"Estamos extremamente distantes do entendimento de Deus, estamos perdidos quando ainda julgamos que ele castiga. Atribuímos ao Pai os defeitos que ainda nos inundam a própria alma. Como somos capazes de castigar, achamos que Deus também castiga. Como somos capazes de exercitar a vingança, entendemos que Deus também se vinga. É o Deus fruto do nosso pouco entendimento. Desse deus que construímos erradamente em nosso entendimento limitado do que o Criador possa exatamente ser." Enquanto Temos Tempo - Forni
Desde que o homem deu conta de si, acredita numa força maior que a tudo criou e que a tudo rege, e o entendimento desse ser supremo que denominamos Deus, assim como nós, evoluiu ao longo do tempo.
Quando, ainda na Grécia antiga, nos povos politeístas, quando acreditávamos na existência de vários deuses, um para cada poder da natureza, tínhamos o deus do sol (Apolo), a deusa do amor (Afrodite), o deus do mar (Poseidon), o deus do vinho (Dionísio), e assim por diante. Nessa mesma época os homens passaram a atribuir aos deuses qualidades e defeitos típicos dos seres humanos, portanto, os deuses eram vingativos, cheios de paixões, sensualidade e todas as demais características humanas.
Na Roma também cultivávamos os deuses familiares, os antepassados, novamente deuses humanos, com suas virtudes e defeitos.
Mais tarde, Moisés nos apresentou o Deus único, o Criador de tudo, aquele que deveria ser adorado, mas principalmente respeitado. Novamente atribuímos a este Deus características humanas, pois tínhamos um Deus ditador, vingativo, capaz de aniquilar a humanidade com um sopro de sua ira, beirando a crueldade, própria do ser humano. Mas a sociedade da época tinha a necessidade de que este deus fosse apresentado dessa forma, precisávamos de regras para aprendermos a conviver, e estas regras deveriam ser duras e as penas por não cumprí-las ainda mais duras, proporcionais a rudeza de nossos corações. Não nos encontrávamos preparados para um Deus mais espiritual.
Certo tempo depois, veio o amantíssimo Mestre Jesus, mostrando toda sua humildade e doçura nos apresentar o Deus Pai, o deus de amor, o deus que perdoa e que proporciona novas chances, o deus que acolhe o filho pródigo, desgarrado e arrependido, o Deus que não condena, mas que proporciona o livre-arbítrio e as conseqüências, mas também o Deus que abranda essas conseqüências mediante o arrependimento e o trabalho no bem.
Quase dois mil anos depois, veio a Doutrina Espírita, reacender a chama em nossos corações desse Deus amor, reafirmar as palavras do Cristo.
Mas até hoje não conseguimos entender esse Deus amor que o Mestre nos mostrou, e nos nossos momentos de angústia e dor ainda nos julgamos vítimas da ira do Deus de Moisés, quando estamos apenas colhendo as conseqüências de nossa semeadura irresponsável. E o Deus Pai onde está nesse momento? Poderemos nos perguntar, de braços cruzados? Não, não, está de braços abertos, não apenas esperando a nossa retomada de consciência, mas agindo através de seus mensageiros, de nossos espíritos amigos, que nos intuem e nos auxiliam nos momentos difíceis a que retomemos a rédea de nossas vidas, a que retornemos ao caminho do bem e do amor, que deixemos de lado a revolta e a dúvida e que tenhamos a fé na vida e na bondade infinita de Deus, do Pai que a todos nos ama.
Quantos de nós seríamos capazes de abandonar nossos filhos, condená-los eternamente sem chance de melhorar-se. Certamente poucos, para comprovarmos isso, basta olharmos a frente de uma penitenciária no dia de visita, estará cheio, de mães de pais, que mesmo sabendo culpados aqueles filhos criminosos, lá estão de braços abertos, orando e acreditando na sua reabilitação. Como podemos, a vista desse quadro, acreditar Deus incapaz de perdoar o filho perdido, o filho desorientado e até mesmo o filho criminoso, condenado eternamente ao inferno, sem a possibilidade de uma nova chance.
Seria desacreditarmos de sua infinita bondade, e por ser infinitamente justo e bom, Deus nos proporciona novas chances através da reencarnação, mas isso já é assunto para uma nova postagem
A pergunta primeira do Livro dos Espíritos nos traz a resposta maior: "Que é Deus? Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas". E nos comentários à questão 13 do mesmo livro, Kardec faz um resumo das características divinas, ainda insipientes em nosso entendimento, "É imutável, imaterial, único, todo-poderoso, soberanamente justo e bom."
Um comentário:
Sempre imaginamos um Deus 'antropomórfico' - com barbas; 'a mão de Deus', 'a ira de Deus - ... Mas como 'desvendar' Deus?: "À medida que nos elevarmos acima da matéria" (Q. 12, LE)... É mole? Abração grandão!
Postar um comentário