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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Convite ao Perdão


O perdão, segundo a doutrina espírita, impõe o esquecimento da falta. Seria assim como se olhássemos aquele que nos feriu sem nenhum pensamento oculto ou ressentimento no coração.

Muitas vezes dizemos que esquecemos e quando temos a oportunidade cutucamos a pessoa dizendo, certa vez me fizeste isso, aquilo.


Perdoar incondicionalmente é não fazer o outro passar por constrangimentos para que o perdoemos. Assim não existe perdão. È apenas o nosso orgulho, a satisfação do nosso ego com a humilhação do outro.


Quando alguém nos faz algum mal, temos duas alternativas: nutrir um sentimento que nos faz sentir mal, igualando-nos ao outro em vibração, ou compreendê-lo, do mesmo modo que temos necessidade de ser compreendidos.


Quem não perdoa o ofensor está mais vinculado a ele do que imagina. A invés de afastar-nos, o ressentimento ainda mais nos aproxima daqueles que nos ferem. E ainda nos liga aqueles nossos desafetos do passado que podem estar só esperando uma brecha nossa para se aproximar.


Quando alimentamos alguma discussão com outra pessoa, ficamos a remoer o que dissemos, o que ouvimos e o que poderíamos ter dito. Dormimos com essa pessoa, levantamos com essa pessoa, ficamos com essa pessoa no nosso pensamento como uma idéia fixa.


Negar o perdão é manter-nos preso à pessoa que nos fez mal e mantê-la presa a nós, sem receber a misericórdia da desculpa de nossa parte, tão necessitados que também somos da bondade e do perdão dos outros. Jesus nos ensinou a perdoarmos não sete, mas setenta vezes sete.
Não somente os bens materiais nos prendem à Terra quando desencarnamos. Os laços de ódio também nos arrastam para regiões de sofrimento. Por isso Jesus nos recomendou e está lá no ESE cap. X item 5 reconciliar-se com os adversários enquanto estamos a caminho com eles. Porque depois fica muito mais difícil. Teremos que voltar e certamente acertar o que ficou pra trás, quando esse desacerto que poderia ser algo muito fácil de resolver não se transforma em obsessão e aí nos traz ainda maiores transtornos e sofrimentos.


O perdão é para quem dá, não para quem recebe. Quem perdoa tira de si, de seu coração e de sua alma, qualquer sentimento negativo que envolva ódio, mágoa ou desejo de vingança. Quem perdoa, perdoa a si mesmo. A mágoa, os ressentimentos, todos os outros sentimentos negativos que acumulamos no nosso períspirito podem provocar doenças no nosso corpo físico, muitos pesquisadores revelam que esse tipo de sentimentos são os maiores desencadeadores de depressão e até de vários tipos de câncer.


É evidente que aquele que agrediu, e agora recebe o perdão, poderá sentir certo alívio diante da generosidade do outro. Mas isso não o isenta de responder pelos erros que cometeu. O perdão não elimina o gesto do agressor, ele certamente terá que passar pelo processo de reparação para sua evolução e aprendizagem.


Todos nós somos devedores da lei divina, fraudadores da lei, por isso temos a obrigação de nunca ‘atirar a primeira pedra’ e de jamais apontar o dedo acusador para o nosso próximo.


Perdoar o nosso inimigo e não apenas isso, amar o nosso inimigo não é ter por ele afeição. É não lhe desejar o mal; é, mesmo sem verbalizar, não ficar feliz se algo de ruim lhe acontece. Infelizmente, é o primeiro sentimento que nos acomete quando sabemos que o outro de alguma forma, teve prejuízo, dizemos aquela velha frase: ‘a justiça tarda, mas não falha’.


Se ainda não somos capazes desse perdão incondicional, e a grande maioria de nós, com certeza não somos, oremos a Deus pedindo forças para continuarmos tentando. Se ainda não conseguimos ter uma afeição natural de amor por algumas das almas que transitam conosco, lembremos o ensinamento que pede que ao menos não tenhamos ódio, nem rancor, nem desejo de vingança.


No livro Depressão: causas, conseqüências e tratamento Izaias Claro nos diz o seguinte: “Você poderá estar pensando que é muito difícil perdoar sempre. Eu sei que em muitas ocasiões não é nada tão simples ou tão fácil de conduzir-se, mas (...) faça empenho, esforce-se, até conseguir perdoar com naturalidade, com espontaneidade. (...) Considere que o agressor é alguém tão infeliz ou perturbado em si mesmo que não necessita de seu ódio.”


Na grande maioria das vezes nós queremos que as pessoas ajam da forma como nós desejamos que elas o façam, que elas nos amem da maneira que nós a amamos, que elas nos dêem a atenção que julgamos que merecemos, que elas sejam da forma como nós as idealizamos, e quando isso não acontece nós nos magoamos e culpamos as outras pessoas por não serem da forma como nós gostaríamos que elas fossem. O que temos que entender é que cada um tem o seu tempo de amadurecimento, temos que entender que aquele que nos agride age dessa forma porque não sabe agir de outra forma, ainda não aprendeu, ainda não está preparado. É muito mais digno da nossa piedade que do nosso ódio. Precisa da nossa compreensão.


Para finalizarmos o nosso estudo de hoje temos uma pequena historinha:
Um sábio caminhava à beira de um riacho, juntamente com seus discípulos, quando viu um escorpião que lutava desesperadamente entre as águas para fugir da morte. O sábio agachou-se e tomou o animal peçonhento em uma das mãos, salvando-o da morte certa. Assim que foi recolhido, o escorpião picou a mão que o salvara. Num ato reflexo causado pela dor, o sábio deixou que o agressor caísse denovo na água do riacho. Agachou-se outra vez e apanhou o animal que teria perecido não fosse esse gesto. Entretanto, assim que o escorpião percebeu a mão do seu salvador, desferiu-lhe outra picada.
Um dos discípulos que acompanhava a cena, perguntou espantado:
- Por que o senhor o salvou novamente se da primeira vez o escorpião já havia ferroado a sua mão?
- Porque – respondeu tranqüilo o sábio – é da natureza dele ferir e da minha índole salvar.

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