "A patativa é um pássaro canoro, seu canto é triste, melodioso e muito afinado." Cultura Mix Animais

   Não compreendia a delicadeza do amigo de me chamar por pássaro de tão belíssimo canto. Adjetivo que confesso não merecer dado minha tendência ao desafino.

   Acordei com esta sensação que tão bem descreve Raul Teixeira no livro 'Desafios da Vida familiar'. Acredito nunca ter lido tão perfeita definição para a saudade e tão completa. Apenas discordo que se morra de saudade, acho que apenas se deixe morrer (suicídio inconsciente), é necessário aprender a conviver com ela e com a certeza de que aqueles que se amam nunca se separam, permanecem unidos pelos laços do amor e, um dia, voltarão a se abraçar  no infinito das moradas do Pai.

Um comentário:

Cláudio disse...

Acho que ter saudade é bom... Pior seria não tê-la, pois dessa forma a pessoa não teria nos 'marcado'. Tadinha, vai passar, 'nossa' patativa! Um abraço do Cláudio.