O meu amigo Filoca tinha (e ainda tem) um coração enorme. Um coração que não mais cabia em seu peito, expandia-se em amor ao próximo.
O coração do meu amigo mesmo abatido pela dor, não buscou a revolta nem o desespero. Ao contrário, como o filho pródigo, buscou o regaço do Pai.
O coração do meu amigo encontrou o consolo, a esperança, a força e a coragem. O coração do meu amigo aprendeu a olhar o outro como irmão e, tocado pela dor, a sentir a dor do outro.
Quantas vezes, Pai, o coração do meu amigo consolou tantas dores: as dores daqueles que tinham fome e frio e que ele desdobrava-se a saciar-lhes as necessidades primeiras? Mas o coração do meu amigo não distribuia apenas o pão do corpo, mas principalmente o pão do espírito com o seu sorriso largo, com a sua mão amiga a segurar forte as nossas, com a palavra amiga e enérgica e o abraço apertado.
O coração do meu amigo, Pai, abraçou com ardor com a nossa Doutrina, a nossa causa e principalmente a nossa Casa, fez-se presente e presença irradiante no nosso Recanto.
Cuida do meu amigo Pai, que agora retorna para casa, para os teus braços. O corpo físico dele não mais estará conosco no trabalho que juntos engendramos. Mas o seu espírito, assim que restabelecido, e isso será breve, ombreará conosco em nossa Casa Espírita, incansável como sempre. Sentiremos cada um de nós a sua presença, mesmo que a maioria de nós não possa mais enxergar com os olhos do corpo o seu sorriso largo.
Aos amigos que agora lêem esta mensagem, me perdoem se o chamo meu amigo e não nosso, mas quando a dor assim nos invade, o egoísmo nos toma de assalto o coração.
Pai, me perdoa as lágrimas que rolaram, as que nesse momento não consigo controlar, e aquelas que ainda rolarão pelo meu rosto. Elas não são lágrimas de desespero, nem de revolta contra a Tua Vontade, que é sempre a mais acertada. São lágrimas de uma saudade que já dói, de tristeza pela separação momentânea, e de emoção pela certeza de que o amigo agora descansa em braços queridos e que assim que for possível, estará conosco.
Porque sabemos, Pai, que na tua infinita bondade e misericórdia, aqueles que verdadeiramente se amam permanecem unidos por laços eternos.
2 comentários:
Nós o amamos 'em vida' e 'além e aquém da vida'... Como é importante poder compreender isto hoje! Obrigado, um abraço e... deixa as lágrimas rolarem, pois se elas simplesmente não 'só' salgarem teu rosto, serão verdadeiras...
Que lindo, Fernanda!
Conseguiste dizer o que todos sentimos, mas não soubemos expressar em palavras!
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