Anjos e Demônios

   "Não há anjos nem demônios, apenas criaturas que muito se aperfeiçoaram ou muito se transviaram, mas que continuam sendo seres humanos." Hermínio Miranda - Nossos Filhos são Espíritos

   A palavras demônio vêm da raiz grega "daimónion" que, por sua vez, nos deu o latim "daemoniu", o significado original da palavra era Espírito (nem bom nem mau). No Aurélio demônio significa "gênio ou representação do mal; espírito maligno, espírito das trevas" 

   Esclarece-nos Humberto de Campos que milhões de desencarnados permanecem ligados à crosta terrestre, procurando por aqueles que lhes são afins e atrapalhando seu progresso. Incentivam a discórdia, a malícia, a maldade, como verdadeiros demônios.

   "Em todos os graus existe, portanto, ignorância e saber, bondade e maldade. Nas classes inferiores destacam-se Espíritos ainda profundamente propensos ao mal e comprazendo-se com o mal. A estes pode-se denominar demônios, pois são capazes de todos os malefícios aos ditos atribuídos. O Espiritismo não lhes dá tal nome por se prender ele à ideia de uma criação distinta do gênero humano, como seres de natureza essencialmente perversa, votados ao mal eternamente e incapazes de qualquer progresso para o bem." O Céu e o Inferno Cap. IX item 20

   Perante a Doutrina Espírita, nem anjos nem demônios são entidades distintas, criadas umas para o bem, outras para o mal. Isso seria incompatível com a justiça divina, com um Deus infinitamente justos e bom. Este Deus não poderia condenar eternamente a uns e privilegiar sem mérito algum a outros.

   Deus criou-nos a todos da mesma forma, espíritos simples e ignorantes, nem bons nem maus, apenas dotados do livre-arbítrio para que pudéssemos fazer nossas próprias escolhas e buscarmos o progresso, a evolução pelo nosso próprio esforço. Somente assim ele teria real valor.

   "As almas ou Espíritos são criados simples e ignorantes, isto é, sem conhecimentos nem consciência do bem e do mal, porém, aptos para adquirir o que lhes falta. O trabalho é o meio de aquisição, e o fim - que é a perfeição - é para todos o mesmo. Conseguem-no mais ou menos prontamente em virtude do livre-arbítrio e na razão direta dos seus esforços; todos têm os mesmos degraus a franquear, o mesmo trabalho a concluir. Deus não aquinhoa melhor a uns do que a outros, porquanto é justo, e, visto serem todos seus filhos, não tem predileções. Ele lhes diz: Eis a lei que deve constituir a vossa norma de conduta; ela só pode levar-vos ao fim; tudo que lhe for conforme é o bem; tudo que lhe for contrário é o mal. Tendes inteira liberdade de observar ou infringir esta lei, e assim sereis os árbitros da vossa própria sorte." O céu e o Inferno Cap VII item 12

   Não há anjos ou demônios, mas espíritos mais purificados que encontraram o caminho do bem e do progresso e outros que ainda tropeçam nos caminhos, nos erros e no mal que habita em si. Mas todos um dia chegaram ao mesmo ponto o da perfeição.

   "Uns Espíritos foram criados bons e outros maus?

-- Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, ou seja, sem conhecimento. Deu a cada um deles uma missão, com o fim de os esclarecer e progressivamente conduzir a perfeição, pelo conhecimento da verdade e para os aproximar Dele. A felicidade eterna e sem perturbações, eles a encontrarão nessa perfeição. Os Espíritos adquirem o conhecimento passando pelas provas que Deus lhes impõe. Uns aceitam essas provas com submissão e chegam mais prontamente ao seu destino; outros não conseguem sofrê-las sem lamentação, e assim permanecem, por sua culpa, distanciados da perfeição e da felicidade prometida." Livro dos Espíritos questão 115

   "Há Espíritos que ficarão perpetuamente nas classes inferiores?

-- Não; todos se tornarão perfeitos. Eles mudam, embora devagar, porque, como já dissemos uma vez, um pai justo e misericordioso não pode banir eternamente os seus filhos. Querias que Deus, tão grande, tão justo e tão bom, fosse pior que vós mesmos?" Livro dos Espíritos questão 116