Exposição baseada no texto: "Pacificação" do Livro da Esperança de Emmanuel psicografia de Chico Xavier.
Ela estava muito cansada. Todo dia era a mesma coisa. Ela se via puxada para dez direções diferentes: filhos, roupas para lavar, compras no supermercado, prazos para cumprir, amigos pedindo conselhos, cartas necessitando respostas, o telefone que não parava de tocar.
Ela estava muito cansada. Todo dia era a mesma coisa. Ela se via puxada para dez direções diferentes: filhos, roupas para lavar, compras no supermercado, prazos para cumprir, amigos pedindo conselhos, cartas necessitando respostas, o telefone que não parava de tocar.
Ela se sentia abatida
e exausta além da conta. Ele estava irritado. O dia fora difícil, na lida com
homens e mulheres cujas vidas estavam desmoronando. Depois de uma hora preso no
trânsito, ele encontrou os filhos querendo sua atenção, uma lista de pacientes
para quem precisava telefonar e uma pilha de contas para pagar.
Nas primeiras
horas da noite, ambos se esforçaram para não gritar, tentando controlar os
nervos em frangalhos. De repente, alguma coisa insignificante acelerou o
processo de descontrole.
As vozes de
ambos se elevaram diante da intensidade da discussão. Sem querer, eles estavam
trocando palavras que não desejavam pronunciar. Assuntos que nem eram
relevantes foram trazidos à baila. Mágoas passadas foram revividas. Mágoas
guardadas e nunca perdoadas.
Uma simples
discussão se transformou num debate acalorado. Quando estavam aos gritos, a
porta do quarto foi entreaberta. Lentamente. Silenciosamente. Uma mãozinha se esgueirou
pela fresta e colocou alguma coisa na porta. Imediatamente, a mãozinha sumiu e
a porta foi fechada.
Curiosa, ela se
levantou para investigar. Preso na porta com fita adesiva havia um pequeno
coração de papel pintado de vermelho, com os seguintes dizeres: eu amo a mamãe
e o papai.
Anthony, o filho
de oito anos, estava fazendo sua parte em prol da paz na família. Lágrimas de
vergonha molharam o rosto da jovem mãe. Marido e mulher se entreolharam,
arrependidos por terem permitido que as suas emoções extrapolassem e prejudicassem
seu lar. De repente, nem lembravam mais sobre o que estavam discutindo, quando
o pequeno Anthony colocou um coração de papel na porta do quarto. Mas eles
resolveram deixá-lo colado ali como um lembrete para os dias futuros.
Uma pequena ação de paz, de conciliação,
de amor no momento da turbulência, dos ânimos exaltados, da tempestade de
sentimentos arvorados, pode restabelecer a serenidade, a harmonia, a paz e
evitar conflitos maiores.
Este o tema que hoje nos traz Emmanuel no
Livro da Esperança: Pacificação. Pacificação que significa ação de paz, ações
de paz. É um convite a nos tornarmos mais pacíficos , mais doce, mais brandos.
O ESE dedica um capítulo à paz, o
capítulo 9: Bem-aventurados aqueles que são brandos e pacíficos do qual
destacamos o item 6 – A afabilidade e a doçura, mensagem do espírito Lázaro:
6
– A benevolência para com os semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a
afabilidade e a doçura, que são a sua manifestação. Entretanto, nem sempre se
deve fiar nas aparências, pois a educação e o traquejo do mundo podem dar o
verniz dessas qualidades. Quantos há, cuja fingida bonomia é apenas uma máscara
para uso externo, uma roupagem cujo corte bem calculado disfarça as
deformidades ocultas! O mundo está cheio de pessoas que trazem o sorriso nos
lábios e o veneno no coração; que são doces, contanto que ninguém as moleste,
mas que mordem à menor contrariedade; cuja língua, doirada quando falam face a
face, se transforma em dardo venenoso, quando falam por trás.
A
essa classe pertencem ainda esses homens que são benignos fora de casa, mas
tiranos domésticos, que fazem a família e os subordinados suportarem o peso do
seu orgulho e do seu despotismo, como para compensar o constrangimento a que se
submetem lá fora. Não ousando impor sua autoridade aos estranhos, que os
colocariam no seu lugar, querem pelo menos ser temidos pelos que não podem
resistir-lhes. Sua vaidade se satisfaz com o poderem dizer: “Aqui eu mando e
sou obedecido”, sem pensar que poderiam acrescentar, com mais razão: “E sou
detestado”.
Não
basta que os lábios destilem leite e mel, pois se o coração nada tem com isso,
trata-se de hipocrisia. Aquele cuja afabilidade e doçura não são fingidas,
jamais se desmente. É o mesmo para o mundo ou na intimidade, e sabe que se
podem enganar os homens pelas aparências, não podem enganar a
Deus.
Muitas vezes em nossa vida social,
no nosso círculo de relações nos mostramos como pessoas serenas, tranquilas, de
fala doce, suave, mas entre aqueles que conosco convivem no reduto doméstico,
dentro de casa ou no ambiente de trabalho, não conseguimos disfarçar por muito
tempo nossas imperfeições e nos mostramos intolerantes, impacientes,
irritadiços, coléricos e muitas vezes verdadeiros tiranos: pais
incompreensivos, esposos indiferentes, chefes dominadores, exigentes ao
extremo.
Temos a aparência da paz mas, a
verdadeira paz não habita em nós, a perdemos por qualquer motivo banal, não
somos verdadeiramente os brandos e pacíficos bem aventurados por Jesus.
Emmanuel no Livro Ceifa de Luz nos
diz que:
“A paz verdadeira não surge,
espontânea, de vez que será fruto do esforço de cada um”
Todos almejamos, desejamos a paz
mundial, mas não conseguimos manter nossa paz doméstica. Pequenas ações podem
nos auxiliar, se cultivadas diariamente com boa vontade e perseverança, pois
muitas serão as vezes em que nos deixaremos dominar por nossas más tendências e
esqueceremos nosso propósito, mas é preciso perseverança para recomeçar sempre.
Compreender que estamos aqui para
conviver e aprendermos com o outro que com suas virtudes e dificuldades tem
muito a nos ensinar.
Adotarmos atitudes de concórdia,
termos a iniciativa do pedido de desculpas, mesmo que o outro esteja errado,
mas é preferível ficarmos com a paz do que com a razão.
Olharmos o erro alheio como forma de
aprendizagem e auxiliarmos a resolver o problema sem críticas destrutivas que
apenas prejudicam e agravam a situação e os ânimos.
Não nos aborrecermos com o nosso
trabalho que nos prove o sustento e da família e que nos é confiado pela vida
por ser necessário ao nosso aperfeiçoamento e progresso. Agradeçamos a benção
do trabalho que nos permite prover o necessário aos nossos e contribuir para o
progresso.
Outra importante ação de paz é
compreendermos que os nossos ouvidos podem ser extintores do mal. Se o mal a
eles chegar será nossa responsabilidade exterminá-lo naquele momento,
ignorando-o ou será nossa responsabilidade ter-lhe dado importância e passado a
diante.
Nesse momento em que a crítica ao outro,
a maledicência, a tragédia nos chega aos ouvidos saibamos exaltar as qualidades,
o lado bom daqueles envolvidos, pronunciar palavras de conforto, otimismo e
esperança ou simplesmente orar por eles, sem passarmos adiante o mal que nos
chega. Não divulguemos o mal.
Em todos os momentos procurarmos
compreendermo-nos uns aos outros, nenhum de nós é perfeito, caso o fossemos não
mais estaríamos encarnados em um planeta de provas e expiações. Todos temos
nossas imperfeições e estamos em diferentes graus evolutivos. Aquilo que nós já
compreendemos e que nos parece simples, o outro pode ainda não compreender, não
estar preparado. Não exijamos do outro atitudes para as quais ainda não está
pronto. Todos estamos aqui dando o melhor de nós. Tenhamos essa compreensão e
procuremos respeitar o próximo, vivendo em paz com as nossas diferenças.
É compreensível que em muitos momentos
devido às nossas imperfeições tropeçaremos nessas ações de pacificação e nos
veremos fazendo exatamente aquilo que não deveríamos. Cabe-nos identificar
quando isso acontece, aprender com o erro e recomeçar.
De Lucca no livro Cura e Libertação nos
diz que: “Sem atirá-las no próximo, o homem não sabe o que fazer com as pedras
que traz nas mãos.”
As pedras que trazemos nas mãos são
nossos problemas, nossas mágoas, nossas dores, nossas revoltas... e todos nós
as trazemos, mas temos por hábito, quando as mãos estão cheias e o fardo
pesado, de atirá-las no outro, culpando-os pelos nossos problemas, pelas nossas
dores que são decorrentes unicamente de nossas próprias escolhas...
Utilizemos as pedras em nossas mãos para
construir: construir uma escada de elevação moral para o nosso progresso,
construir pontes de afeto com o nosso próximo, construir o nosso futuro...
Atirá-las só causa mais destruição:
dores, mágoas, rancores, culpas e isso não nos ajuda a crescer, pelo contrário
nos faz retornar ao ponto inicial para resgatar aquele mal que foi causado.
A paz que desejamos ver no mundo deve
começar dentro de cada um de nós, irradiar-se dentro da nossa casa e dela para
fora. A pacificação é uma mudança interna, de dentro para fora. E é uma atitude
somente nossa, não depende de ninguém ou de circunstancia alguma para ocorrer,
somos nós e a nossa consciência que vamos nos burilando, nos aperfeiçoando a
cada dia um pouquinho mais.
Que tenhamos a humildade de encarar
nossas imperfeições e pedir ao Pai que nos auxilie assim como fez Francisco de
Assis, exemplo de pacificação, quando humildemente pediu ao Pai:
Senhor, fazei-me instrumento de vossa
Paz
onde houver ódio, que eu leve o Amor
onde houver ofensa, que eu leve o Perdão
onde houver discórdia, que eu leve a
União
onde houver dúvidas, que eu leve a Fé
onde houver erro, que eu leve a Verdade
onde houver desespero, que eu leve a
Esperança
onde houver tristeza, que eu leve a
Alegria
onde houver trevas, que eu leve a Luz.
Ó Mestre, fazei que eu procure mais
consolar que ser consolado
compreender que ser compreendido
amar, que ser amado
pois é dando que se recebe
é perdoando que se é perdoado
e é morrendo que se vive para a vida
eterna.
2 comentários:
Que bela exposição Fernanda! É a nossa luta de cada dia realmente. Precisamos de muita vontade e perseverança para pacificar a nós próprios. Obrigado por compartilhar!
Abraços!
Desejar a paz mundial, com certeza é bem mais fácil,pois passamos despercebidos em meio há milhões. Quando se trata da nossa paz interior e daqueles que nos rodeiam, aí nos tornamos céticos e omissos. Partimos do princípio que estamos sempre certos e outros sempre nos tirando a paz. Como é bom, quando por pequenos instantes percebemos que tudo começa e termina em nós. Quando damos o primeiro passo para nossa reforma íntima, o resto todo começa a se iluminar em nossa volta, somos capazes de reagir com mais serenidade diante das contrariedades e quase sem perceber o exato momento da mudança nos surpreendemos exclamando:"Nossa!!Parece que estou tão leve, tão em paz!!! bjos amiga
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