Nova postagem no blog próximo sábado

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Em Termos de Eternidade


    Texto baseado no livro Técnica de Viver de Kelvin Van Dine e que foi a minha exposição de ontem no Recanto, em pleno carnaval falando de morte, o público me olhava espantado, quase que eu não saí viva de lá hehehehe....

    Mas acho que o tema até que veio a calhar como uma reflexão a todos nós sobre nossos atos nesse período conturbado do ano...

     Sabemos que antes de reencarnar fizemos inúmeras programações para a nossa evolução, porém quando encarnados de nada nos lembramos, tudo nos é incerto. A única certeza que temos na vida é que um dia, mais cedo ou mais tarde, por um motivo ou outro, de uma forma ou outra, por mais que relutemos, todos nós vamos morrer.

    O medo da morte é o medo do desconhecido, da incerteza do que ocorre pós morte. Não nos lembramos de nossas estadas no plano espiritual e tudo o que é incerto nos assusta. Quando nos mudamos de cidade, por exemplo, nos sentimos angustiados, temerosos, não sabemos ao certo o que vamos encontrar. Quando mudamos de emprego novamente os temores de como serão os colegas novos, as tarefas novas, se saberemos desempenhá-las satisfatoriamente. E quando lá chegamos, seja na nova cidade ou no emprego novo, vamos conhecendo as pessoas, o ambiente, algumas vezes até encontramos velhos conhecidos e logo nos ambientamos, o mesmo certamente ocorre no plano espiritual.

    Além disso, vivemos ainda a cultura do pecado original, onde desde sempre nos são apontadas pelas religiões predominantes duas alternativas únicas para o pós morte: o inferno, para o qual praticamente todos estamos condenados, pois não existe quem de nós não tenha seus "pecados" ou um céu contemplativo e chato, de monotonia e carolices, com anjinhos tocando harpa e todos tomados pela preguiça e pelo ócio. Nenhum dos dois locais nos parece atrativo.

    O Espiritismo foi o consolador prometido por Jesus para nos auxiliar nesse momento, seu conhecimento nos acalma e nos traz a certeza de que a vida continua e que a morte é apenas uma transformação, uma passagem de um a outro planos da vida.

    Kelvin no diz que: “O espiritismo expulsa o temos do coração. Desanuvia o futuro. Mantém a confiança na marcha da vida que escolhemos.”

    Joanna de Angelis no Livro O despertar do Espírito nos diz o seguinte: "O medo da morte pode ter origem na infância. Quando mal informada, a criança experimenta pavor ante o desaparecimento dos seres queridos e, por consequência da sua própria desintegração. Não absorvido esse temor, mais tarde se transforma em desequilíbrio que gera perturbação e transtorna o comportamento do indivíduo."

    Por instinto de proteção, para poupá-las da dor, para postergar sofrimentos que acreditamos desnecessários para nossas crianças nos acostumamos a omitir a morte através de desculpas como viagens intermináveis ou a velha estória de que os entes queridos viraram estrelinhas no céu. Não percebemos que vamos criando no interior de nossos pequenos o medo da desintegração, pois sem uma explicação descente o que fica é a impressão de que aqueles que morreram simplesmente desapareceram e que isso é ruim e pode acontecer com todos inclusive com eles.

    Precisamos, como espíritas, que já possuímos o conhecimento da vida espiritual, irmos lentamente inserindo esses conceitos na educação de nossos pequenos, com certeza nos surpreenderemos com a sua capacidade de compreensão quando percebem que não estão sendo enganados. As crianças sempre reagem melhor quando se diz a verdade.

    A evangelização infantil através do centro espírita que oferece esse trabalho é de extrema importância, pois auxiliam os pais nesses momentos tão difíceis. A literatura espirita infantil já é vasta e pode ser um bom meio de auxílio através de contos infantis mais próprios ao entendimento dos pequenos. Dessa forma nos tornamos adultos mais seguros em relação à morte.

    Outro ponto que precisamos ressaltar é quando da perda de nossos entes queridos, que na verdade nunca perdemos, eles permanecem vivos do outro lado da vida, no plano espiritual, preparando-se para novas etapas de evolução e muitas vezes nos esperando quando chegar a hora de empreendermos também nós a nossa viagem de volta à nossa verdadeira Pátria que é a Espiritual, as separações são apenas momentâneas.

    Kelvin nos convida que raciocinemos em termos de eternidade, somos espíritos eternos. E Hammed no Livro Renovando Atitudes nos diz que “Somos nômades do Universo, viajantes das vidas sucessivas na busca do aperfeiçoamento.

    No ESE Cap. XXIII item 8 nos dizem os benfeitores espirituais que: “A vida espiritual é, com efeito a verdadeira vida, é a vida normal do espírito, sendo-lhe transitória e passageira a existência terrestre, espécie de morte, se comparada ao esplendor e á atividade da outra.

    Cabe-nos aqui abrir um parênteses, a vida espiritual é nossa verdadeira vida, mas a vida na Terra nos é oportunidade impar de crescimento, de evolução que Deus em sua infinita misericórdia nos concede, portanto não nos cabe, em nenhuma hipótese, buscar a morte, ela nos chegará quando for o momento adequado. A situação espiritual dos suicidas é bastante difícil, buscando fugir dos problemas eles os encontram ainda mais agravados do outro lado, nada é como imaginavam que seria. Devemos valorizar a vida na Terra como uma benção.

    Mas voltando a nossa viagem ao mundo espiritual, quando estamos para fazer uma viagem nos preparamos, nos organizamos, arrumamos a bagagem e tomamos diversas outras providências como colher informações sobre o local, procurar conhecidos nesse local, se é fora do país procuramos a moeda local.

    E para o mundo espiritual o que levamos na bagagem?

    No livro Abaixo à Depressão, Richard Simonetti nos diz que: “Levaremos as aquisições que, segundo Jesus as traças não roem nem os ladrões roubam, caracterizadas pelos valores culturais, intelectuais, morais, espirituais...

    Portanto, em nossa bagagem não haverá espaço para os bens materiais, de nada adianta nosso apego a eles, não os levaremos conosco. Precisamos preparar nossa bagagem moral, nos despojarmos de nossos vícios, nossos defeitos e levar conosco as virtudes que pudermos desenvolver: a paciências, o perdão, a alegria, a compreensão, o amos, a caridade, o bem que fizermos em toda a parte.

    Para toda viagem fazemos um roteiro, para que tudo 'corra bem' e no Livro Abaixo à Depressão, Richard Sominnetti nos traz um pequeno roteiro para a nossa principal viagem, a de retorno ao mundo espiritual, para que tudo 'corra bem':

    “Há algumas providências que podemos tomar, evitando desagradáveis surpresas no Além:
1ª Preparar a bagagem permitida: virtudes e conhecimento;
2ª Colher informações sobre o local: estudar a doutrina espírita;
3ª Provisionar as moedas do além: praticando ainda aqui boas ações;
4ª Cuidar da saúde da alma: superar vícios e paixões;
5º Conquistar amigos do outro lado: socorrendo os seus familiares aqui deste lado.
Assim, não haverá o que temer. A partida será tranquila, sem traumas, com amparo espiritual, acolhimento festivo, sentimento de inefável felicidade, sustentado pela consciência do dever cumprido.”

    Somos espíritos imortais, é o que nós coloca Kelvin nesse texto e eternamente responsáveis por nossos atos, independente da época do ano, do momento ou do local em que foram realizados, mesmo que seja carnaval, nossos atos permanecerão conosco em nossa consciência e em nossa bagagem espiritual, pensemos bem nos nossos atos... 

Nenhum comentário: