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quarta-feira, 24 de março de 2010

O Amor de Plantão



Transcrevo reportagem da RIE (Revista Internacional do Espiritismo) de agosto de 2007 intitulada o Amor de plantão por Ricardo Orestes Forni:


"Oh! Espíritas, percebei o grande papel da humanidade; compreendei que, quando produzis um corpo, a alma que nele se encarna vem do espaço para progredir. Cumpri os vossos deveres e empregai o vosso amor em aproximar essa almade Deus. Essa é a missão que vos foi conferida e da qual recebereis a recompensa, se a cumprirdes fielmente. Os vossos cuidados e a educação que lhe derdes a ajudarão no seu aperfeiçoamento e bem-estar futuros. Pensai que a cada pai e a cada mãe, Deus perguntará: Que fizestes da criança que te confiei? Se permanecer atrasada por culpa vossa, ser-vos-á castigo o vê-la entre os espíritos sofredores, quando dependia de vós que fosse feliz." - Santo Agostinho, Paris, 1862 - ESE.

A Revista Veja, edição 2014, de 27 de junho de 2007, páginas 103 a 106, traz uma reportagem sobre as mães que têm seus filhos recolhidos por períodos longos em UTI dos hospitais. Vejamos uma pequena amostra: "No dia em que completou cinco meses de vida, A. foi levada às pressas para o pronto-socorro. Além de apresentar febre alta, a menina repirava com muita dificuldade. Da emergência, ela passou à unidade de terapia intensiva (UTI). No dia seguinte, estava entubada. Um mês depois, os médicos a submeteram a uma traqueostomia. No domingo retrasado, A. completou oito anos. Vítima de uma doença muscular, a garota perdeu todos os movimentos do corpo. Atualmente presa a um leito da unidade de terapiasemi-intensiva, comunica-se apenas com o olhar."

Continua ainda a mesma reportagem: "R. pertence a um universo invisível para quem está só de passagem por um hospital - o das mães de UTI. São aquelas mukheres que saem pela porta dos fundos das maternidades, sem o filho recém-nascido nos braços. Ou aquelas que, como R., se vêem obrigadas a devolver suas crianças aos cuidados da medicina. De uma hora para outra, elas são arrancadas de seu cotidiano familiar. Planos são interrompidos. A vida é suspensa pelas ameaças permanentes que pairam sobre os filhos. Não bastasse toda essa situação, ainda convivem com a culpa. Inconscientemente, responsabilizam-se pelo fato de o filho não ter nascido saudável, diz a psicóloga Daniela, da Faculdade de Saúde Pública da USP."

Ficamos a imaginar quanto sofrimento o conhecimento do espiritismo poderia evitar a esses pais que nesse momento de intensa amargura muitas vezes são levados a se perguntarem o porquê de tanto sofrimento já no início de uma existência, se pudessem ter acesso aos ensinamentos do ESE, item 6: "Que dizer enfim dessas crianças que morrem em tenra idade e que só conheceram amarguras na vida? Problamas são esses que nenhuma filosofia resolveu ainda, anomalias que religião alguma soube justificar, e que seriam a negação da bondade, da justiça e da providência de Deus, na hipótese de haver sido a alma criada simultaneamente com o corpo e de que o seu destino se extinguisse irrevogavelmente depois de uma estada de alguns intantes na Terra." Somente a anterioridade do Espírito consegue uma explicação lógica, sem dogmas e que, portanto, consola diante desses quadros. Recordemos Kardec na questão de nº 199 do LE: "Não é racional, aliás, considerar a infância como um estado normal de inocência. Não se vêem crianças dotadas dos piores instintos em idade na qual a educação não pôde , ainda, exercer a sua influência? Algumas não há que parecem trazer no berço a astúcia, a felonia, a perfídia, o instinto mesmo para o roubo e o homicídio, não obstante os bons exemplos dadospelos que com ela convivem? Mas de onde podem provir esses instintos tão diferentes em crianças da mesma idade, educadas nas mesmas condições e submetidas às mesmas influências? As que são viciadas é porque seu espírito progrediu menos e, então, sofrem as consequências, não por seus atos de crianças, mas por aqueles de suas experiências anteriores. É assim que a lei é a mesma para todos e a justiça de Deus alcança todo mundo."

Enquanto a lei de causa e efeito distribui a cada um o fruto de sua livre semeadura, a misericórdia da Providência se faz presente através do amor das mães. De plantão nas unidades de terapia intensiva, nas enfermarias dos hospitais, ao lado dos leitos pobres desprovidos de maiores recursos, nos lugares mais longínquos onde o eco responde ao gemido de tantos sofredores, entre os injustiçados, entre os jovens desorientados pelas ilusões das drogas, ao lado das mães solteiras abandonadas, ao lado de fora das penitenciárias, nas mais econdidas das lágrimas e na mais intensa das dores, o amor materno está de plantão rogando ao Amor maior que tenha compaixão do filho que não sabe o que faz. E a resposta silenciosa se faz através do renovar das oportunidades para que cada filho pródigo ao Lar retorne.

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