Vamos iniciar a nossa exposição de hoje com um pequeno trecho do livro “A Vida Escreve” de Chico Xavier e Waldo Viera pelo espírito Hilário Silva:
Diante das águas calmas, Jesus refletia. Afastara-se da multidão, momentos antes. Ouvira remoques e sarcasmos. Vira chagas e aflições. O Mestre pensava...
Tadeu, Tiago, João e Bartolomeu aproximaram-se. Aquele era um momento raro. E ensaiaram perguntas.
- Senhor – disse João -, qual é o mais importante aviso da Lei da Vida aos homens?
E o Divino Amigo passou a responder:
- Amemos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.
- E qual a virtude mais preciosa? – Indagou Tadeu.
- A humildade.
- Qual o talento mais nobre, Senhor? – Falou Tiago.
- O trabalho.
- E a norma de triunfo mais elevada? – Interrogou Bartolomeu.
- A persistência no bem.
- Mestre, e qual é, para nós todos o mais alto dever? – Aventurou Tadeu novamente.
- Amar a todos, a todos servindo sem distinção.
- Oh, isso é quase impossível – gemeu o aprendiz.
- A maldade é atributo de todos – clamou Tiago -; faço o bem quanto posso, mas apenas recolho espinhos de ingratidão.
- Vejo homens bons sofrendo calúnias por toda parte – acentuou outro discípulo.
- Tenho encontrado mãos criminosas toda vez que estendo as mãos para auxiliar – disse outro.
E as mágoas desfilaram diante do Mestre silencioso.
João, contudo, voltou a interrogá-lo:
- Senhor, que é mais difícil? Qual a aquisição mais difícil?
Jesus sorriu e declarou:
- A resposta está aqui mesmo em vossas lamentações. O mais difícil é ajudar em silêncio, amar sem crítica, dar sem pedir, entender sem reclamar... A aquisição mais difícil para todos nós chama-se paciência.
Vivemos em um mundo de provas e expiações onde estamos todos numa mesma faixa evolutiva, mas em diferentes níveis de evolução. Cada um de nós está em seu próprio nível de evolução, ampliando lentamente seus horizontes de saber e de amor, de progresso intelectual e progresso moral.
É fundamental o contato social para a nossa evolução, para a troca de experiências. Surge-nos então um grande desafio: aprender a lidar com o diferente.
E esse aprendizado começa dentro mesmo da nossa casa, se percebermos entre nossos irmãos, nossos filhos, por mais que tenhamos tido ou dado a mesmo educação para todos, cada um assimila de uma forma, cada um aproveita as lições de uma forma diferente com base em seus conhecimentos adquiridos em vidas anteriores.
A convivência com o diferente nos leva muitas vezes ao conflito por falta de compreensão, por exigirmos do outro algo para o qual ele ainda não está preparado, cada um dá do que possui. Para lidar com isso é importante o respeito e o diálogo seja no lar, no trabalho, com os amigos...
Precisamos entender que o outro teve caminhos, experiências, reencarnações diferentes das nossas. A verdadeira paciência consiste em respeitar e valorizar o outro e não apenas suportá-lo “caridosamente” por acreditá-lo inferior, isso não é paciência é preconceito, orgulho, vaidade.
A caridade que consiste em dar esmola aos pobres é a mais fácil de todas. Outra há mais penosa e muito mais meritória: a de perdoarmos aos que Deus colocou em nosso caminho para resgatarmos débitos e que nos fazem sofrer e põe em prova a nossa paciência.
No livro Os Prazeres da Alma o espírito Hammed nos diz:
“Precisamos aprender com a natureza a habilidade de equilibrar e realizar tarefas numa silenciosa quietude, pois a impetuosidade e a afobação que muitas vezes demonstramos podem destruir em minutos o que levamos anos para construir.”
A natureza nos fornece ensinamentos de paciência a todo o instante, mostrando que o fruto não surge sem que a árvore esteja devidamente pronta e na época certa de sua estação; que o dia não chega antes que a madrugada se vá; que a noite não surge sem que o sol tenha iluminado o dia, em vão também será todo esforço mal direcionado e todo trabalho que não se apóia na disciplina necessária para sua realização.
Somos seres ainda imperfeitos e quase sempre não temos a paciência necessária para esperar o tempo adequado para a realização das coisas que almejamos e nos atiramos desesperados em busca de uma solução que demanda apenas tempo e trabalho, ficamos ansiosos.
Queremos que as situações que vivemos se modifiquem como nós achamos que elas devam acontecer e não como a Providência Divina que é infinitamente sabia mostra que é o melhor para nós.
A ansiedade é o mal do nosso século, vivemos ansiosos, desesperados, correndo o tempo todo. A ansiedade é inimiga da paciência. Pela ansiedade vivemos o passado (revendo os nossos erros) e o futuro (nossas preocupações) e esquecemos o presente. Que como o próprio nome diz é um presente divino, a nossa oportunidade de evolução é hoje é o presente.
Quando Jesus nos disse: “a cada dia o seu mal” nos recomendou que nos concentrássemos nos problemas reais de cada instante, que não ficássemos imaginando problemas futuros e vivendo ansiedade de situações que ainda não aconteceram e que podem até mesmo não acontecer. O futuro é traçado por Deus.
No livro As Dores da Alma o espírito Hammed nos diz:
“A tua ansiedade não mudará o curso da natureza. Tudo acontece naturalmente, visto que as Leis Naturais ou Divinas não promovem saltos nem extrapolam os ditames estabelecidos por Deus.”
A ansiedade encontra terreno fértil na nossa falta de fé. Quando temos fé, temos a certeza num Deus infinitamente justo e bom, passamos a ver vida como um meio de evolução e as dificuldades como provações necessárias ao nosso crescimento espiritual.
Deus não desampara nenhum de seus filhos. Neste e em outros níveis de evolução no universo, nosso Pai não abandona ninguém, tampouco aqueles mergulhados na carne que procuram colocar na prática os aprendizados e promessas feitas no mundo espiritual. Precisamos portanto confiar e ter a paciência, não a paciência que leva à estagnação mas a paciência que trabalha e serve sem queixas e lamentações, que compreende, que olha para o lado e vê que seus problemas não são os maiores do mundo, que compreende a dificuldade do próximo, mesmo aquele próximo mais próximo que conosco divide o lar e as dificuldades do dia-a-dia. Confiar que se estamos aqui nesse planeta é para o nosso bem, para a nossa evolução e que nunca estamos sós, a bondade divina permite que amigos espirituais velem por nós.
A conquista da paciência é uma conquista íntima, uma mudança íntima, em passamos a viver no mundo, sem sermos do mundo. Começamos a ver que os problemas que nos afligem são pontos bem pequeninos necessários à nossa evolução, ao nosso aprendizado e passamos a ver que existem outros que sofrem tanto ou mais que nós e como será maravilhoso quando pudermos estender nossas mãos a eles e fazer o que nos ensinou Jesus lá no início de nossa exposição explicando a paciência, quando conseguirmos finalmente: - ajudar em silêncio, amar sem crítica, dar sem pedir, entender sem reclamar....
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