Nova postagem no blog próximo sábado

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Pais Identificados

   Lendo o livro que traz algumas estorietas comentadas a luz da doutrina espírita intitulado 'Atravessando a Rua' de Richard Simonetti deparei-me com uma estória que vem muito ao encontro dos meus princípios, valores e entendimentos sobre o assunto e, portanto, peço a licença ao amigo leitor de compartilhá-la consigo na esperança de que lhes traga a paz que a mim  proporciona, o texto tem o nome dessa postagem: "Pais Identificados"

A indiscrição de um familiar precipitou o que Lucila e Jonas tanto temiam: Simone tomou conhecimento de que era filha adotiva.
Foi um choque terrível para a menina-moça de 16 primaveras. Quis saber se os dois irmãos mais velhos, já casados, também eram adotivos. Ante a resposta negativa, sentiu-se mais infeliz, uma estranha em seu próprio lar.
- Minha filha - dizia-lha angustiada, a mãe - alguma vez porventura, percebeu qualquer diferença de tratamento entre você e seus irmãos? Sentiu que a amamos menos? Seus irmãos sempre reclamam que você é o nossos 'dodói'!...
A jovem não se conformava:
- Você me enganou o tempo todo!
- Talvez eu e seu pai tenhamos errado, mas apenas porque tentamos preservá-la, Simone, evitando o problema que estamos vivendo...
- Bem, agora quero conhecer meus pais...
- Somos nós!
- Meus pais verdadeiros!
- Meu anjo - aduziu Lucila, tomando as mãos da jovem - pais de verdade são aqueles que cuidam e não os que colocam os filhos no mundo...
- Não importa, quero conhecê-los.
- Impossível, nunca mais tivemos contato.
- Hei de encontrá-los!...
Simone estava decidida. Amava Jona e Lucila, mas não lhes perdoava por terem escondido sua condição. Queria seus pais. O casal tentou ajudá-la. Pesquisas foram efetuadas. Tudo infrutífero.
Então ela lembrou-se de Catulo, antigo mentor espiritual muito ligado á família e que vezes inúmeras os tinha socorrido em suas atribulações. Procurou, em sua casa, Francisco Torres, o dedicado médium que servia de intermediário ao nobre espírito. Com a assistência de sua esposa, realizaram singela reunião mediúnica. O benfeitor espiritual manifestou-se, pondo-se à disposição de Simone.
A jovem contou-lhe o que ocorria e pediu-lhe o concurso na identificação dos verdadeiros pais.
- Você já os conhece - informou o amigo desencarnado...
- Como? São pessoas de nossas relações?
- Sim, chamam-se Jonas e Lucila.
- Esses são meus pais adotivos...
- São seus verdadeiros pais. Como espirita você deveria saber que os laços familiares que prevalecem na espiritualidade são os do coração. O sangue pouco significa.
- Ainda assim, gostaria de conhecer meus pais.
- Minha filha, insisto que já os conhece. Há muitos séculos todo o seu grupo familiar está ligado por laços de afinidade, ajudando-se mutuamente nos caminhos da evolução. Na presente existência você deveria nascer filha de Lucila e Jonas, como já o foi em existências anteriores. Ocorre que houve um atraso de sua parte, ao preparar-se para a reencarnação. Quando estava pronta, sua mãe já não tinha condições para conceber, em face de delicada operação. A solução foi trazê-la ao seu lar por vias indiretas, aproveitando o concurso de infeliz jovem, envolvida com as ilusões do mundo, para qual a gravidez foi o ensejo de superar perigosos desvios de comportamento.
- Então, meus pais biológicos nada tinham a ver comigo?
- Nada! Seus pais carnais funcionaram apenas como uma ponte de retorno à existência humana, com destino certo: Jona e Lucila.
Pouco depois Simone entrava em seu lar e, emocionada, abraçou com muita ternura seus surpreendidos 'pais de verdade'.
A adoção de filhos, com raras exceções, inspira-se em cuidadoso planejamento da espiritualidade, atendendo às necessidades dos espíritos em aprendizado na Terra.
Embora os fatores determinantes sejam os mais variados, representando, não raro, uma experiência necessária, tal situação não se constituiria em motivo de sentimentos de frustração ou de rejeição, se o filho adotivo compreendesse o essencial: 
O cuidado de uma criança é algo de tamanha responsabilidade, envolve tantos sacrifícios e cuidados, trabalhos e preocupações, que jamais alguém se disporia a manter, por toda uma existência, tal compromisso, se não existisse amor. E onde somos amados ali está nossa família legítima.

Um comentário:

Cláudio disse...

Sou 'doutor' nessa área... Deve ter tido nesta encarnação uns 3 ou 4 pais. Valeu, Fernanda! Obrigado pelo repasse. Claudio