Estava lendo uma reportagem do jornal o Clarim e encontrei um trecho que se encaixa perfeitamente para essa época de carnaval. Segue o trecho na íntegra:
"O som da música estimulante, associada ao líquido que embriaga e, momentaneamente parece vivificar corpos abandonados pela alegria genuína de viver, reune nmas noites e madrugadas, jovens que buscam preencher o imenso vazio que, silenciosamente, vai-lhes consumindo esperanças e sonhos mais profundos. O engano somente é percebido quando de retorno a suas camas, ao deitar, cessa o ruído, apagam-se as luzes, desaparecem os amigos, dissolve-se o efeito do álcool, olha-se no espelho da própria consciência, na nudez do que realmente se é e não daquilo que se aparentou ser e pergunta-se qual o real sentido de sua existência. Dominados pelo pavor de um futuro que lhes acena sem grandes expectativas e segurança, fecham os olhos, entregando-se ao sono anestesiante de suas angústias, implorando que, na manhã seguinte, algum recurso mágico lhes devolva ou lhes proporcione a sensação de estar vivo e ser útil.
No fundo, ninguém ousa dizer da necessidade de amar e ser amado já que, mesmo o amor e a sensibilidade, estranhamente, e, sem que se confesse abertamente, tornaram-se sinônimo de fraqueza e perda de personalidade. A busca incessante por novas, maiores e contínuas emoções, lançou a juventude no centro de um círculo vicioso onde a impressão que set tem é a de estar-se em pavoroso labirinto, tateando na escuridão dos próprios desvios. Não conseguem refletir que o erro não está na intensidade ou dimensão de suas aventuras e sim no objetivo e retorno que se espera das mesmas. Tristemente, prefere-se ser mais um rosto maquiado de alegria, que se confunde na grande multidão que treataliza no palco das aparências, do que assegurar uma possibilidade real de realização e felicidade cijo preço é sustentar o rótulo desafiante de ser diferente e, consequentemente, fazer a diferença."
O clarim
Modernidade Líquida
Junho de 2006.
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