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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

A outra face

   "A mensagem do Mestre Nazareno nos leva a admitir que se alguém nos agredir de fora para dentro, vale a pena mostrar os valores morais que já nos exornam o âmago do ser, o que já somos de dentro para fora, o lado melhor, o da tolerância, o da compreensão, o do perdão; a outra face, enfim." Raul Teixeira - Desafio da Vida Familiar

   Sempre me intrigou o ensinamento do Mestre referente ao dar a outra face, compreender a necessidade do perdão para que possamos nos libertar da ligação com o agressor sempre me foi aceitável, mas aceitar que é necessário permitir que o agressor continue a nos agredir sem ao menos nos defendermos me era inexplicável.

   Mas o Mestre, extremamente sábio trazia outro sentido nessas palavras. Não que devêssemos nos permitir que continuassem a nos agredir, nos magoar, nos humilhar em prol do dar a outra face.

   O dar a outra face refere-se sim ao perdão, mas o perdão que liberta-se do outro se este continuar na faixa de agressão em que se encontra. O dar a outra face é não revidar o mal, não agredir, não responder na mesma moeda, mas mostrar ao outro o bem que já existe em nós.

   Bem que nos permite perdoar, mas que nos liberta do mal que não merecemos, que nos permite continuar fazendo o bem mesmo tendo recebido o mal, mas que não nos torna submissos de quem ainda vagueia pelas estradas das paixões inferiores.

   Mostrar a outra face é perdoar, mas não significa manter-se sob o jugo do algoz, é perdoar e seguir seu caminho, mesmo que o outro não siga conosco, que fique ainda na faixa vibratória em que se encontra, mas seguirmos fazendo o bem para que sejamos o exemplo da outra face, do como proceder.

   A outra face do mal é o bem. Perdoar e fazer o bem, mas com energia suficiente para combater o mal, e não ser conivente com ele, não ser cúmplice do mal. Jesus era a bondade encarnada, o perdão encarnado, mas era também enérgico, firme em suas palavras, perdoava, mas advertia. Bendizia, ensinava, guiava, mas permitia que cada um seguisse seu próprio caminho.

   Sigamos o nosso caminho mostrando a outra face a face do exemplo do trabalho no bem, a face da caridade e do amor ao próximo e também do amor a si mesmo.


   "O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons." Martin Luther King


   "Levado o ensino às suas últimas conseqüências, importaria ele em condenar toda repressão, mesmo legal, e deixar livre o campo aos maus, isentando-os de todo e qualquer motivo de temor. Se se lhes não pusesse um freio as agressões, bem depressa todos os bons seriam suas vítimas. O próprio instinto de conservação, que é uma lei da Natureza, obsta a que alguém estenda o pescoço ao assassino. Enunciando, pois, aquela máxima, não pretendeu Jesus interdizer toda defesa, mas condenar a vingança. Dizendo que apresentemos a outra face àquele que nos haja batido numa, disse, sob outra forma, que não se deve pagar o mal com o mal..." ESE Cap. XII item 8

Um comentário:

blogdovelhinho disse...

"..Não pretendeu Jesus interdizer toda defesa, mas condenar a vingança..." (ESE) Quem me defende é o 'meu' orgulho; quem te defende é o 'teu' orgulho. Não consigo ainda administrar muito bem o orgulho de certos irmãos porque... o 'meu' não permite. É assim mesmo não poderei 'culpar' sempre o meu orgulho mas me culpar por possí-lo... Ainda! Um abraço do Cláudio.