Lendo uma mensagem postado por
uma amiga blogueira, me emocionei com o texto que ela compartilhou e que dizia
assim:
"Me formei em solidão. Tive bons professores: televisão, vídeo, DVD, e-mail… Cada um na sua e ninguém na de ninguém"
Me fez lembrar minha infância,
nos dias em que faltava energia elétrica, mas precisamente nas noites em que
isso acontecia. Não havia mais a televisão, a novela e o telejornal para nos
roubar os pais.
A atenção era para nós, a mãe
contando histórias do tempo do vô e do biso, de quando se morava na chácara e
se dormia e acordava com as galinhas, porque não havia energia elétrica.
O pai aproveitava a luz da vela
e com as mãos criava bichos engraçados que se desenhavam na parede, e alguns
monstros também. Lembro as risadas, as brincadeiras e as histórias até cairmos
no sono.
Essas são umas das melhores
lembranças da minha infância. Mas até isso nos tiraram hoje. Criaram notebooks, I pads, I pods, I sei lá o que mais com bateriais intermináveis....
Você pode não ter energia
elétrica, mas continua conectado no mundo... no mundo lá fora, no mundo frio de
máquinas e sentimentos postiços...
E quem está ao seu lado? Quanto
tempo faz que não conversam? Quanto tempo faz que não riem juntos? Você se
lembra a última vez que sentou pra brincar com o seu filho? A última vez que
lhe contou uma história sentado ao seu lado na beira da cama?
Ah! Você anda sem tempo.... Seu
filho pode ouvir as histórias no computador, afinal esta é a companhia mais
presente na vida dele ultimamente...
Estamos próximos do mundo, da
notícia, da informação, do que acontece na China, mas não sabemos por que o
companheiro chora na sala ao lado... não percebemos nem que ele chora...
Não ouvimos quando muitas vezes
ele fala por horas, e para que ele não pense que não estamos nem aí, a cada 20
ou 30 minutos respondemos um sonoro “aham” como se estivéssemos a ouvi-lo atentamente.
Não estamos! Nossa atenção está no vídeo do you tube, no e-mail, no frívolo
assunto do facebook...
Não acredito que até as quedas
de energia me tiraram...
Eu ainda posso curtir em minha
memória as lembranças das noites à luz bruxuleante daquela vela... e os meus
filhos? Que lembranças eles terão?
Eu vou me esforçar para que não
seja a de pais ausentes, eternamente conectados e desconectados de seus
problemas. Eu vou sentar e brincar de bonecas com ela ou de carrinho com ele,
vamos jogar futebol e eu vou sentar na beirada da sua cama para lhe contar
histórias e vou lhe apresentar mundos encantados em livros de papel... Vou
perguntar a ele como vai à escola e sentar com ele para fazer a lição de
casa... Vou levá-lo na pracinha e ensinar a pular amarelinha... Vamos passear
lado a lado olhando o mar e eu vou perguntar a ele sobre as meninas de sua
escola e vou emprestar meu ombro a ele quando aquela menina bonita partir seu
coração... Eu vou segurar a mão dele quando ele chorar e vou colocar um
band-aid em seu machucado... mas os machucados que eu não puder curar com
band-aid tentarei fazê-lo com um abraço...
eu prometo!!
Um comentário:
Que linda mensagem Fernanda! Tenho certeza que tu vais conseguir cumprir esta promessa.
Não tive filhos, mas consegui realizar tudo isto com meus sobrinhos de sangue e os que entraram em minha vida através das amizades. É uma das coisas mais importantes da minha vida; ter essa história pra contar. Olhar as fotos antigas e ver minhas pernas atras dos primeiros passos de meus sobrinhos, outras em que esávamos no chão, rolando de rir por qualquer palhaçada que eu fizesse... Isso não tem preço! Ainda hoje com eles já crescidos, estávamos todos reunidos, amenizando o calor com um banho de mangueira, dizendo bobagens e dando muitas gargalhadas. Não troco isto por nada! Obrigado por compartilhar tão belo texto! Abraços fraternos!
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