Se procurarmos a palavra tranqüilidade no dicionário, encontraremos como resultado: sossego, quietação, paz, serenidade.
Mas diante do conceito de tranqüilidade temos uma visão muito distorcida de que tranqüilidade é um estado de inércia, de ausência de lutas e conflitos, ausência de problemas.
E quem de nós não têm problemas? Todos temos. Sem eles não cresceríamos. A falta de problemas, de dificuldades geraria desestímulo às nossas vidas. È vencendo-os, solucionando-os que crescemos, ganhamos experiência e evoluímos.
Jesus nos ensinou que poderíamos escolher entre a porta larga e a porta estreita. A porta larga é a da fuga dos problemas ou a porta estreita do trabalho e do crescimento. Todos sabemos como proceder e qual porta devemos escolher. Se optarmos pela porta larga, estaremos plantando tempestades para o nosso futuro. Ao contrário, se optarmos pela porta estreita dos compromissos com a vida, com a família, com a sociedade, aí sim viveremos tranqüilos, pois a nossa consciência, apesar dos problemas do dia-a-dia, estará tranqüila.
Vivemos num planeta de provas e expiações e o simples fato de nele necessitarmos reencarnar, nos expõe à problemas, contratempos, dificuldades característicos desse planeta. Mas nos momentos de maior angústia e dificuldades precisamos nos manter serenos, tranqüilos, pois só assim visualizaremos, ouviremos aquela voz interior, o nosso guia, nosso amigo, nosso anjo, nos apontando o caminho, a solução, o conforto na dor.
Precisamos entender que a tranqüilidade independe de paisagens, de circunstâncias ou ocasiões. Ela é interior, é o resultado de uma consciência tranqüila.
O cansaço, a dor, embora nos aflijam, nunca serão capazes de romper a tranqüilidade real. Quando existe harmonia interior os ruídos de fora não nos perturbam, desde que não condicionemos nossa tranqüilidade a lugares, pessoas ou fatores externos. Ela depende exclusivamente de nós mesmos.
Mas na correria do dia-a-dia, raramente agimos impulsionados pela tranqüilidade. A alta carga de informações nos faz agir precipitadamente, sem pensar direito.
Joanna de Angelis no livro Intercâmbio Mediúnico nos aconselha: “Cuidemos, preservando a nossa vida interior, a fim de que o turbilhão, que agita por fora, não consiga perturbar a paz que cada um deve manter por dentro.”
Devemos assumir conosco mesmo o compromisso de evitar a exasperação. Qualquer ato de nervosismo, de bater a porta de casa ou sair cantando os pneus, conduz energias pesadas que nos envolvem em maior carga de problemas, pois sabemos que atraímos para nós exatamente aquelas energias que emitimos.
É muito importante mantermos a tranqüilidade dentro das nossas casas, no trato com aqueles que conosco dividem o lar, assim mantemos a convivência mais harmônica. O nosso lar deve ser o nosso refúgio, o porto seguro para onde vamos após o nosso dia de trabalho. Além disso, devemos pensar que o tempo todo somos exemplo para aqueles que estão ali conosco, principalmente os nossos filhos. Nos vendo irados, desesperados, agitados é assim que eles aprenderão a reagir aos problemas, mas se ao contrário nos virem tranqüilos, serenos, mantendo a calma e o raciocínio, mesmo nos momentos difíceis, aprenderão que está é a forma mais correta de reagir às dificuldades.
Ayrtes nos diz que: “Não podes dar sinal, na tua casa, de agitação, de desespero, para que teus filhos não façam o mesmo; se queres filhos tranqüilos, planta a mansuetude”.
Nossos gestos e nossas palavras são capazes de movimentar energias poderosas desequilibrantes ou tranqüilizadoras, de paz ou de guerras. Por isso Jesus nos recomendou tanto o orai e vigiai, por isso sempre lembramos a necessidade do Evangelho no Lar que nos sintoniza com as esferas espirituais mais elevadas e nos auxilia a vigiar nossos pensamentos, palavras e atos.
Costumamos, muitas vezes nos desculpar dizendo: “Eu bem que me esforcei, mas me roubaram a tranqüilidade!”. Que enganos o nosso, só podem nos tirar o que realmente não temos. Quando cultivamos a verdadeira tranqüilidade, aquela que vem do nosso intimo, ninguém nem nada pode nos abalar.
Emmanuel no livro Ceifa de Luz nos dá algumas dicas de como conquistar e manter a nossa tranqüilidade interior:
- Corrigir em nós as deficiências passiveis de conserto a aceitar as falhas que ainda fogem ao nosso controle.
Nos conhecermos, sabermos das nossas dificuldades, procurar melhorá-las, mas sem ficarmos nos culpando e nos cobrando o tempo todo.
- Tolerar obstáculos necessários ao nosso aperfeiçoamento e entender que os outros também carregam os deles.
Lidarmos com naturalidade com as dificuldades que nos aparecem, elas são necessárias ao nosso crescimento e procurarmos entender que o outro muitas vezes atribulados com os seus problemas, pode estar mau humorado, destemperado, angustiado e nos cabe compreender.
- Observar as ofensas como retrato dos ofensores, sem recorrer aos mesmos atos como revide.
Praticarmos o perdão, não revidar o mal com o mal, mas compreender que cada um está em seu nível de evolução e só pode dar do que possui.
- Abolir inquietações ao redor de calamidades anunciadas para o futuro, que provavelmente nunca ocorrerão.
Muitos de nós ouvindo os noticiários, previsões e o excesso de informações com que somos diariamente bombardeados, nos alardeamos, nos preocupamos com coisas desnecessárias, cabe-nos evitar esse tipo de informação e se acaso a recebermos, orar pelos envolvidos emitindo energias de paz e harmonia.
- Nada pedir sem dar de nós mesmos.
Quantas vezes exigimos do nosso próximo aquilo de que ele ainda não é capaz de nos dar e mais ainda aquilo de que ainda nós mesmos não somos capazes de doar.
- Respeitar os pontos de vista alheios, mesmo que contrários aos nossos, entendendo que pontos de vista são maneiras, crenças e opiniões peculiares a cada um.
Há pouco tempo atrás falamos sobre a importância do respeito em nossas relações, e principalmente para a harmonia do nosso lar, pois cada um de nós é diferente, estamos em estágios evolutivos diferentes, precisamos respeitar as experiências e idéias do outro.
Com essas dicas podemos perceber que a nossa tranqüilidade depende exclusivamente de nós, do nosso esforço em nos melhorarmos, da nossa reforma íntima que deve ser um trabalho diário, lento, gradual, mas constante. A paz do mundo deve começar dentro das nossas casas e antes disso, dentro de cada um de nós.
Para finalizarmos a nossa conversa de hoje trouxemos uma pequena mensagem de Joanna de Angelis do livro Otimismo, psicografia de Divaldo Franco:
“Em favor da expansão da paz, não esperes o que te possam doar os outros.
Se uma palavra pode facultar o desencadeamento dos valores que pacificam, sê tu quem a expresse;
Se o pensamento de equilíbrio faz-se elemento de sustentação da harmonia, projeta-o sem aguardar em outrem;
Se uma atitude pode influenciar o clima de tranqüilidade das pessoas, esforça-te por produzi-la.
Fala e realiza tudo quanto leva à paz, mantendo-te em serenidade;
Emite a voz com vibração de amor, opinando ou esclarecendo;
Age sem precipitação, porque a ação acelerada desarmoniza e inquieta;
Não aumentes o volume daqueles que tudo vêem mal, esmiúçam o erro e comentam a agressividade.
Tranqüilo, fomentarás o otimismo e manterás a alegria em ti mesmo em volta dos teus passos”.
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