Exposição baseada no Livro da esperança pelo espírito Emmanuel, psicografia de Chico Xavier.
Emmanuel nos convida a refletir sobre a necessidade de convivermos e aprendermos uns com os outros dizendo que “Se o trabalho é a escola das almas, na esfera da evolução, o contato social é a pedra de toque, a definir-lhe o grau de aproveitamento.”
Todos nós estamos nesse planeta com o intuito de trabalhamos em prol do nosso aprimoramento moral, de nossa evolução, mas para que esta evolução aconteça necessitamos da convivência com o outro.
Podemos ler muito, estudar a doutrina espírita a fim de buscarmos nossa melhoria mas somente saberemos o que realmente já aprendemos na prática, na convivência com o outro, na convivência com aqueles que pensam de forma diversa da nossa e que muito tem a nos ensinar e a aprender conosco.
Todos nós trazemos vocações, inclinações, dons e devemos utilizar esses dons, esses aprendizados em prol do nosso próximo, em prol de uma convivência mais harmônica, em prol do bem do nosso semelhante.
No LE questão 768 Kardec pergunta aos espíritos: “O homem ao buscar a sociedade, obedece apenas a um sentimento pessoal ou há também nesse sentimento uma finalidade providencial, de ordem geral? O homem deve progredir, mas sozinho não o pode fazer, não possui todas as faculdades; precisa do contato dos outros homens. No isolamento ele se embrutece e se estiola.”
Precisamos do contato com o outro para evoluirmos, sem esse contato marcamos passo, não saímos do lugar, é na convivência que verificamos se já possuímos realmente as virtudes que almejamos e se já nos despojamos dos defeitos que carregamos.
Mas muitas vezes não nos parece difícil exercitar as boas virtudes no trato em sociedade com os colegas e chefes de trabalho, com os amigos, com os conhecidos, mas e no lar?
No diz Hammed no Livro Renovando Atitudes que: “É no lar que descortinamos quem somos. É no lar que escorre o verniz da bonança e da caridade que passamos sobre a face e que nos revela tal como somos aos nossos familiares. Trazemos gestos meigos e voz doce para desempenhar tarefas na vida pública, no contato com chefes de serviço e amigos, com companheiros de ideal e recém conhecidos, mas também trazemos pedras na mão ou punhos cerrados no trato com aqueles com quem desfrutamos familiaridade.”
O lar é a nossa maior escola de convivência para pormos em prática os conceitos que procuramos aprender, porque no trabalho por necessidade procuramos controlar nossos impulsos mais agressivos, nossa ira. Com os amigos, porque passamos com eles pouco tempo ou porque normalmente as relações, os assuntos são mais amenos não mostramos nosso lado mais sombrio. Mas é no lar onde nos mostramos tal qual somos, porque lá em meio a intimidade, em meio a familiaridade deixamos extravasar nossas mágoas, nossas raivas, muitas vezes carregando para dentro de nossa casa, onde deveria ser nosso local de refazimento, os problemas e os impulsos contidos durante o restante do dia.
E então acabamos por descontar naqueles com quem dividimos o lar todos os nossos rancores através da palavra rude, através do nosso eterno cansaço para o carinho e a palavra amiga. Esquecemos de dar a atenção necessária ao filho, ao cônjuge, aos problema do lar, muitas vezes levando para dentro do lar os problemas externos.
Precisamos estar atentos que não são os grandes conflitos que destroem nossas mais afetuosas relações, mas o acumulo das indelicadezas, das pequenas diferenças, do autoritarismo, da nossa impaciência, do nosso egoísmo diário. São esses fatores que vão pouco a pouco minando nossas relações. É a falta da prática daquilo que procuramos aprender.
Cada um de nós tem o seu próprio tempo, cada um de nós traz uma bagagem de vivências desta e de outras vidas que é única, logo cada um faz suas próprias escolhas. Podemos guiar, aconselhar, orientar aqueles que nos são caros, mas não podemos vivenciar por eles.
Cada um de nós é responsável por suas próprias escolhas e pelas consequências dessas escolhas, interferir nesse processo do outro de forma incisiva é uma agressão, uma falta de respeito e amor ao nosso próximo. Orientar sim, mas sem nos tornarmos invasivos.
No livro Técnica de viver nos diz Waldo Vieira que: “Cada criatura que nos observe assemelha-se a fotógrafo assestando sobre nós a objetiva do olhar para guardar-nos a imagem do momento feliz ou infeliz que escolhemos para viver junto dela.”
A melhor maneira de procurarmos bem conviver com o outro é exemplificarmos os conceitos que apregoamos. De nada adianta criticarmos no outro, apontarmos o erro que também existe em nós, e normalmente é o que fazemos.
Ao vermos o erro no outro procuremos nos analisar se essa mesma característica não existe também em nós. Veremos que agindo assim melhoraremos nossa convivência com o outro pois olharemos para ele com os olhos de quem também apresenta dificuldades e não com os olhos de um juiz implacável, ao invés de criticar, compreenderemos, ao invés de julgar, respeitaremos.
Emmanuel nos coloca ainda que: “Felicidade sozinha será, decerto, egoísmo consagrado. Toda vez que dividimos a própria felicidade com os outros, a felicidade dos outros, devidamente aumentada, retorna dos outros ao nosso coração, multiplicando a felicidade verdadeira dentro de nós.”
Nenhum de nós é capaz de ser feliz sozinho, podemos ter saúde, bens materiais, mas se não tivermos com quem repartir a nossa alegria ficará sempre um vazio. Repartir em matéria de sentimentos e de felicidade é multiplicar...
“Aceita as pessoas, conforme estas te apresentam.
Este homem prepotente que te desagrada, está enfermo, e talvez não o saiba.
Esse companheiro recalcitrante é infeliz em si mesmo.
Aquele conhecido exigente sofre dos nervos.
Uns, que parecem orgulhosos, são apenas portadores de conflitos que
procuram ocultar.
Outros, que se apresentam indiferentes, experimentam medos terríveis.
A Terra é um grande hospital de almas.
Quem te veja, apenas, superficialmente, não terá como analisar-te com acerto.
Concede a liberdade para que cada um seja conforme é
e não como pretendes que seja.” Joanna de Angelis
Um comentário:
Grande exposição Fernanda!
“Felicidade sozinha será, decerto, egoísmo consagrado. Toda vez que dividimos a própria felicidade com os outros, a felicidade dos outros, devidamente aumentada, retorna dos outros ao nosso coração, multiplicando a felicidade verdadeira dentro de nós.”
Infelizmente muitos de nós confundimos o fato de termos que evoluir individualmente, com esse monstro que nos dilacera a alma que é o egoísmo. As vezes ingressamos nos estudos da Doutrina pensando exclusivamente em nós e esquecemos que é preciso colocar em prática justamente na convivência com os outros. Mas um dia chegamos lá. O brigado por compartilhar! Bjs!
Postar um comentário