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sexta-feira, 2 de julho de 2010

Convite à Sementeira


“Vivemos esperando
Dias melhores
Dias de paz, dias a mais
Dias que não deixaremos para trás
Vivemos esperando
O dia em que
Seremos melhores
Melhores no amor
Melhores na dor
Melhores em tudo
Vivemos esperando
O dia em que seremos
Para sempre
Vivemos esperando
Dias melhores pra sempre”

Estamos sempre esperando, ansiando, pedindo a Deus por dias melhores, dias em que nós seremos melhores, é a nossa sede de evolução. Evolução para a qual todos estamos destinados.
A questão é: como estamos esperando por estes dias melhores? Podemos esperar de braços cruzados, esperando que caiam do céu. E podemos esperar arregaçando as mangas e trabalhando, buscando, plantando, semeando.
Este é o convite que Joanna nos faz na noite de hoje, o convite è sementeira, à semeadura. Todos nós semeamos o nosso futuro a todo momento.
Está no evangelho “A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória”. Na existência atual estamos colhendo o que ontem semeamos e estamos semeando os frutos que colheremos amanhã.
Devemos estar, por isso, atentos em todos os setores da nossa vida.
Já paramos pra pensar o que estamos semeando no nosso lar? Amor, carinho e afeição ou estamos plantando a mágoa, o ressentimento e a indiferença no coração dos nossos afetos. Muitos de nós reclamamos da indiferença, da ingratidão dos filhos, dos cônjuges, dos amigos. Mas já paramos pra pensar o que semeamos que gerou esta colheita. Se estamos colhendo dor e sofrimento é porque um dia em algum momento de nossa trajetória foi a dor e o sofrimento o que semeamos nos corações que hoje nos chegam ao lar. Procuremos usar de paciência e amor para revertermos essa colheita, em lugar da queixa e da lamentação usemos de paciência e amor para que colhamos amor e paciência um dia.
Como nos disse Francisco de Assis: “Não adianta esbravejarmos contra as trevas, basta acender a luz!”. Nada de lamentações , mas trabalho nas dificuldades.
Com os nossos amigos e colegas, aqueles que não nos são tão chegados, mas que por algum motivo fazem parte da nossa jornada, como estamos agindo? O que estamos semeando nesses espíritos? Na maioria das vezes estamos tão atarefados que não temos tempo nem para um “Bom dia! Como vai?”. Ou dizemos isso apenas por obrigação e por hábito sem a menor vontade de ouvir uma resposta. Estas pessoas não estão em nossas vidas por obra do acaso, estamos todos ligados por laços de afeto do passado que viemos reforçar ou por laços de desafeto que viemos transformar.
E para a nossa sociedade, a humanidade, o que estamos semeando? A paz, a alegria, o bem ao próximo ou a discórdia, a indiferença, o egoísmo.
Como estamos passando por esta existência? O que estamos deixando para aqueles que virão após nós? O que estamos construindo? Estamos fazendo a nossa parte auxiliando aos mais necessitados?
Podemos fazer a nossa parte da forma mais simples possível, semeando a alegria, o amor a caridade não apenas material, mas moral. A caridade de agradecer a um atendente, ceder o lugar a um idoso, um pedido de desculpas quando apressados esbarramos em alguém, perguntar “Bom dia! Como vai?” e parar para escutar como o outro está Muitas vezes tudo o que o outro precisa é ser ouvido, é uma palavra amiga, um incentivo. Vemos tantas pessoas hoje em dia depressivas, solitárias, cada vez é maior o índice de suicídios ocasionados pela depressão, pela solidão. As pessoas estão tão voltadas para si, para o seu trabalho, e não tem tempo para pequenos gestos que podem ser praticados no nosso dia a dia e que podem auxiliar o nosso próximo. Podemos com pequenos gestos e palavras semear a esperança, a paz e o afeto no espírito do próximo. Sejamos aqueles que semeiam tranqüilidade em meio a confusão, serenidade em meio a discórdia.
Gentileza gera gentileza, paz gera paz.
Mas se pudermos e quisermos fazer um pouquinho mais, podemos procurar entidades que necessitam de mãos e braços que auxiliem, se podemos dedicar algumas horas do nosso atribulado dia arregacemos as mangas seja num hospital, num orfanato, num asilo, no centro espírita, nos ofereçamos ao trabalho. Porque trabalho a ser feito existe e muito, basta boa vontade, amor e comprometimento.
Jesus nos disse: “Meu jugo é suave e meu fardo é leve”. Aceitemos o jugo do Mestre, sigamos seus passos mesmo que de forma ainda bem limitada, com pequenos passos.
Troquemos o sofrimento pelo aprimoramento pessoal. Aproveitemos a oportunidade desta encarnação para sermos melhores a cada momento. Aproveitemos as ferramentas que Deus nos coloca nas mãos para sermos felizes e evoluir. O trabalho no bem nos liga com a espiritualidade superior que gratos pela nossa ajuda nos estenderão mãos amigas nas horas em que formos os necessitados.
Emmanuel ensinou: “O bem que fazes é teu advogado em todo lugar”.
Para encerrarmos o nosso trabalho de hoje trouxemos um historinha que diz o seguinte:
Um homem morava numa cidade grande e trabalhava numa fábrica. Todos os dias ele pegava o ônibus das 6h15 e viajava cinqüenta minutos até o trabalho... No ponto seguinte ao que o homem subia, entrava uma velhinha, que procurava sempre sentar na janela. Abria a bolsa tirava um pacotinho e passava a viagem toda jogando alguma coisa para fora do ônibus. Um dia, o homem reparou na cena. Ficou curioso.
No dia seguinte, a mesma coisa. Então o homem sentou-se ao lado da velhinha e não resistiu:
- Bom dia, desculpe a curiosidade, mas o que a senhora esta jogando pela janela?
- Bom dia - respondeu a velhinha com um sorriso - Jogo sementes...
- Sementes?... Sementes de quê?
- De flores. É que eu viajo neste ônibus todos os dias. Olho para fora e a estrada é tão vazia. E gostaria de poder viajar vendo flores coloridas por todo o caminho. Imagine como seria bom.
- Mas a senhora não vê que as sementes caem no asfalto, são esmagadas pelos pneus dos carros, devoradas pelos passarinhos. A senhora acha que essas flores vão nascer aí, na beira da estrada?
- Acho, meu filho. Mesmo que muitas sejam perdidas, algumas certamente acabam caindo na terra e com o tempo vão brotar.
- Mesmo assim, demoram para crescer, precisam de água...
- Ah, eu faço minha parte. Sempre há dias de chuva. Além disso, apesar da demora, se eu não jogar as sementes, as flores nunca vão nascer.
Dizendo isso, a velhinha virou-se para a janela aberta e recomeçou seu "trabalho". O homem desceu logo adiante, achando que a velhinha já estava meio "caduca". O tempo passou.
Um dia, no mesmo ônibus, sentado à janela, o homem levou um susto: olhou para fora e viu margaridas na beira da estrada, hortênsias azuis, rosas, cravos, dálias. A paisagem estava colorida, perfumada, linda. O homem lembrou-se da velhinha, procurou-a no ônibus e, nada! Acabou perguntando para o cobrador, que conhecia todo mundo.
- A velhinha das sementes? Pois é, ela morreu no mês passado. O homem voltou para o seu lugar e continuou olhando a paisagem florida pela janela, e sentiu uma lágrima correr pelo rosto, e um sorriso desabrochar em sua face...
"Quem diria, as flores brotaram mesmo. Mas, pensando bem, de que adiantou o trabalho da velhinha? A coitada morreu, e não pode ver esta beleza toda que ela fora responsável".
Nesse instante, o homem escutou atrás de si, uma gostosa risada de criança. Uma garotinha apontava pela janela entusiasmada.
- Olha mamãe, que lindo, quantas flores pela estrada! Como se chamam aquelas azuis? e as branquinhas?
Então, o homem entendeu o que a velhinha tinha feito. Mesmo não estando ali para contemplar as flores que tinha plantado, ela devia estar feliz. Afinal, ela tinha dado um presente maravilhoso para as pessoas. No dia seguinte, o homem entrou no ônibus, sentou-se numa janela e, com um sorriso nos lábios, tirou um pacotinho do bolso, e começou a lançar semente pela janela.

Fica para todos nós a reflexão: o que estamos semeando? Quais as sementes que estamos deixando pelo caminho: flores ou espinhos? Como estamos preparando a estrada pela qual voltaremos a viajar no futuro? Estamos semeando ou apenas esperando dias melhores?

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